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Professor Edley. www.professoredley.com.br. A Crise do Segundo Reinado. A Batalha do Avaí (1872-1877), óleo sobre tela de Pedro Américo (1843-1905), representa um momento decisivo da Guerra do Paraguai. A Crise do Segundo Reinado.
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A Crise do Segundo Reinado A Batalha do Avaí (1872-1877), óleo sobre tela de Pedro Américo (1843-1905), representa um momento decisivo da Guerra do Paraguai.
A Crise do Segundo Reinado Até recentemente, o fim da escravidão era comemorado no dia 13 de maio, já que nesse dia, em 1888, foi assinada a Lei Áurea, que aboliu oficialmente o trabalho escravo. Entretanto, a data não era aceita pelo movimento negro, já que a comemoração dava a impressão de que a Lei Áurea havia sido um presente dado pelo governo aos escravos, além de deixar de lado a luta de milhares de pessoas, brancas e negras, contra a violência e a escravidão. A reação do movimento negro foi reconhecida como legítima pelo povo brasileiro, e assim, em janeiro de 2003, foi estabelecido o dia 20 de novembro, como Dia Nacional da Consciência Negra, data que faz alusão à morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
Um Foco de Problemas Com o intuito de restabelecer a ordem política e social do Brasil, abalada durante o Período Regencial e o início do Segundo Reinado, dom Pedro II promoveu algumas mudanças políticas. Apesar disso, não conseguiu desviar o foco dos diplomatas e homens públicos brasileiros: a demarcação das fronteiras do sul do país. Essa questão deu origem ao considerado maior conflito da América do Sul, a Guerra do Paraguai, que se estendeu de 1864 a 1870, deixando dezenas de milhares de mortos e abalando as estruturas do Império Brasileiro.
A Guerra do Paraguai Em meados do século XIX, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – que haviam conquistado a independência havia poucas décadas – ainda não tinham definido suas fronteiras e temiam que apenas um deles pudesse controlar a navegação dos rios Paraná e Prata e o estuário do rio da Prata – regiões importantes para o escoamento dos produtos destinados à exportação. Além dessa questão, tanto o Brasil quanto a Argentina procuravam influenciar a política interna do Uruguai. Em agosto de 1864, tropas brasileiras invadiram o Uruguai com o objetivo de derrubar o governo vigente e ajudar a oposição a tomar o poder. O Paraguai apoiava o governo do presidente uruguaio, que foi deposto com a ajuda do Brasil. O Paraguai não aceitava a intervenção brasileira nos assuntos internos do Uruguai. Como resposta à intervenção brasileira na política uruguaia, o governo paraguaio declarou guerra ao Brasil em dezembro de 1864, invadindo assim as terras de Mato Grosso.
A Tríplice Aliança Em janeiro de 1865, o governo paraguaio solicitou autorização à Argentina para que suas tropas cruzassem o território argentino rumo ao Uruguai com o objetivo de restabelecer o poder do governo deposto. Os argentinos negaram o pedido, o que levou o Paraguai a declarar guerra à Argentina. Diante desses fatos, o governo brasileiro firmou acordo com os governos da Argentina e do Uruguai, num documento conhecido como Tratado da Tríplice Aliança, que tinha como objetivo tirar o poder de Solano López (presidente do Paraguai) e proteger o livre acesso dos três países à região disputada. A guerra envolveu os quatro países (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) em um longo e sangrento conflito, que levou homens, mulheres e crianças à morte, numa lenta conquista de posições que ocupava povoados e cidades inteiros.
Críticas ao Governo Imperial Os acampamentos militares tinham problemas sanitários e os soldados estavam subnutridos, tendo sido assolados por epidemias de cólera e varíola, o que contribuiu para tornar a guerra cada vez mais impopular entre a população brasileira, provocando muitas críticas em relação ao governo imperial. Charge de Ângelo Agostini representa o general Francisco Solano López se divertindo ao fotografar acampamento do exército brasileiro. O presidente paraguaio e seus oficiais consideravam as tropas brasileiras inferiores ao seu exército, segundo jornais paraguaios da época.
