Projeto de pesquisa em Comunica ção - PowerPoint PPT Presentation

Prolegômenos

Para produzir conhecimento (e não apenas reproduzi-lo) pesquisa procura romper com o senso comum.

Na Comunicação, significa superar o dado como certo:

• “A Comunicação se constitui pelo conjunto dos meios”
• “A dimensão técnica é separada da cultural”
• “Meios de comunicação são manipuladores”
• “O público é sempre passivo”
• “O consumo da mídia produz homogeneização”

Certezas como essas levam à elaboração de projetos de pesquisa de cunho meramente dedutivo - simples demonstração do enunciado inicial.

Roger Silverstone (2005) sugere considerar alguns aspectos no estudo da mídia:

• As tecnologias são sociais, objetos materiais e simbólicos;
• A mídia é política, sujeita a conflitos de acesso e participação;
• Seu imperativo contemporâneo é o pluralismo - sua capacidade de aproximar o Outro, mediar a compreensão e oferecer idéias e imagens do mundo plural;
• A comunicação pressupõe o Outro, é um diálogo mediado

A Comunicação é um campo das Ciências Humanas e Sociais

É interdisciplinar.

Seu objeto não é definido a priori.

Os métodos de investigação são diversificados e combinados.

Não é possível “aplicar” metodologias e técnicas sem sua problematização em relação ao problema construído.

Teorias “prontas” também não são aconselháveis.

Projeto

parte da pesquisa exploratória - bibliográfica ou de campo

Compreende

escolha do tema

delimitação do problema

definição do objeto

construção do marco teórico e conceitual

escolha dos instrumentos de coleta de dados

exploração do campo

antecipação dos procedimentos de ánálise

Todas as etapas são perpassadas pelas instâncias epistemológica, teórica, metódica e técnica.

(Quadro extraído de LOPES, M. Immacolata, 1997, p. 104).

Instância epistemológica: discussão sobre a construção do conhecimento, obstáculos epistemológicos, questões de cientificidade. Desmistificação do objeto, como sistema de relações expressamente construído, resultado do processo de objetivação (recorte).

Instância teórica: formulação dos conceitos, definição da problemática e da interpretação. Teoria concebida em função da pesquisa.

Instância metódica: enunciação das regras de estruturação do objeto e dos elementos constitutivos da investigação (problema, hipóteses, observação, interpretação), objetivação da problemática e explicitação dos quadros de análise, articulação de conceitos, variáveis e métodos.

Instância técnica: construção de dados ou objeto empírico, enunciação das regras de observação, seleção, operacionalização e descrição (interpretação/explicação) das informações.

Fases da pesquisa

(Quadro extraído de LOPES, Immacolata, 1997, p. 118)

As instâncias estão em todas as fases da pesquisa e precisam ser consideradas no projeto, localizado na primeira fase do processo de investigação.

Elaborar um PROJETO é “mapear de forma sistemática um conjunto de recortes” (MINAYO, 1994). É uma reconstrução da realidade, um caminho para a investigação. Resultado de alguns esforços preliminares, especialmente, uma pesquisa bibliográfica disciplinada e ampla.

Elementos do projeto de pesquisa

1. Definição do tema e escolha do problema - a construção do objeto

Escolhido o assunto de interesse, é preciso lançar-lhe perguntas para que o tema seja delimitado. Exemplo: “as formas de expressão dos movimentos juvenis na internet” é um tema. “As formas de expressão nos sites dos grupos autodefinidos como ‘juventude anarquista’ de São Paulo” é uma delimitação. Ainda “As concepções de rebeldia e autonomia expressas nos sites dos grupos autodefinidos como ‘juventude anarquista’ de São Paulo” é um objeto.

2. Definição da base teórica e conceitual

Refere-se à escolha dos pressupostos teóricos que sustentam a investigação e à definição clara dos conceitos e categorias a serem utilizados. A teoria não é um modelo.

No exemplo citado, a busca dos conceitos se volta para estudos de grupos jovens, conceitos de juventude, anarquismo, rebeldia, autonomia, movimentos sociais contemporâneos, teorias da identidade, comunicação na internet, formas de mobilização da opinião pública, etc.

