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Professor Edley. www.professoredley.com.br. República. República. Movimentos Sociais. Revoltas na Primeira República. Neste início do Século XXI , a sociedade brasileira enfrenta grandes desafios. Segundo dados do Relatório de Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD:
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Professor Edley www.professoredley.com.br
Revoltas na Primeira República • Neste início do Século XXI, a sociedade brasileira enfrenta grandes desafios. • Segundo dados do Relatório de Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD: • O Brasil registra uma das maiores concentrações de renda do mundo: 20% dos mais ricos – com padrão médio econômico equivalente ao da sociedade do Canadá – detém uma renda 25,5 vezes maior do que os 20% mais pobres – com padrão médio de renda equivalente ao de países africanos como o Congo. • Além disso, a concentração da propriedade da terra continua altíssima: • Aproximadamente 3% de grandes proprietários detém cerca de 43% das terras agrícolas, enquanto quase 60% da população rural dispõe, apenas, de 3% das terras. • No início do Século XX, apesar das transformações socioeconômicas porque passava o país, milhões de brasileiros permaneciam vivendo namiséria. • De que formas esses “excluídos”, nas cidades e no campo, manifestavam insatisfação e revolta por sua condição social?
Reação à Miséria • Revoltas na Primeira República • Durante a Primeira República, muitos se indignaram com a Situação de Miséria e Opressão em que eram vítimas. • Em reação a essas condições, surgiram movimentos como: • – A Revolta de Canudos; • – A Guerra do Contestado; • – A Revolta da Vacina; • – A Revolta da Chibata, entre outros.
Messianismo • Religiosidade e Revolta Sertaneja • A palavra messianismo é derivada de Messias, que significa “O Enviado de Deus”, “O Salvador”. • Na Religião Judaica, messianismo refere-se á crença na futura vinda do Messias, que libertará o Povo Judeu dos sofrimentos, conduzindo-o à Vida Eterna. • Para os Cristãos, o Messias é Jesus Cristo, que veio à terra indicar o caminho da salvação eterna e voltará no DiadoJuízo Final. • O termo messianismo também é utilizado por historiadores, sociólogos e outros estudiosos para designar a crença de um grupo em um líder político-religioso – líder messiânico – considerado capaz de conduzir determinada coletividade a uma “nova era de justiça e felicidade”. • Geralmente, a crença messiânica desenvolve-se como uma esperança de vida melhor entre pessoas castigadas pelo sofrimento cotidiano, pela miséria e pelas injustiças sociais.
Messianismo • Na História do Brasil, o termo messianismo é usado para denominar os movimentos sociais nos quais milhares de sertanejos, de áreas rurais pobres, fundaram comunidades comandadas por um líder religioso. • Atribuíam-se a esse líder dons como o de fazer milagres, realizar curas e profetizar acontecimentos. • Na Primeira República, os dois principais movimentos de caráter messiânico foram os de Canudos e do Contestado, caracterizados pela Religiosidade e pelo Sentimento de Revolta dos Sertanejos.
Messianismo • Revolta de Canudos (1893-1897) • Nas últimas décadas do Século XIX, uma série de condições contribuíram para agravar o sofrimentode milhares de sertanejos do Nordeste: • O declínio da produção açucareira, as constantes secas, a prepotência dos coronéis-fazendeiros e os NovosRumos Políticos do país, como a República. • Foi nesse contexto de opressão e desesperanças sociais, durante o mandato do Presidente Prudente de Morais, que Antônio Vicente Mendes Maciel (1828-1897), apelidado Antônio Conselheiro, encontrou ambiente propício para suas pregações político-religiosas. • Desconsiderando certas mudanças surgidas com a República, Conselheiro declarava-se, por exemplo, contra o Casamento Civil e, por isso, foi identificado por seus adversários como Fanático Religioso e Monarquista.
Messianismo • Antônio Conselheiro tinha 65 anos quando, em 1893, chegou a uma velha fazenda abandonada no sertão baiano, situada às margens do Rio Vasa-Barris, onde liderou a formação do Povoado de Canudos. • Desde 1870, fazia pregações que atraíam crescente número de pessoas do sertão nordestino. • Um de seus lemas era: • “A terra não tem dono, a terra é de todos”. • – Vida em Canudos • Milhares de pessoas mudaram-se para Canudos: • Sertanejos sem-terra, vaqueiros, ex-escravos, pequenos proprietários pobres, homens e mulheres perseguidos pelos coronéis ou pela polícia. • Buscavam Paz e Justiça em meio à fome e à seca do sertão.