As Conseqüências da Guerra A Guerra do Paraguai só terminou em 1870, quando as tropas aliadas conseguiram cercar e matar Solano López. O Paraguai saiu da guerra arrasado, com suas cidades e economia destruídas, a população masculina dizimada e a perda de parte de seu território para os adversários. No Brasil, estima-se que pelo menos 30 mil soldados tenham morrido e a economia brasileira se enfraqueceu por conta dos altos custos da guerra. A única consequência boa para o Brasil foi o fortalecimento do Exército, que a partir de então se tornou uma força política importante para o império. Esta fotografia, de cerca de 1867, mostra uma família paraguaia. Na imagem, estão retratadas apenas mulheres e crianças, pois os homens em sua quase totalidade haviam sido convocados pelo exército paraguaio.
Quem fazia parte do Exército Brasileiro? Até a Guerra do Paraguai, as Forças Armadas eram compostas de cerca de 18 mil militares despreparados e com pouco armamento – até então, os negros não podiam fazer parte do Exército. Com o início da Guerra do Paraguai, visando aumentar o efetivo do Exército, o governo criou uma força especial denominada Voluntários da Pátria, que recebia homens que se alistassem, aparentemente, por vontade própria; entretanto, na prática, muitos jovens eram recrutados à força.
Quem fazia parte do Exército Brasileiro? Os Voluntários da Pátria reuniam pessoas de diferentes origens: pobres, classe média urbana e negros livres, já que os membros da elite evitavam se alistar, preferindo pagar para que outra pessoa fosse em seu lugar, o que era permitido na época. Além dos Voluntários da Pátria, o governo incorporou ao Exército a Guarda Nacional, que era formada por civis e não tinha nem a mesma disciplina nem a mesma organização do Exército. Além disso, em 1866, foi aprovada uma lei que concedia a liberdade aos escravos dispostos a lutar na guerra. Assim, muitos deles se alistaram e partiram para o campo de batalha, numa medida que fez com que o Exército brasileiro passasse a contar com cerca de 139 mil combatentes. A maior parte dos soldados mobilizados pelo Exército brasileiro na Guerra do Paraguai, era composta de negros e mestiços, supondo-se que alguns tenham se alistado em troca da liberdade.
Quem fazia parte do Exército Brasileiro? Indígenas de algumas etnias também participaram da guerra. Terenas, Guarás, Kadiwéus, Bororos e Kayapós trabalhavam abrindo trilhas na mata, fazendo reconhecimento do território e protegendo as fronteiras. Mulheres também participaram da guerra fabricando munição, cuidando dos feridos e preparando a comida dos soldados. Em alguns casos elas também iam para o campo de batalha. Soldados da etnia Terena e Kadiwéu durante a Guerra do Paraguai.
A Campanha Abolicionista Durante a Guerra do Paraguai, negros e brancos lutaram em torno do mesmo ideal, o que, ao fim do conflito, levou ao questionamento por parte dos soldados brancos, da manutenção do sistema escravista. Por outro lado, os cativos eram a principal mão de obra nas lavouras cafeicultoras, o que colocou o governo em posição de impasse, já que o fim da escravidão representaria a perda do apoio político dos produtores de café. Ilustração de Ângelo Agostini (publicada na revista A Vida Fluminense, Rio de Janeiro) que representa o desfile e a festa na chegada dos soldados brasileiros vindos do Paraguai em 1870, após a guerra.
