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POR QUE ALGUNS MUNICÍPIOS GAÚCHOS CRESCEM TANTO E OUTROS TÃO POUCO? A evolução das desigualdades territoriais no Rio Grande do Sul entre 1970 e 2000 . Carlos A. N. Paiva. carlosanpaiva@gmail.com. 1. INTRODUÇÃO.
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POR QUE ALGUNS MUNICÍPIOS GAÚCHOS CRESCEM TANTO E OUTROS TÃO POUCO? A evolução das desigualdades territoriais no Rio Grande do Sul entre 1970 e 2000 Carlos A. N. Paiva carlosanpaiva@gmail.com
1. INTRODUÇÃO PESQUISA: Investigação Acerca dos Determinantes dos Diferenciais de Desempenho Socioeconômico dos Municípios Gaúchos entre 1970 e 2000 Financiamento: CNPq e Fapergs Executores: UNISC e FEE Coordenação: Carlos Águedo Paiva Equipe: Cristiano Sehn, Cristiano Stoelben, Gisele Ferreira, Job Koehler, Josué Sperb e Paulo Machado
1. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS (1) • Os modelos teóricos de desenvolvimento regional podem e devem ser testados empiricamente; • Os testes devem ter por referência unidades geográficas: • 2.1) estáveis ao longo do tempo; • 2.2) portadoras de um grau de homogeneidade que as torne estatisticamente comparáveis; • 3. A instabilidade das malhas municipais, expressa na persistente ampliação do número de municípios, fere as duas exigências anteriores; • 4. A metodologia das “Áreas Mínimas Comparáveis” (também conhecidas como “áreas estatisticamente comparáveis”) enfrenta o problema “2.1” levando ao paroxismo o problema “2.2”, como se observa no mapa das AMCs gaúchas para 2000.
1. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS (2) • 5. A estrutura regional estatisticamente comparável: • 5.1) garante um mínimo de homogeneidade aos indivíduos da população (impedindo que a distribuição de frequência das características relevantes da população assuma perfil plurimodal), • 5.2) garante um mínimo de homogeneidade interna à unidade regional (cerceando a “falácia ecológica”, que se impõe sempre que o grau de dispersão das características da população é muito elevado); • 6. Por isto mesmo, a unidade regional estatisticamente comparável é uma “construção objetiva”: ela é uma construção do pesquisador baseada em homogeneidades estatístico-empíricas e sócio-institucionais concretas; • 7. A unidade regional “objetivamente construída” nesta pesquisa é a malha municipal do início do período de análise: os 232 municípios existentes em 1970 no RGS;
1. FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS (3) 8. Esta regionalização está longe de ser ideal, mas enfrenta com rigor o desafio 2.1 (estabilidade da base comparativa), e de forma significativamente superior às AMCs o desafio 2.2. (homogenidade mínima dos indivíduos sob análise estatística); 9. O enfrentamento de 2.2 permite que pensemos territorialmente o desenvolvimento das nossas regiões-municípios, abrindo mão de medidas “per capita” (pseudo-individuais): se a região é uma unidade real, o que importa são as medidas de desempenho global; 10. Com isto, incorporamos os movimentos migratórios à nossa medida de performance e evitamos o equívoco de tomar a emigração dos excluídos (que eleva a renda “per capita” pela depressão do “capita”) como indicador de desenvolvimento;
MEDIDA DE DESEMPENHO SOCIOECONÔMICO (4) 11. E se tomamos o desenvolvimento como processo (por oposição a “estado final”, em que se ignora a dimensão perversa da estagnação) chegamos a uma medida de desempenho: Taxa de variação da renda (censitária) apropriada pelo conjunto dos munícipes entre 1970 e 2000 Critério de Conversão: mista (urbana, pela sede; rural, pela área) sem ponderação Esta medida será a nossa variável dependente no conjunto dos exercícios de regressão desenvolvidos a seguir. O que queremos entender é: porque os municípios gaúchos apresentaram o seguinte padrão espacial de desempenho? TVYCM07
2. POR QUE NÃO USAR O PIB MUNICIPAL E SUA VARIAÇÃO? PORQUE A RELAÇÃO Y / PIB APRESENTA DISPERSÃO MUITO ELEVADA
MODELOS TESTADOS • SIMPLIFICADO DE DOUGLASS NORTH(base de exportação) • MARXO-KALECKIANO(multiplicação endógena) • RICARDO-NEOCLÁSSICO(produtivista clássico) • CEPALINO-PERROUXIANO (atração de investimentos) • MARSHALLO-SCHUMPETERIANO(empresarialista) • WEBERO-PUTNAMIANO(culturalista)
2. O MODELO DE NORTH • É um modelo complexo, pois projeta sua própria superação; • Ponto de partida: as regiões rurais (baixa densidade urbana) se inserem no processo de desenvolvimento mercantil pela especialização e exportação de produtos agropecuários; • 3. Desdobramento: aquelas regiões rurais que: • 3.1) caracterizadas por pequena concentração fundiária e da renda, • 3.2) se especializam em produtos intensivos em mão-de-obra, de elevada agregação local de valor e que solicitam beneficiamento (ou produção de insumos) no próprio território tendem a diversificar a produção e a se urbanizarem; • 4. Conclusão: se a diversificação produtiva levar à criação de novos setores básicos (exportadores) urbanos, o desenvolvimento regional se autonomiza de suas bases rurais e a pluralidade de atividades se impõe, negando a especialização agrícola inicial.