Messianismo • Em pouco tempo, o povoado transformou-se numa das localidades mais populosas da Bahia, reunindo entre 20 Mil e 30 Mil Habitantes. • Comandada por Antônio Conselheiro, a população de Canudos vivia, segundo alguns pesquisadores, num sistema comunitário em que as colheitas, os rebanhos e o fruto do trabalho eram repartidos. • O que restava era vendido ou trocado com os povoados vizinhos. • Só havia propriedade privada dos bens de uso pessoal – roupas, móveis – não havia cobrança de impostos. • A Prostituição e a venda de bebidas alcoólicas eram proibidas. • O povoado tinha normas próprias, representando uma alternativa de sociedade para os sertanejos que fugiam da dominação dos grandes coronéis.
Messianismo • Reação Contra Canudos • Os fazendeiros baianos e a Elite política local temiam o crescimento de Canudos. • Para a Igreja Católica, Antônio Conselheiro e seus seguidores desviavam os fiéis; para os proprietáriosde terra e o Governo, Canudos representava uma ameaça – tanto pela ocupação das terras quanto pela recusa ao pagamento de impostos. • Para os inimigos da Comunidade de Canudos, ali viviam fanáticos, loucos e monarquistas. • Durante muito tempo, predominou a versão da história em que essas acusações fora reproduzidas como verdades absolutas. • Assim, não se considerava que um dos principais motivos de união dos sertanejos de Canudos era a necessidade de escapar da Fome e da Violência. • O messianismo foi a maneira encontrada pelos sertanejos para traduzir sua vontade de construir uma ordem social diferente.
Messianismo • A Destruição de Canudos • As tropas dos coronéis locais e do Governo Estadual Baiano não conseguiram esmagar as Forças de Canudos. • Assim, o Governo Federal entrou na luta, enviando ao povoado várias tropas militares, que também foram derrotadas. • Finalmente, um poderoso exército de cerca de 7 Mil Homens foi organizado pelo Ministro da Guerra, e Canudos foi destruído em 5 de outubro de 1897. • Mais de 5 mil casas foram incendiadas pelo exército. • A população sertaneja morreu defendendo sua comunidade, numa das mais trágicas lutas da História da República.
Resistência Sertaneja • A Guerra de Canudos foi tema do livro Os Sertões, do escritor e jornalista Euclides da Cunha. • Publicado pela primeira vez em 1902, o livro alcançou grande repercussão e logo se tornou um clássico, consagrando seu autor como um dos mais importantes ensaístas brasileiros. • Vejamos um trecho de uma das últimas páginas de Os Sertões, em que é narrada a destruição de Canudos: • Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.
A Interpretação de Euclides da Cunha • Euclides da Cunha interpretou a Guerra de Canudos a partir de fontes orais, como os poemas populares e as profecias religiosas encontrada em papéis e cadernos nas ruínas da comunidade. Baseou-se em profecias apocalípticas, que julgou serem da autoria de Antônio Conselheiro, para criar, em Os Sertões, um retrato sombrio do líder da comunidade. Esses poemas e profecias foram o ponto de partida de sua visão de Canudos como movimento sebastianista e messiânico, vincula à crença no retorno mágico do Rei Português D. Sebastião, para derrotar as forças da República e restaurar a Monarquia. Foi além da narração da guerra, ao construir uma teoria do Brasil cuja história seria movida pelo choque de etnias e culturas. O conflito entre Canudos e a República resultou, para Euclides, do choque entre dois processos de mestiçagem: litorânea e sertaneja. O mestiço do sertão apresentaria vantagem sobre o mulato do litoral, devido ao isolamento histórico e à ausência de componentes africanos, que tornaria mais estável sua evolução racial e cultural.