3. Formulação de hipóteses ou questões de pesquisa

Tentativa de criar indagações a serem verificadas na investigação, que podem ser pressupostos ou questões. São afirmações provisórias a respeito do problema (Minayo, 1994).

Hipóteses geralmente pertencem ao campo dos estudos experimentais. Estudos descritivos e exploratórios aceitam questões de pesquisa ou perguntas norteadoras (Triviños, 1987).

Parte da formulação do problema e tem o suporte da teoria.

(cont. 3)

No exemplo do problema “As concepções de rebeldia e autonomia expressas nos sites dos grupos autodefinidos como ‘juventude anarquista’ de São Paulo”, uma questão possível é de que maneira os sujeitos dos grupos anarquistas definem os termos que os caracterizam, idéia que pressupõe uma organização de sentidos própria, e outra seria como essas concepções se expressam no chamado ciberespaço e de que maneira a linguagem se relaciona com processos de identidade.

4. Justificativa

Trata da relevância da pesquisa (não do tema), dos motivos que fazem com que ela seja realizada, quais as contribuições para a compreensão do problema.

5. Objetivos

O que a pesquisa pretende. Devem ser exeqüíveis e atrelados às questões de pesquisa. Expressos por verbos no infinitivo

Exemplo: observar as formas de expressão nos sites dos grupos anarquistas juvenis de São Paulo (geral); evidenciar sentidos atribuídos à rebeldia e à autonomia pelos sujeitos dos grupos selecionados; encontrar relações entre essas definições e suas autodefinições como grupo (específicos)

6. Metodologia

Mais que uma descrição formal dos métodos e técnicas a serem utilizados, indica as opções e a leitura operacional que o pesquisador fez do quadro teórico. Contempla a fase de exploração de campo e a definição dos instrumentos de análise. De acordo com a maneira como o problema foi formulado e conforme as perguntas a ele dirigidas, a pesquisa se desenha quantitiva ou qualitativa. Assim, os elementos que compõem a metodologia sempre devem ser coerentes com o marco teórico da pesquisa.

Trata-se de explicitar como o objeto foi construído e como ele vai ser investigado.

No exemplo utilizado,

se a questão é saber como os sujeitos pertencentes a grupos da “juventude anarquista” expressam suas concepções de rebeldia e autonomia nos sites da internet, a orientação metodológica é qualitativa, ou seja, privilegia a perspectiva do sujeito.

Para captar essa perspectivas, as técnicas mais apropriadas são entrevistas semi-estruturadas com observação participante (método etnográfico).

A análise dessas informações pode ser feita pelos métodos oriundos das perspectivas compreensivas das ciências sociais (documental de interpretação, enquadramento, tipológica).

Principais elementos:

a) definição da amostragem ou universo de pesquisa: sujeitos envolvidos na investigação.

b) coleta de dados: as técnicas de recolha de informação (observação participante, entrevista, questionário, história de vida, pesquisa documental, etc.)

c) organização e análise de dados: formas pelas quais os dados serão interpretados (análise de conteúdo, de discurso, documental de interpretação, construção de tipologias, análise de enquadramento, etc.)

d) cronograma

e) referências bibliográficas

Em síntese:

O projeto é um plano de trabalho que vai sofrer alterações no decorrer da pesquisa.

É preciso conhecer os tipos de estudo, as teorias que ajudam a compreender o tema e formular o problema de pesquisa.

A Comunicação é um campo dinâmico que não pode ser estudado por categorias estanques e aprisionadas em teorias.

É uma área muito sensível às tentações das prescrições (o dever ser).

É uma área ainda com muito a se conhecer.

Referênciasbibliográficas LOPES, Maria Immacolata V. Pesquisa em comunicação. São Paulo: Loyola, 1997.MINAYO, Maria Cecília S. Pesquisa social. Teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994. TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1987. SILVERSTONE, Roger. Por que estudar a mídia?São Paulo: Loyola, 2005.