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Economia Regional e Urbana

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  1. 1.1.Os principais autores e etapas da economia espacial 1.2.Abordagens ao Desenvolvimento económico espacial 1.3.A teoria da Localização da Actividade Económica1.4.Movimentos de localização das actividades económicas na transformação dos espaços urbanos 1.5.Centros urbanos, funções e hierarquização 1.6.A Evolução do fenómeno urbano1.7.Usos do solo em meio urbano1.8.Factores determinantes da renda urbana1.9.O mercado do solo urbano2.Desenvolvimento Económico e Urbanização3.Externalidades e Economias de Aglomeração4.A rede urbana, cidades pequenas e intermédias e áreas metropolitanas Economia Regional e Urbana

  2. 1.1.Os principais autores e etapas da economia espacial • Durante algum tempo os economistas ignoraram a variável espaço, poucos autores concederam um lugar importante ao espaço na história das ciências económicas. • A primeira verdadeira teoria económica espacial nasce no início do século XIX com Von Thünen (1826), sendo este autor considerado pela maioria dos autores como o grande iniciador da análise económica espacial, frequentemente apelidado de “pai das teorias da localização“ (Benko, 1999, p.37). • A sua investigação inovadora influenciou numerosos investigadores, tornando-se a base teórica da nova economia urbana sendo o primeiro a integrar a noção de distância na economia, a raciocinar em termos marginalistas e a utilizar cálculos econométricos (Benko, 1999, p.40). • As teorias económicas espaciais evoluíram de forma dispersa ao longo dos séculos.

  3. As grandes etapas da evolução da economia espacial 1800-1950

  4. “A investigação contemporânea baseia-se essencialmente num conjunto de teorias e modelos propostos entre 1826 e 1950, na sua maior parte provenientes de autores de língua alemã, os quais fundadores da economia espacial, foram eles que estabeleceram os seus princípios gerais”. (Benko, 1999, p.62) Os domínios cobertos pela ciência regional que se consolida logo a seguir, são muito diversos, no entanto, é possível agrupar os temas em quatro famílias (Benko, 1999, p.66): • Localização das actividades económicas • Organização e estruturação do espaço • Interacções espaciais - Desenvolvimento regional

  5. A ciência regional 1950-1975 (principais temas e autores anglo-saxónicos e francófonos)

  6. A ciência regional 1975-2000 (principais temas e autores anglo-saxónicos e francófonos)

  7. Para Lopes as teorias do desenvolvimento regional preocupam-se fundamentalmente com o crescimento regional e podem dividir-se em dois grandes grupos consoante o tomam como: -Visto de fora da região («from outside») -Visto de dentro da região («from inside») Segundo Lopes apesar de ainda estar por formular uma teoria de aceitação geral em torno do desenvolvimento regional, não se devem ignorar as características e limitações dos principais modelos teóricos que têm sido propostos.

  8. 1.2.Abordagens ao Desenvolvimento económico espacial Desde cedo houve preocupação em perceber quais os factores que determinam a organização de determinado território. As teorias do desenvolvimento espacialcentram-se na compreensão dos processos de organização espacial das actividades económicas. Uma teoria neste campo deve dar resposta a 5 questões fundamentais: 1ª-Porque crescem as regiões a ritmos diferentes? 2ª-Se o crescimento não é espacialmente uniforme quais os factores que explicam o seu surgimento em determinadas localizações e como se faz a sua difusão espacial? 3ª-Existem no sistema económico mecanismos auto-correctores que permitam inverter os desequilíbrios económicos regionais? 4ª-Quais os problemas que resultam dos desequilíbrios económicos regionais? 5ª-Quais as variáveis sobre as quais se pode actuar para corrigir o padrão regional de desenvolvimento económico?