Guerra do Contestado • Guerra do Contestado (1912-1916) • Antes de Canudos, outro importante movimento messiânico ocorreu entre a fronteira entre o Paraná e Santa Catarina, numa região contestada – disputada – pelos dois estados. • Nessa área – que ficou conhecida como contestado – era grande o número de sertanejos sem-terra e famintos que trabalhavam sob duras condições para os fazendeiros locais e duas empresas Norte-Americanas que ali atuavam: • A Southern Brazil Lamber and Colonization, de exploração de madeira e colonização, e a Brazil Railway, ferroviária. • Os problemas sociais e a disputa pela terra agravaram-se quando a empresa Brazil Railway passou a contratar trabalhadores em outros Estados para a construção da estrada de ferro, pagando salários muito baixos.
Guerra do Contestado • Em 1910, quando a ferrovia ficou pronta, a empresa mandou embora todos os funcionários – mais ou menos 8.000 homens – sem casa, sem dinheiro e sem ter como voltar pára seus Estados. • Eles passaram a perambular pela região, saqueando, invadindo propriedades e até se oferecendo como jagunços – capanga, homem armado a serviços de um coronel – aos coronéis. • Tudo isso fez crescer muito as tensõessociais e políticas na região. • Os sertanejos do Contestado começaram a se organizar sob a liderança de um “Monge” chamado João Maria. • Após sua morte, seu lugar foi ocupado por outro “Monge”, Miguel LucenaBoaventura, conhecido como José Maria. • José Maria reuniu mais de 20 mil sertanejos e fundou com eles alguns povoados que compunham a chamada “Monarquia Celeste”.
Guerra do Contestado • Como em Canudos, a “Monarquia” do Contestado tinha um governo próprio e normas igualitárias, não obedecendo às ordens das autoridades da República. • Os sertanejos do Contestado foram violentamente perseguidos pelos coronéis-fazendeiros, além dos donos das empresas estrangeiras, com o apoio das tropas do governo. • O objetivo era destruir a organização comunitária e expulsar os sertanejos das terras que ocupavam. • Em novembro de 1912, José Maria foi morto em combate e “Santificado” pelos moradores da região. • Seus seguidores, no entanto, criaram novos núcleos da Monarquia Celeste, depois combatidos e destruídos pelas tropas doexército brasileiro. • Em 1916, os últimos núcleos foram arrasados por tropas de 7 mil homens armados de canhões, metralhadoras e até alguns aviões de bombardeio, pela primeira vez usados como arma de combate no Brasil.
Cangaço • Revolta e violência no Nordeste • A miséria, as injustiças dos coronéis-fazendeiros, a fome e as secas produziram no Nordeste um ambiente favorável à formação de grupos armados conhecidos como cangaceiros, que praticavam assaltos a fazendas e, muitas vezes matavam pessoas. • O tipo de vida dos cangaceiros recebeu o nome de Cangaço e é o objetivo de discussões entre pesquisadores. • Para alguns, foi uma forma pura e simples de banditismo e criminalidade; para outros, uma forma de contestação social, isto é, de revolta reconhecida como legítima pelas pessoas que viviam reprimidas. • Entre os mais importantes grupos de cangaceiros destacaram-se o de Antônio Silvino (1875-1944) e o de Virgulino Ferreira, mais conhecido como Lampião (c.1900-1938). • Depois que a polícia massacrou o “bando” de Lampião, em 1938, o cangaço praticamente desapareceu do Nordeste.
Revoltas no Rio de Janeiro • Diferentes mobilizações na Capital da República. • Na primeira metade do Século XX, diferentes movimentos agitaram a cidade do Rio de Janeiro, então Capital da República: • – Revolta da Vacina; • – Revolta da Chibata e; • – Tenentismo.
Revolta da Vacina • Revolta da Vacina • No governo do Presidente Rodrigues Alves (1902-1906), a população do Rio de Janeiro enfrentava graves problemas sociais – muita pobreza e alto índice de desemprego – e de saneamento – lixo amontoado nas ruas, ratos e mosquitos transmissores de doenças – milhares de pessoas morriam em conseqüência de epidemias como febre amarela, peste bubônica e varíola. • Era desejo dos Primeiros Governos Republicanos transformar o Rio de Janeiro na “Capital do Progresso”, uma espécie de cartão-postal que mostrasse ao país e ao mundo “o novo tempo” da República. • Coube ao Presidente Rodrigues Alves a decisão de Reformar e Modernizar o Rio de Janeiro. • As obras foram comandadas pelo Prefeito Pereira Passos, e incluía o alargamento das principais ruas do centro, a construção da avenida central – atual Avenida Rio Branco – a ampliação da rede de água e esgotos e a remodelação do porto.