2. O MODELO DE NORTH → variáveis independentes utilizadas: → arroz70; feijao70; fumo70; mand70; milho70; soja70; trigo70; laran70; maça70; pesse70; uva70; bov70; suino70; aves70; leite70. → arroz96; feijao96; fumo96; mand96; milho96; soja96; trigo96; laran96; maça96; pesse96; uva96; bov96; suino96; aves96; leite96. → vbpamat7; vbpamat9; vbpa1570; vbpa1596.
2. O MODELO DE NORTH Exemplo:
Operando apenas com as medidas de especialização de 1970: 2. O MODELO DE NORTH
Alternativamente, se tomamos apenas a especialização em 96: 2. O MODELO DE NORTH
2. O MODELO DE NORTH (70 e 96) Tvycm07 = 0,217leite70 -0,263milho96 -0,207mand96 -0,468soja70 (0,000) (0,000) (0,000) (0,000) -0,226feijão96 -0,474bov70 -0,232arroz96 -0,122fumo96 (0,000) (0,000) (0,000) (0,015) r² = 0,559 r² = 0,543
2. O MODELO DE NORTH Operando apenas com as medidas de especialização de 1970: Tvycm07 = 0,299leite70 +0,090uva70 +0,083aves70 -0,456soja70 (0,000) (0,070) (0,109) (0,000) -0,452bov70 -0,286feijão70 -0,131suíno70 (0,000) (0,000) (0,016) r² = 0,515 r² = 0,499
2. O MODELO DE NORTH Alternativamente, se tomamos apenas a especialização em 96: Tvycm07= -0,266milho96 +0,187leite96 -0,384mand96 -0,339bov96 (0,000) (0,000) (0,000) (0,000) - 0,395 soja96 - 0,270 arroz96 - 0,217 feijão96 + 0,162 laran96 (0,000) (0,000) (0,000) (0,003) r² = 0,495 r² = 0,477
2. O MODELO DE NORTH O desempenho da variável AVES no modelo: TVYCM07 = 0,296 aves96 + 0,291 aves70 (0,000) (0,000) r² = 0,208 r² = 0,201
2. O MODELO DE NORTH Reagregando as informações sobre produção agropecuária utilizando a metodologia das AMCs: Tvycm07 = 0,163leite70 +0,297aves96 -0,142milho96 -0,458bov70 (0,025) (0,000) (0,057) (0,000) (2,263) (4,548) (-1,917) (-6,441) -0,393soja70 -0,305feijão70 +0,205leite96 -0,234suino96 +0,139laran96 (0,000) (0,000) (0,003) (0,003) (0,019) (-5,394) (-5,154) (3,022) (-3,083) (2,376) r² = 0,669 r² = 0,645
3. O MODELO DE MULTIPLICAÇÃO ENDÓGENA (MARXO-KALECKIANO) (i) Ym = Ck + Ct + I + X - M (ii) M = I + Ck + (1 - a) Ct + (1 - b) X (iii) Ym = a.Ct + b.X (iv) Ym = a.Ct + b.X = Lc + Sc + Lx + Sx (v) Ct = Sc + Sx (vi) Ct = (sc.a.Ct) + (sx.b.X) (vii) Ct - (sc.a.Ct)= Ct (1 - sc.a) = sx .b.X (viii) Ct = sx.b.X / (1 - a.sc) (ix) a.Ct = a.sx.b.X / (1 - a.sc) (x) Ym = b.X + a.sx.b.X / (1 - a.sc) = b.X [1 + (a.sx) / (1 - a.sc)]
3. O MODELO DE MULTIPLICAÇÃO ENDÓGENA (MARXO-KALECKIANO) → variáveis independentes utilizadas: → %ate10ha; %ate25ha; %ate50ha; %ate100h; %ate200h; %a50emil; %a+500ha; %a+1000h; → covaryfm; → %sinstot; → salurnay; → anmedest; → salmedic; → covarane;
3. O MODELO DE MULTIPLICAÇÃO ENDÓGENA (MARXO-KALECKIANO) Tvycm07 = 0,353salurnay -0,228covaryfm +0,228anmedest +0,159%ate10ha (0,000) (0,000) (0,000) (0,006) r² = 0,398 r² = 0,387
3. O MODELO DE MULTIPLICAÇÃO ENDÓGENA (MARXO-KALECKIANO) Excluindo a macroregião norte: Tvycm07 = 0,437%ate50ha +0,274salurnay -0,231covaryfm (0,000) (0,001) (0,005) r² = 0,569 r² = 0,555
4. O MODELO SUPPLY SIDE TRADICIONAL (RICARDO-NEOCLÁSSICO) • O desempenho regional é função positiva primária da abundância(baixo preço) e qualidade dos fatores produtivos (terra, trabalho e capital); • O desempenho é função positiva secundária da disponibilidade de infra-estrutura (mormente, meios de transporte), que deprime os custos de produção e transporte das mercadorias regionais, alavancando sua competitividade e a conquista de mercados externos.