  9. O Papel da Oferta e da Procura • A tipificação dos modelos de desenvolvimento regional pode ser feita segundo a forma como é equacionada a determinação do rendimento, o que leva a distinguir os modelos que vêem o desenvolvimento regional determinado pelo aumento da capacidade produtiva (oferta), dos que põem ênfase nos determinantes da procura. • Tipos de Desenvolvimento Regional: 1º - Inserem-se na tradição neoclássica e na impossibilidade de um excesso generalizado de produção. Tem subjacente a ideia de que “a oferta cria a sua procura”. 2º - Inseridos na lógica keynesiana, têm subjacente a ideia de que “a procura cria a necessária oferta”..

  10. 1.2.1.A Organização pela oferta Teoria Neoclássica (abordagem neoclássica do desenvolvimento regional)

  11. O modelo neoclássico tem sido a teoria dominante com ênfase no lado da oferta, tendo sido alvo de muita critica pelos estudiosos da teoria regional. • Algumas das hipóteses deste modelo ( por exemplo a concorrência perfeita) são incompatíveis com a realidade do espaço e as suas conclusões são incoerentes. • Mas a integração de um modelo de mobilidade do trabalho e do capital e a possibilidade de contemplar a flexibilização de algumas das hipóteses mais restritivas continuam a fazer do modelo neoclássico um “esquema de raciocínio” que não pode ser ignorado. • Até porque a melhoria da mobilidade dos factores favorece a redução das disparidades nacionais e isto aumenta o interesse político.

  12. 1.2.2.A organização pela procura e os modelos keynesianos • Na teoria keynesiana o elemento central reside no facto de: qualquer decisão que provoque um fluxo adicional de procura, dando origem a decisões em cadeia, leva a um acréscimo do nível de rendimento. • A propagação desses efeitos é traduzido na teoria do multiplicador. • A questão que se coloca é a de saber de onde resulta esse acréscimo exógeno da procura.

  13. A Teoria da Base Económica de Exportação Sendo uma região um sistema aberto, a resposta mais imediata é a de situar o aumento exógeno da procura a nível da procura externa. Sobretudo para as pequenas regiões de economia muito especializada, será a procura que os seus bens e serviços tenham nos mercados externos que determinará as condições de crescimento regional. Ou seja, o crescimento da região depende do que a região oferecer aos mercados extra-regionais. Na sua formulação mais simples, o modelo da base económica de exportação parte da distinção do produto das actividades regionais entre o produto das actividades básicas destinadas à exportação e o produto das actividades não-básicas destinadas a satisfazer o consumo interno.

  14. Muitas regiões tiveram o seu desenvolvimento assente na procura extra-regional dirigida aos seus recursos naturais e às “amenidades”(utilidades irreprodutíveis como o clima, a paisagem, o património cultural, etc.) ou às actividades que sobre os mesmos se apoiam. • Mas a competitividade das exportações regionais pode estar associada a outras vantagens comparativas como os recursos humanos (custo e/ou qualidade) ou a excelência do conhecimento e do saber fazer em determinados domínios .

  15. A questão da determinação das actividades que constituem a base económica regional é central para avaliar as perspectivas de crescimento da região. Podemos recorrer a dois métodos: 1-O método dos requisitos mínimos: A ideia é de considerar exportadoras todas as actividades que tenham na região uma presença superior a um determinado valor padrão. Esse padrão pode ser o correspondente ao menor valor encontrado no conjunto das regiões, o valor médio nacional ou outro. A ideia é a de que esse padrão corresponda a uma situação de auto suficiência, significando uma presença superior da actividade em causa a existência de capacidade exportadora. Este método pressupõe estrutura de consumos invariantes e equilíbrio nas trocas externas para a unidade tomada como padrão.

  16. 2- O quadro input-output regional: Teoricamente, um quadro input-output deveria permitir quantificar o valor das exportações e o valor das importações correspondentes aos diversos sectores em que fosse decomposta a economia regional. Infelizmente nem sempre esse nível de informação é atingido e, por vezes a determinação das exportações e importações regionais acaba por recorrer a qualquer variante do método anterior.