Revolta da Vacina • Cortiços e casebres dos bairros centrais foram demolidos, e as pessoas que moravam nestes locais foram desalojadas, passando a viver em barracos nos morrosdo centro ou no subúrbio. • O Governo Federal concentrava quase todas as suas atenções e recursos na Reforma da Capital. • Combater as epidemias locais era um dos principais objetivos, e o médico sanitarista Oswaldo Cruz, diretor da Saúde Pública, convenceu o presidente a decretar a Lei da Vacinação Obrigatória contra a Varíola. • A população, entretanto, não foi esclarecida sobre a necessidade da vacina. • Diversos setores reagiram à medida: • Para alguns, a aplicação da vacina em mulheres era imoral; para outros, a obrigatoriedade ia contra a Liberdade Individual. • Outros, ainda, não compreendiam como uma doença poderia ser evitada com a introdução de seu próprio vírus no corpo.
Revolta da Vacina • O descontentamento das pessoas afetadas pela demolição dos cortiços, a impopularidade do governo e a obrigatoriedade da vacinação provocaram uma grande Revolta Popular nas ruas do Rio de Janeiro no período de 12 a 15 de novembro de 1904. • Políticos e militares de oposição quiseram aproveitar a revolta popular para derrubar Rodrigues Alves da Presidência da República, mas não conseguiram. • O Governo dominou os Revoltosos usando tropas do Corpo de Bombeiros e da Cavalaria. • Cerca de 30 pessoas morreram e mais de 100 foram feridas. • Centenas de participantes dos conflitos foram presos e deportados para o Acre.
Ordem Pública • Descontentamento e Revolta dos Excluídos • A Avenida Central foi aberta em 1905. A Varíola desapareceu da cidade com a vacinação em massa obrigatória. • O Cais do porto foi remodelado e reequipado. • “O Rio Civiliza-se”, diziam então muitos, encantados com o cenário parisiense montado no centro da cidade. • Estava feita a reforma que transformara o Rio de Janeiro na capital do progresso. Por trás do cenário francês da Avenida Central, estava o Brasil de verdade, onde pouca coisa mudara com a proclamação da República. • Por trás da barulheira e da agitação com as obras de reformulação da capital estava a rotina de um país que substituíra o açúcar pelo café na pauta de exportação, que deixara de ter escravos para ter ex-escravos, imigrantes e trabalhadores nacionais trabalhando no pesado e onde os Barõesdo Império viraram Ministros da República.
Ordem Pública • Por trás do discurso do progresso estava a preocupação com a ordem, uma ordem que excluía muitos da cidadania plena e que hierarquizava a sociedade como um todo. • Nos sertões, outra forma de sonho de uma ordem diferente se esboçava: • Alguns, cansados da vida dura que levavam no campo, tentaram construir um mundo à parte, fora da ordem que os excluía, um espaço onde as normas e a disciplina fossem de outra natureza. • Para construir essa outra sociedade, levavam o que possuíam: • A sua gente, sua religiosidade, certamente diversa da doutrinaoficial da Igreja Católica, e sua fé na promessa de que a terra – ao menos aquela terra em que pisavam – seria, enfim, uma terra deles.
Revolta da Chibata • Revolta da Chibata – 1910 • Em 22 de novembro de 1910, teve início uma Revolta de aproximadamente 2 mil membros da Marinha Brasileira, liderada pelo marinheiro João Cândido. • Primeiro, os revoltosos tomaram o comando do encouraçado Minas Gerais e, em seguida, outros marujos assumiram o controle dos navios São Paulo, Bahia e Deodoro. • Em seguida, apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro e enviaram um comunicado ao Presidente da República, explicando as razões da Revolta e fazendo exigências. • Queriam mudanças nos códigos de disciplina da Marinha, que punia as faltas graves dos marinheiros com 25 chibatadas. • Além dos castigos físicos, os marinheiros reclamavam da má alimentação • e dos miseráveis soldos – salários – que recebiam.