4. O MODELO SUPPLY SIDE TRADICIONAL (RICARDO-NEOCLÁSSICO) → variáveis independentes utilizadas: →; salmedic; →; distasf; →; distafer; →; terra3o<; →; terra6o>.
4. O MODELO SUPPLY SIDE TRADICIONAL (RICARDO-NEOCLÁSSICO) Tvycm07 = 0,373salmedic – 0,195 distasf - 0,168 terra3o< (0,000) (0,003) (0,006) r² = 0,238 r² = 0,228
5. O MODELO DE PÓLOS DE CRESCIMENTO(CEPALINO-PERROUXIANO) • Tal como o Ricardo-Neoclássico, este é um Modelo supply-side: o gargalo do crescimento é de ordem técnico-produtiva (ou tecnológica); • Por oposição ao modelo anterior, contudo, pressupõe que o progresso técnico se impõe de forma desigual entre setores (e regiões) e as barreiras à sua difusão são estruturais em função do padrão competitivo propriamente capitalista (oligopólico); • Os diferenciais dinâmicos de setores e regiões passam a ser explicados, assim, pelos diferenciais de industrialização (e oligopolização) e pela maior ou menor expressão dos setores tecnologicamente “dinâmicos” da malha industrial regional; • A principal estratégia de desenvolvimento econômico regional é, pois, a atração e instalação de “indústrias de ponta”;
5. O MODELO DE PÓLOS DE CRESCIMENTO(CEPALINO-PERROUXIANO) PROBLEMAS NA TESTAGEM DO MODELO: • Não existem dados confiáveis sobre empresas atraídas e instaladas nos municípios ao longo do período, nem sobre o valor da produção, perfil tecnológico e produtividade das mesmas; • A única proxy disponível de base censitária é a evolução da produtividade industrial (valor da transformação industrial por trabalhador) entre 1970 e 1985(ano do último Censo Industrial) • O crescimento da produtividade industrial pode ser um desdobramento endógeno do processo de acumulação de capital, ou mesmo um desdobramento secundário da adoção de novas tecnologias em municípios cujo dinamismo se estrutura sobre bases distintas daquelas supostas pelo modelo.
5. O MODELO DE PÓLOS DE CRESCIMENTO(CEPALINO-PERROUXIANO) → variável independente: TVPRODI Tvycm07 = 0,130 tvprodi (0,048) r² = 0,017 r² = 0,013
5. O MODELO DE PÓLOS DE CRESCIMENTO(CEPALINO-PERROUXIANO) → variável dependente 2: Taxa de variação da renda municipal (convertida pela população) entre 1970 e 1991. TVY9170P
5. O MODELO DE PÓLOS DE CRESCIMENTO(CEPALINO-PERROUXIANO) → variável independente 3: TVPRODI TVY9170P = 0,118 tvprodi (0,075) r² = 0,014 r² = 0,010
5. O MODELO DE PÓLOS DE CRESCIMENTO(CEPALINO-PERROUXIANO) → variável dependente 3: Taxa de variação do PIB entre 1970 e 2000 TVPIB07
5. O MODELO DE PÓLOS DE CRESCIMENTO(CEPALINO-PERROUXIANO) → variável independente: TVPRODI TVPIB07 = 0,262 tvprodi (0,000) r² = 0,069 r² = 0,065
5. O MODELO DE PÓLOS DE CRESCIMENTO(CEPALINO-PERROUXIANO) → variável dependente: Taxa de variação do PIB entre 1970 e 1985 TVP8570