  17. Diversos autores têm vindo a argumentar, que as forças de mercado tendem a reforçar cumulativamente as vantagens ou desvantagens de algumas regiões. • Uma forma de ilustrar essa ideia é através de um modelo auto-alimentado que combina a teoria da base económica de exportação com o efeito das economias de escala e das economias de aglomeração. • Neste modelo haverá dois mecanismos centrais : • o efeito de Verdoorn que liga a produtividade ao volume do produto; • a procura para as exportações regionais; • A teoria da causalidade cumulativa

  18. Aumento da Procura Mundial Aumento das Exportações Aumento da Produção Regional Diminuição dos Preços Internos Aumento da Produtividade Causalidade cumulativa • Uma variação exógena das exportações implica, um acréscimo de produto, o qual conduz a ganhos de produtividade, os quais se repercutem favoravelmente no nível de preços internos implicando um novo acréscimo das exportações, e aqui teríamos o inicio de um novo ciclo.

  19. As limitações dos modelos anteriores: • Tratam-se de modelos “a-territoriais”, onde não estão presentes variáveis fundamentais para a compreensão do espaço (distância, economias de aglomeração, invariantes locacionais, etc.) e que pouco contribuem para compreender como se processa a organização espacial do desenvolvimento (ordenamento do território) e as consequências espaço-temporais dessa organização.

  20. 1.2.3.A organização espacial do desenvolvimento Teoria dos Polos de Crescimento A noção de polo de crescimento foi introduzida por Perroux e baseia-se na constatação de que “o crescimento não surge em toda a parte ao mesmo tempo, manifesta-se com intensidade variável em certos pontos ou polos de crescimento; propaga-se segundo vias diferentes e com efeitos variáveis no conjunto da economia”. Perroux considerava o crescimento económico como o resultado de forças centrífugas e forças centrípetas a partir de determinados clusters de firmas e indústrias: o polo.

  21. Os polos de Perroux eram em primeiro lugar polos no espaço económico abstracto e pressupõem uma empresa motriz ou indústria motriz. • Uma empresa motriz é uma empresa que “é relativamente grande , gera impulsos significativos para a sua envolvente, tem elevada capacidade para inovar, e, finalmente, pertence a um sector de rápido crescimento”. • Estas características asseguram à indústria motriz um crescimento mais rápido do que o conjunto da economia e uma elevada capacidade de reboque de outros sectores produtivos. • A produção de material de caminho de ferro, automóvel ou a informática são exemplos de actividades que, em diferentes momentos da história, se têm assumido como indústrias motrizes.

  22. Projectando um polo de crescimento do espaço sectorial para o espaço geográfico chegaremos ao polo de desenvolvimento num contexto regional, cuja popularização se deve principalmente a Boudeville. • A partir destes polos irradiam efeitos difusores ou de difusão, favoráveis ao desenvolvimento das áreas periféricas. • Ao mesmo tempo, os polos exercem sobre os espaços envolventes efeitos centrípetos, de polarização ou de sucção. • O impacte do polo no desenvolvimento regional dependerá da combinação concreta dos efeitos de difusão e dos efeitos de polarização. • Admite-se a existência de “polos naturais” constituídos por grandes cidades. • Naturalmente, uma grande cidade poderá conter diversos complexos dominados por actividades motrizes que lhe garantem um desenvolvimento auto-sustentado.

  23. Pottier é aqui uma referência. • O eixo de comunicação distingue-se então de uma simples via de comunicação e envolve três componentes: • um itinerário espaço natural onde é fácil passar, região ou conjunto de regiões que estabelecem ligações inter-regionais. Espaço de aptidão natural a concentrar movimentos, é também uma cadeia de localizações e aglomerações humanas importantes. A localização de polos na extremidade reforçam a circulação ao longo do itinerário. • Uma infra-estrutura complexa de comunicações, justapondo as diferentes técnicas de transporte ao longo da história e os diversos modos de transporte. • Uma corrente de circulação, de homens e de coisas. • A combinação destas três componentes que se reforçam mutuamente transformam um “eixo de comunicação” em “eixo de desenvolvimento”. E para isso, cada uma das componentes é essencial. Teoria dos eixos de desenvolvimento