Marinheiros em Revolta • Documento com a mensagem dos marinheiros rebelados ao Presidente da República. • Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1910 • Ilmo. E Exmo. Sr. Presidente da República Brasileira. • Cumpre-nos comunicar a V. Excia. Como Chefe da Nação brasileira: • Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira, a falta de proteção que a Pátria nos dá, rompemos o negro véu, que nos cobria aos olhos do patriótico e enganado pelo povo. • Achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a seu bordo prisioneiros todos os oficiais, os quais tem sidos os causadores da Marinha Brasileira não ser graciosa, porque durante 20 anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos fardados em defesa da Pátria. • Mandamos essa honrada mensagem para que V. Excia. Faça aos Marinheiros Brasileiros possuirmos os direitos sagrados que as leis da República nos facilita, acabando com a desordem e nos dando outros gozos que venham engrandecer a Marinha Brasileira;
Marinheiros em Revolta • Bem assim como: • Retirar os oficiais incompetentes e indignos de servir à Nação Brasileira; reformar o código imorale vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo, e outros castigos semelhantes; aumentar o nosso soldo pelos últimos planos do ilustre Senador José Carlos de Carvalho; educar os marinheiros que não têm competência para vestir a orgulhosa farda; mandar pôr em vigor a tabela de serviço diário, que a acompanha. • Tendo V. Excia. o prazo de 12 horas para mandar-nos a resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria aniquilada. • – Bordo do Encouraçado “São Paulo”, em 22 de novembro de 1910. • Nota: Não poderá ser interrompida a ida e volta do mensageiro. • Marinheiros.
Revolta da Chibata • Sob a mira dos canhões, o Governo respondeu que atenderia todas as exigências dos marujos. • Rapidamente, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto que acabava com as chibatadas e anistiava – perdoava – os revoltosos. • Os marinheiros acreditaram nisso e entregaram os navios aos comandantes. • O Governo, entretanto, não cumpriu suas promessas: • Decretou a expulsão de vários marinheiros e a prisão de alguns líderes. • No dia 9 de dezembro, os marujos organizaram outra Rebelião, mas desta vez o Governo estava preparado para reagir violentamente. • Dezenas de revoltosos foram mortos, centenas foram presos e mandados para a Amazônia. • Mais de 1.000 foram expulsos da Marinha.
Revolta da Chibata • João Cândido foi preso numa masmorra da ilha dasCobras, no Rio de Janeiro, sendo julgado e absolvido em 1912. • Passou para a história como o Almirante Negro, que acabou com o castigo dachibatada na Marinha do Brasil.
Homenagem Póstuma • A música O mestre-sala dos Mares, de Aldir Blanc e João Bosco, tem como tema a Revolta da Chibata. • A seguir, trechos dessa letra musical: Há muito tempo Nas águas da Guanabara O dragão do mar reapareceu Na figura de um bravo feiticeiro A quem a História não esqueceu Conhecido como o navegante negro, Tinha a dignidade de um mestre-sala (...) Rubras cascatas, Jorravam das costas dos santos Entre cantos e chibatas Inundando o coração Do pessoal do porão Que a exemplo do feiticeiro Gritava então: (...) Glória a todas as lutas inglórias Que através da nossa História Não esquecemos jamais Salve o navegante negro Que tem por monumento As pedras pisadas do cais.
Movimento Tenentista • Movimento • Tenentista
Movimento Tenentista • Tenentismo • No início da Década de 1920, como vimos, crescia o descontentamento social contra o tradicional Sistema Oligárquico que dominava a política brasileira. • Esse descontentamento era particularmente notado entre as populações dos grandes centros urbanos, que não estavam diretamente sujeitas às pressões dos “coronéis”. • O clima de revolta atingiu as Forças Armadas, difundindo-se, sobretudo, entre os Tenentes. • Tenentismo é o termo como ficou conhecido o movimento político-militar que, sob a liderança de jovens oficiais das forças armadas, principalmente Tenentes, pretendia conquistar o poder pela luta armada e promover reformas na Primeira República. • As reivindicações dos Tenentes incluíam: • A moralização da administração pública e o fim da corrupção eleitoral;
Movimento Tenentista • A defesa da economia nacional contra a exploração das empresas e do capital estrangeiro; • A reforma da educação pública para que o ensino fosse gratuito e obrigatório para todos os brasileiros. • A maioria das propostas do Tenentismo contava com a simpatia de grande parte das classes médias urbanas, dos produtores rurais que não pertenciam ao grupo que estava no poder e de alguns empresários da indústria. • Nas palavras do historiador Boris Fausto, os Tenentes pretendiam dotar o país de um poder centralizado, com o objetivo de educar o povo e seguir uma política vagamente nacionalista. • Tratava-se de reconstruir o Estado para construir a Nação. • Embora não chegasse nesta época a formular um programa antiliberal, os “Tenentes” não acreditavam que o “liberalismo autêntico” fosse o caminho para a recuperação do país. • Fazia restrições às eleições diretas, ao sufrágio universal, insinuando a crença em uma via autoritária para a reforma do Estado e da Sociedade.