Os Interesses da Inglaterra A Inglaterra era a principal crítica da manutenção do sistema escravista no Brasil. Além do argumento humanitário, os ingleses buscavam o aumento do mercado consumidor para suas mercadorias. Dessa forma, defendiam a ideia de que os fazendeiros deveriam investir em maquinário, e não em mais escravos. Com a aprovação da Lei Eusébio de Queirós, houve um aumento do comércio de escravos entre as regiões do Brasil. Os fazendeiros da região Sudeste passaram a comprar cativos de outras regiões, em especial do nordeste, estimando-se que, num período de 35 anos, cerca de 300 mil escravos do nordeste tenham sido vendidos para produtores agrícolas do sudeste.
Finalmente, é Abolida a Escravidão O surgimento de associações abolicionistas em todo o país, somado à pressão inglesa pelo fim do sistema escravista, deram início à Campanha abolicionista. Os escravos buscavam, por meio de reivindicações judiciais, fugas e motins, resistir à sua condição e conseguir a liberdade. Na segunda metade do século XIX, as formas de luta se intensificaram e muitos escravos conseguiram, assim, escapar de seus senhores e se emancipar. Primeira página de exemplar do jornal abolicionista O Amigo do Escravo, que circulou no Rio de Janeiro em 1883.
Finalmente, é Abolida a Escravidão Após longos e polêmicos debates, em 28 de setembro de 1871, a Assembleia Geral (que reunia a Câmara dos Deputados e o Senado) aprovou a Lei do Ventre Livre, que estabelecia que os filhos de escravos que nascessem a partir daquela data seriam considerados livres. Entretanto, havia uma condição: essas crianças permaneceriam sob os cuidados do senhor até os 8 anos de idade – após esse período, o proprietário poderia doar a criança ao governo em troca de uma indenização ou permanecer com ela até que completasse 21 anos. Por todo esse tempo, ela trabalharia para o proprietário. Na prática, a lei era mais uma forma de o governo ganhar tempo e não se desgastar junto aos proprietários de escravos.
Finalmente, é Abolida a Escravidão • A partir da década de 1880, a Campanha abolicionista foi às ruas, unindo pessoas das mais variadas classes sociais num movimento que ganhava grandes proporções; • Em diversas regiões do Brasil surgiu todo tipo de organização abolicionista, entre as quais, podemos destacar jornais e charges pró-abolição; • No Ceará, um grupo de jangadeiros se recusou a transportar escravos para os navios que os levariam a outras regiões do país. Representação do político e escritor Joaquim Nabuco (1849-1910), líder antiescravista, em caricatura de Pereira Neto para o jornal O Mequetrefe, de 1881. Na charge, o também diplomata faz campanha eleitoral em que apregoa suas ideias de emancipação dos escravos.
Finalmente, é Abolida a Escravidão Em 1885, tentando não desagradar nem aos grandes fazendeiros nem aos abolicionistas, o governo aprovou a Lei dos Sexagenários, que concedia a liberdade a todos os escravos com mais de 60 anos. A Lei dos Sexagenários também não produziu os efeitos desejados, já que poucos escravos chegavam aos 60 anos causa dos longos anos de trabalho pesado a que eram submetidos. Nesse contexto, poucos ainda defendiam a escravidão, tendo em vista que até nas fazendas de café, já se procurava outra alternativa para substituir a mão de obra escrava: os imigrantes. Assim, em 13 de maio de 1888, o governo aprovou a Lei Áurea, pela qual era abolida a escravidão no Brasil. Cerca de 720 mil escravos foram libertados.
Finalmente, é Abolida a Escravidão Com a Lei Áurea, muitos fazendeiros que ainda apoiavam o governo de dom Pedro II passaram a fazer oposição a ele, o que fez com que o governo imperial ficasse cada vez mais isolado, até que, em 1889, o imperador foi deposto por militares, que implantaram a República no Brasil. Festa diante da Câmara Municipal da cidade de Penedo (AL) logo após a notícia da Lei da Abolição, 1888.
Referência Bibliográfica • Projeto Teláris: História / Gislane Campos de Azevedo, • Reinaldo Seriacopi. – 1ª Edição – São Paulo: Ática, 2012.
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