  24. O eixo de comunicação por um lado, é um agente de impulsão e por outro, um vector de propagação. Os efeitos de impulsão surgem associados a quatro aspectos principais: 1.Impulsos resultantes da construção de uma nova infraestrutura: A construção sucessiva de diferentes e novas infra-estruturas representam uma concentração de investimentos públicos. A construção da infra-estrutura vai permitir a circulação de novos modos de transporte que vai induzir o surgimento de novas actividades de transporte e de novas actividades de suporte ou complementares. 2.Impulsos resultantes do abaixamento dos custos de transporte: em primeiro lugar, a redução dos custos de transporte alarga as áreas de mercado, o que vai permitir maiores economias de escala. O alargamento das áreas de mercado permite, também, a obtenção e limiares mínimos para outras actividades que antes não tinham condições de sobrevivência.

  25. Em segundo lugar, a redução dos custos de transporte, facilitando as interdependências, facilita as especializações regionais e possibilita vantagens competitivas das empresas através de novas estratégias de organização empresarial. Em contrapartida pode levar ao desaparecimento das empresas mais frágeis que deixaram de estar protegidas pela distância. 3.Impulsos provocados pela expansão da procura nas regiões de passagem: este impulsos resultam de necessidade de resposta à procura dos viajantes e à possibilidade que estes fluxos geram para valorizar determinados recursos locais sobretudo, na perspectiva turística. 4.Impulsos ligados à difusão da informação:os modelos de difusão de informação ao relevarem o diálogo e os contactos interpessoais, evidenciam bem a importância dos fluxos de pessoas e bens nesse processo de difusão. Os efeitos de propagação, têm a ver com o impacte do eixo na forma como distribui o território, estando ligados à teoria da localização e à teria da renda fundiária:

  26. 1.o eixo de comunicação gera ao longo dele múltiplos pontos capazes de virem a ser seleccionados como localização de novas empresas ou relocalização de empresas já existentes. 2.atrair para as suas proximidades actividades marginais de empresas que tendo acesso directo a novas vias de comunicação, podem usufruir de custos mais baixos. 3.O acréscimo de acessibilidade ao longo do eixo permite diferentes escolhas residenciais pelas famílias e modifica a distribuição espacial dos centros prestadores de serviços. Os efeitos das impulsão (criação) e de propagação (distribuição) tornam os “eixos de comunicação” em “eixos de desenvolvimento”, os quais, traduzem a “linearização do desenvolvimento económico”. Um eixo de desenvolvimento pressupõe um itinerário (cadeia de localizações e aglomerações humanas) e fluxos potenciais. É por isso que a teoria dos eixos de desenvolvimento, apesar da sua capacidade explicativa, tem pouca eficácia em termos de política, na medida em que, apenas sabemos actuar sobre uma das componentes do conceito, a infra-estrutura.

  27. Os Distritos Industriais Trata-se de uma abordagem do desenvolvimento que se insere nos quadros conceptuais do desenvolvimento regional endógeno ou do “desenvolvimento territorial”. A ideia central é que o desenvolvimento resulta da exploração dos recursos e das estruturas socioculturais e organizativas locais. No desenvolvimento são determinantes as características do meio. Os determinantes do desenvolvimento local são as relações sociais e económicas e as relações entre as empresas. O conceito de “distrito industrial” de Marshall surge hoje, muito confundido com o de “sistema produtivo local”. Segundo Marshall “os segredos da indústria estão no ar que se respira.”