Movimento Tenentista • – Revolta do Forte de Copacabana (1922) • A Primeira Revolta Tenentista teve início em 5 de julho de 1922, no Forte de Copacabana, contando com uma tropa de aproximadamente 300 Homens. • Liderados por 18 Tenentes, os revoltosos do forte decidiram impedir a posse do Presidente Artur Bernardes. • Tropas fiéis ao Governo imediatamente cercaram o Forte e isolaram os rebeldes, que não tiveram condições para resistir. • Mesmo diante da superioridade das forças governamentais, 17 Tenentes e 1 civil saíram às ruas num combate corpo-a-corpo com as tropas opositoras. • Dessa luta suicida, apenas dois revoltosos escaparam com vida: os TenentesEduardo Gomes e Siqueira Campos. • O episódio ficou conhecido como Os Dezoito do Forte.
Movimento Tenentista • – Revolta de 1924 • Dois anos depois da Revolta do Forte de Copacabana, ocorreram novas Rebeliões Tenentistas em regiões como o Rio Grande do Sul e São Paulo. • Uma revolta liderada pelo General Isidoro Dias Lopes, pelo TenenteJuarez Távora e por Políticos, como Nilo Peçanha, eclodiu em São Paulo, também no dia 5 de julho. Com uma tropa de aproximadamente 1.000 Homens, os revolucionários rapidamente ocuparam os lugares mais estratégicos da cidade de São Paulo. • Durante a ocupação, diversas batalhas foram travadas entre os rebeldes e as tropas governamentais. • O Governo Paulista fugiu da capital, indo para uma localidade próxima, de onde pôde organizar melhor a reação contra os rebeldes. Recebendo reforços militares do Rio de Janeiro, preparou uma violenta ofensiva, o General Isidoro Dias Lopes, percebendo que não tinha mais condições de resistir, decidiu abandonar a cidade de São Paulo. • A numerosa e bem-armadatropa dos rebeldes fundou a Coluna Paulista, que seguiu em direção ao Sul do país, ao encontro de outra Coluna Militar Tenentista, liderada pelo Capitão Luís Carlos Prestes.
Movimento Tenentista • – Coluna Prestes (1924-1926) • As Forças Tenentistas de São Paulo e do Rio Grande do Sul uniram-se e, lideradas por Luís Carlos Prestes, decidiram Percorrer o País, procurando apoio popular para novas Revoltas contra o Governo. Nascia assim a chamada Coluna Prestes. • Durante mais de dois anos (1924-1926), a Coluna Prestes percorreu 24 quilômetros através de 12 Estados brasileiros. • Sem descanso, o Governo perseguia as tropas da Coluna Prestes, que, por meio de manobras militares, conseguia escapar. Em 1926 os homens que ainda permaneciam na Coluna decidiram ingressar na Bolívia e finalmente desfazer a tropa. • A Coluna Prestes não conseguiu provocar revoltas capazes de ameaçar seriamente o Governo, mas também não foi derrotada por ele. Isso demonstrava que o poder na Primeira República não era inatacável. • Luís Carlos Prestes, posteriormente, voltou ao país, tornando-se um dos principais líderes do Partido Comunista – fundado em 1922.
Movimento Tenentista • A Revolta do Forte de Copacabana, Revolução de 1924 e a Coluna Prestes não produziram efeitos imediatos na estrutura política brasileira, contudo, mantiveram a chama da revolta contra o poder e os privilégios das Oligarquias. • As Lutas da Coluna Prestes • Declaração de princípios dos líderes da Coluna Prestes • Somos Conta: • Os impostos exorbitantes, a incompetência administrativa, a falta de justiça, a mentira do voto, o amordaçamento da imprensa, as perseguições políticas, o desrespeito à autonomia dos estados, a falta de legislação social, o estado de sítio. • Somos a Favor: • Do ensino primário gratuito, da instrução profissionalizante e técnica, da liberdade de pensamento, da unificação e autonomia da justiça, da reforma da lei eleitoral e do fisco, do voto secreto obrigatório, da liberdade sindical, do castigo aos defraudadores do patrimônio do povo e aos políticoscorruptos, do auxilio estatal às forças econômicas.
Modernismo • Renovação das Artes • O ano de 1922 foi marcado por importantes acontecimentos no cenário nacional: eclodiu a Revolta dos Tenentes, fundou-se o Partido Comunista. • As cidades cresciam e se modernizavam: São Paulo já tinha cerca de 600 Mil Habitantes e o Rio de Janeiro, mais de 1 Milhão. • Neste contexto, surgiu no Brasil o Movimento Modernista, que desejava a remodelação da Arte Brasileira, reagindo às forma tradicionais das artes plásticas e da literatura. • Esse movimento teve como marco inicial a Semana de Arte Moderna, realizada na cidade de São Paulo entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922. • Tendo como palco o Teatro Municipal de São Paulo, a semana contou com recitais de poesia, exposições de pintura e escultura, festivais de música e conferência sobre Artes.
Modernismo • Os nomes que mais se destacaram na Semana de Arte Moderna foram os escritores Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Ronald de Carvalho, Oswald de Andrade; dos músicos Heitor Villa-Lobos e Ernani Braga; dos artistas plásticos Emíliano Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Victor Brecheret. • Um dos objetivos do Movimento Modernista era reagir criticamente contra os padrões considerados arcaicos de nossa Arte – pintura, escultura, literatura – e a invasão cultural estrangeira que despersonalizava o Brasil. • A reação modernista tinha como objetivo Abrasileirar a Cultura Brasileira. • Entretanto, como explicou Mário de Andrade: • Veja bem – abrasileiramento do brasileiro não quer dizer regionalismo, nem nacionalismo... para ser civilizado artisticamente, entrar no concerto das nações que hoje em dia dirigem a civilização da Terra, o Brasil tem que concorrer para este concerto com a sua parte pessoal, com o que o singulariza e o individualiza... • As obras e idéias dos jovens artistas apresentadas na Semana de Arte Moderna provocaram forte reação dos setores conservadores, mas conseguiram impor-se com o tempo.
Modernismo • Modernismo e Antropofagia Cultural • No início do Século XX, a cultura francesa dominava os meios artísticos e intelectuais brasileiros. • Os principais expoentes da intelectualidade liam e falavam o Francês e viajavam constantemente à Paris para realizar seus trabalhos ou buscar inspiração. • Os Modernistas de 1922 contestavam o comodismo cultural dessa produção transplantada da Europa. • Para o escritor Mário de Andrade, a cultura popular deveria nasceu enraizada à sua terra, como um aprofundamento do terreno nacional. • Era um protesto contra a mentalidade subserviente, contra os sentimentos de inferioridade dos brasileiros em relação aos europeus. • Era também uma crítica à dominação culturale política do Brasil pelos estrangeiros.
Modernismo • Nascia assim o Manifesto Antropofágico, documento lançado pelos modernistas, que propunha a deglutição – o aproveitamento de tudo que fosse útil – da cultura européia, que seria remodelada pelas entranhas – a realidade – da terra brasileira. • Era “comer ou ser comido”. • O episódio que inspirou a utilização do termo antropofagia foi a deglutição, em 1556, do Bispo Sardinha – representando a cultura importada – pelos índios Caetés – representando a cultura genuinamente nacional. • Com esse espírito, nasceu um trocadilho em cima da frase de Shakespeare To be or not to be, that is the question – “Ser ou não ser, eis a questão” – que, no Manifesto transformou-se em Tupi or not Tupi, That is the question.