  28. Características mais importantes de um “sistema produtivo local” (sistema de pequenas empresas): a) Uma forte especialização produtiva a nível local sobre diferentes segmentos e sectores à volta de um produção típica e fundamental da economia local; b) Uma produção suficientemente importante para ter significado em termos nacionais ou internacionais; c) Uma divisão avançada do trabalho entre as empresas, dado lugar a uma densa rede de interdependências produtiva; d) Uma multiplicidade de empresas, sem existência de uma empresa líder ou dominante, preservando a igualdade entre as empresas envolvidas no processo de sub-contratacção; e) Impulso a favor da especialização produtiva a nível da empresa, estimulando a acumulação de competências especificas e a introdução de novas tecnologias; f) Formação progressiva de um sistema de informação eficaz, que apoiado informalmente nas relações de interdependência das empresas mas assegurando uma ampla e rápida circulação de informação;

  29. g) Competência dos trabalhadores resultantes da sedimentação histórica de conhecimentos do produto e das técnicas; h) Difusão das relações “cara-a-cara” entre os operadores locais favorecendo as melhorias tecnológicas e organizativas e estabelecendo as relações empresariais numa base de confiança e de empenho pessoais; i) Uma forte coesão social e contínua social e contínua mobilidade social. Este conjunto de características favorece a inovação e a competitividade do sistema produtivo local e, sobretudo, estimula o surgimento de novo empresariado e a renovação das empresas. O sistema favorece o surgimento de economias externas à empresa, estimula a divisão de trabalho a inovação tecnológica e a cooperação entre as empresas, estimula a divisão e trabalho à inovação tecnológica e a cooperação entre as empresas.

  30. O sistema produtivo local reúne, assim, um conjunto de factores de sustentabilidade de desenvolvimento para o que são estratégicos a inovação tecnológico organizativa, o sistema de informação, a capacidade de controlo de mercado e os mecanismos de regulação social, combinando de forma criativa concorrência e cooperação. Para que um meio seja inovador é necessário que exista: a) Troca de informação, estrutura em redes mais ou menos formais que favorecem novas oportunidades de negócio. O “meio” permite avaliar a informação quer na base de confiança, quer pela possibilidade de “contra-verificar” essa informação. b) Uma concertação relativamente sistemática entre diferentes empresas com competências diversas. O “meio” desenvolve, assim, um espaço de transacções a baixo custo, suportado por uma identidade colectiva que garante a coerência do território e uma solidariedade territorial, dando origem a relações de cooperação-concorrência. c) O desenvolvimento de uma cultura técnica, baseada na partilha do conhecimento e do saber, criando um processo de aprendizagem e inovação colectiva.

  31. Estas abordagens enfatizam as características do meio como determinantes do desenvolvimento, pelo que estas não são facilmente reprodutíveis em que a política se orienta preferencialmente para a inovação, a formação e a promoção do espírito empresarial. Os factores imateriais de desenvolvimento ganham todo o relevo nas abordagens do desenvolvimento territorial. As abordagens territorialistas tendem a enfatizar o papel das pequenas e médias empresas independentes e as redes que elas constituem.

  32. 1.3.Teoria da Localização • As localizações não acontecem por acaso, desde uma estrada, uma fábrica ou um supermercado. • Todas as localizações são um objecto de um processo de decisão que pode pretender maximizar um rendimento ou outro valor, ou minimizar esforços, custos ou optimizar o saldo dos benefícios e dos custos seja qual for a escala ou a metodologia utilizada. • O processo de decisão seja implícito ou explícito, é complexo porque os intervenientes são variados, de diversa natureza e actuam de forma multi-variada (indivíduos, famílias, empresas, actividades, governo), as decisões são interactuantes, a interdependência das escalas de análise e porque os recursos, agentes e actividades são na sua maioria dotados de mobilidade. As actividades económicas, sejam industriais, agrícolas ou de serviços, disputam o espaço, pelo que, uma localização depende do que a actividade estará na disposição de pagar para a ter.

  33. Neste âmbito há um conjunto de questões que se colocam: -Como é que o espaço se reparte pelas várias utilizações possíveis? -Porque é que certas funções se localizam no centro da cidade e outras nos arredores? -Através de que mecanismos se decidem as várias ocupações do solo urbano? -Porque é que muitas vezes o valor dos solos é mais elevado no centro? -Quais os factores que determinam o preço do solo? -Porque é que algumas famílias optam por viver em moradias nos arredores enquanto que outras preferem os grandes prédios dos bairros centrais?

  34. Os primeiros escritos sobre este tema datam do século XIX, tendo-se desenvolvido, desde essa altura, uma abundante literatura sobre teorias da localização e modelos de localização. • Estes temas são também objecto da chamada geografia económica a qual, segundo Krugman (1999), ocupa-se de estudar onde a actividade económica ocorre e porquê, uma vez que, todos os fenómenos económicos têm lugar num espaço geográfico determinado. • Os avanços do processo de globalização e integração económica em curso na economia mundial na última década do século XX trouxeram um interesse acrescido entre a comunidade cientifica em matéria relacionadas com as questões económicas espaciais. • Trabalhos como o de Krugman (1991), Porter (1990), Fujita (1990), Isard (1998), Hewings (1999) e Nijkamp & Paellink (1998) contribuíram decisivamente para a consolidação dos fundamentos desta disciplina. • Importa referir que há uma longa tradição de investigação nesta área como os trabalhos de Von Thünen (1826); Weber (1909), Marshall (1920), Hotelling (1929), Palander (1935), Hoover (1948), Perroux (1950), Lösch (1954), Moses (1958), Chinitz (1961), Vernon (1960), Christaller (1966), entre muitos outros.

  35. Modelos de localização das actividades económicas A localização das actividades agrícolas: O modelo de Von Thünen (1783-1850) • É para muitos o fundador da análise económica espacial, autor da teoria sobre a formação e estruturação do espaço agrícola, inspiradora de inúmeros estudos sobre a localização das actividades no espaço urbano desenvolvidos a partir de 1960. • Von Thünen reflecte sobre a formação da paisagem rural na sua obra “O Estado Isolado nas suas relações com a agricultura e a economia nacional” (1826).

  36. Na sua reflexão sobre o espaço rural, começa por enunciar as hipóteses que suportam a análise desenvolvida na sua obra, considerando que: • Existe uma grande cidade isolada no meio de uma planície e um só mercado; • A planície é um espaço de produção agrícola homogéneo e igual em toda a sua extensão, possuindo exactamente a mesma fertilidade em todas as partes e facilidades de transporte; • O campo à volta da cidade fornece a esta todos os produtos alimentares recebendo desta os produtos manufacturados de que necessita; • Os custos de transporte são uniformes e proporcionais ao peso e à distância e os custos de produção não variam no espaço; • Cada produto agrícola tem um só preço de venda na cidade; • O mercado permite a livre entrada de agricultores; • Cultiva-se o produto que utilize o solo do modo mais vantajoso, isto é, aquele que proporciona a renda fundiária mais elevada; • O objectivo de quem produz é sempre a maximização do lucro; • Verifica-se informação completa sobre preços, custos de transporte e métodos de produção.

  37. A renda fundiária • O principio básico sobre o qual assenta a análise de Thünen é o conceito de renda fundiária, que no seu entender corresponde ao rendimento da exploração diminuído dos juros do valor das construções, cercas e de todos os outros objectos que podem ser separados do solo. • De entre os factores que explicam a existência da renda fundiária assim definida, o autor atribui importância especial ao factor distância. • O modelo baseia-se no principio de que os custos de transporte são a base explicativa dos diferenciais da renda no espaço. • Assim, o único factor que podia diferenciar as condições de produção de duas explorações é o custo de transporte até à cidade, que será tanto mais elevado quanto maior for a distância a que a exploração se encontrar. • O autor preocupou-se com o surgimento de diferentes rendas em resultado de diferentes localizações.

  38. Além da distância, o autor considera que a origem da renda fundiária está associada também à possibilidade de os agricultores poderem, optar por culturas mais ou menos intensivas do solo. • Para ele, as variações na renda do solo são devidas aos diferenciais de custo de transporte , em que a cultura com maior produção liquida por unidade de superfície faz um uso do solo mais intenso e localiza-se por isso mais próximo do mercado. • Thünen conclui que a origem da renda nasce não só da vantagem que uma exploração tem sobre a outra em termos de localização, mas também,em termos de produção.

  39. O modelo: O que sucede quando temos vários produtos agrícolas, exigindo processos de produção distintos e que disputam simultaneamente o mesmo espaço rural? Thünen irá concluir que o ordenamento das culturas se fará em círculos concêntricos à voltada cidade, e em função da renda fundiária associada a cada parcela de terra que é cultivada.

  40. Segundo Thünen, na zona adjacente à cidade, encontramos a produção dos produtos mais perecíveis, nomeadamente os legumes e o leite. • Nesse 1º circulo, onde as rendas são muito elevadas, pratica-se uma cultura intensiva, comprando-se na cidade a maior parte dos adubos. • O inicio da 2ª coroa corresponde aproximadamente à distância onde deixa de ser vantajoso comprar na cidade os fertilizantes para as terras, optando os agricultores por os adubar com estrume produzido no local. É nesta área que se produz a madeira que é utilizada na cidade como combustível e para a construção civil. • A razão principal é que sendo o custo de transporte da madeira oneroso mas constituindo esta um bem importante do qual a cidade não pode prescindir , o preço de mercado situar-se-á a um nível tal que permita à produção de madeira ocupar uma área não muito distante da cidade.

  41. As três zonas seguintes correspondem a áreas em que se produzem sobretudo cereais, assim, no 3º circulo não há terras em pousio alternando-se culturas como o trigo, centeio, cevada, batatas, entre outros. • No 4º circulo o centeio é cultivado com periodicidade de sete anos, alternando com a cultura de outros produtos e um ano de pousio. • No 5º circulo pratica-se o afolhamento trienal das terras, cultivando-se num ano de cereais, no ano seguinte pastagens e deixando-se a terra em pousio no 3º ano. • O 6º e último circulo, é uma área de criação de gadosendo comercializados na cidade produtos como a carne, o queijo, ou a manteiga que além doutras características, suportam viagens relativamente longas sem se deteriorarem. • Para além do 6º circulo poderá ainda encontrar-se população dispersa.

  42. O alargamento das hipóteses do modelo • Enriquecendo o modelo, Von Thünen reintroduz elementos que no inicio, tinha afastado e abre caminho a uma teorização mais complexa e mais exacta das utilizações da terra. • A presença de um curso de água navegável (um rio) , ou de uma estrada importante, prolonga as áreas concêntricas em fusos situados ao longo dessas vias. • A existência de várias cidades, as diferenças de fertilidade dos solos, a variação da fiscalidade, podem por seu turno deformar o modelo inicial. • Repare-se que em qualquer destes casos de modificação de hipóteses, o essencial mantém-se, isto é, Thünen consegue demonstrar que a estruturação do espaço rural depende do modo como ele se articula com o centro urbano que abastece.

  43. Ilustração do alargamento das hipóteses do modelo de Thünen

  44. A teoria de Thünen na actualidade • Passados quase dois séculos sobre a sua publicação, é natural que se questione a sua aplicabilidade. • Nos dias de hoje, relativamente ao passado, verifica-se uma drástica diminuição da importância relativa dos custos de transporte nos custos totais das empresas, agrícolas ou não, deixando de ser clara a importância do factor transporte na escolha das terras e dos produtos. • O desenvolvimento tecnológico veio alterar as premissas, pelo que os sistemas de conservação actuais permitem abastecer qualquer grande cidade com leite e legumes provenientes de muito longe. • O modelo de Thünen não constitui actualmente uma análise satisfatória para descrever a utilização agrícola da terra.

  45. Que resta então nos dias de hoje da obra de Thünen? A sua teoria encontrou na actualidade um segundo fôlego na área da nova economia urbana em que se faz uma analogia entre a formação da paisagem rural e a utilização do espaço intra-urbano: • oconjunto de produtores agrícolas dispersos no espaço e obrigados a vender os seus produtos num único mercado, a cidade, são substituídos pelo conjunto de trabalhadores e as suas famílias obrigados a deslocar-se diariamente para os seus empregos que se supõem estar todos concentrados no centro da cidade; • Supõe-se que a cidade é servida por um sistema de transportes radial; • O espaço é homogéneo e o solo está disponível para uso residencial; • Cada individuo tem uma função utilidade e não existem externalidades; • O modelo permite estabelecer as condições óptimas para a localização residencial de cada individuo e as condições de equilíbrio do conjunto de indivíduos; - É o modelo onde se inscreve a análise da utilização do espaço intra-urbano.

  46. Generalização do modelo a outras actividades económicas • A relação apresentada para as produções agrícolas pode generalizar-se para o conjunto de sectores da economia. • A empresa cujo rendimento por hectare for o mais elevado será a primeira a localizar-se no centro. • Quanto maior for o rendimento do solo que um utilizador obtiver e quanto mais sensível ele for aos custos de transporte mais disposto estará a pagar para aí se instalar. • A produção de consultas num escritório de consultores em gestão , não exige muito espaço. Alguns metros quadrados são suficientes para instalar os empregados, classificar os documentos e arrumar os computadores. • No outro extremo, um criador de gado, necessita de vários quilómetros quadrados para produzir rendimentos equivalentes.

  47. O espaço tende a ser utilizado mais intensivamente no centro decrescendo a intensidade de utilização em todas as direcções para a periferia. • Os sectores económicos utilizadores de menores quantidades de solo (por ex. os que possam funcionar em construções em altura) tenderão a localizar-se mais perto do centro, enquanto os utilizadores extensivos de solo tenderão a localizar-se na periferia. • É de esperar encontrar escritórios numa localização central, por exemplo a baixa, vindo as fábricas em seguida e bem mais longe as grandes explorações agrícolas.

  48. Curvas de renda e utilização do solo urbano • Generalizando os conceitos de rendimento e de custo de transporte, é possível elaborar um modelo completo de utilização do solo para um espaço urbano. • Numa cidade hipotética podemos observar que o centro está ocupado em primeiro lugar por escritórios e lojas especializadas, seguidos por actividades industriais ligeiras (confecções, artes gráficas) e por algumas funções de armazenamento e de distribuição, depois há as zonas residenciais, zonas industriais e, finalmente, terras consagradas à agricultura.

  49. A localização da indústria: O modelo de Weber • O nome de Alfred Weber (1868-1958) marca o pensamento da história económica espacial, sendo frequentemente considerado como o fundador do modelo de localização industrial. • Por definição as empresas são móveis, podem localizar-se em qualquer ponto do espaço, no entanto, do ponto de vista dos custos de produção, os locais não são equivalentes, existindo um local preciso onde a produção se realizará ao custo mínimo. • A produção precisa de inputs (entradas), como as matérias-primas, a energia e a mão-de-obra, entre outros factores, e o produto acabado ou semi-acabado (output, ou saída) deve ser vendido no mercado. • Deste modo, cada estabelecimento encontra-se no centro de uma rede de fluxos.

  50. Localizar uma produção industrial é escolher o local óptimo para maximizar o lucro, que constitui o objectivo de todos os empreendimentos económicos. • Weber estudou empiricamente a evolução da localização das industrias na Alemanha entre 1860 e 1895. • Na sua obra “Sobre a localização das industrias 1909”, dá uma resposta global a esta questão. • Este autor sugeria então que haveria três factores que determinariam a localização da empresa industrial: • O custo de transporte; • Os custos do trabalho; • As vantagens associadas à aglomeração (economias de aglomeração).

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