COERÊNCIA TEXTUAL

1. COERÊNCIA TEXTUAL Profa. Débora Ferreira

2. E TUDO MUDOU... E tudo mudou… O rouge virou blush O pó-de-arroz virou pó-compacto O brilho virou gloss O rímel virou máscara incolor A Lycra virou stretch Anabela virou plataforma

3. O corpete virou porta-seios Que virou sutiã Que virou lib Que virou silicone

4. A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento A escova virou chapinha "Problemas de moça" viraram TPM Confeti virou MM A crise de nervos virou estresse A chita virou viscose.

5. Ping-Pong virou Babaloo O à-la-carte virou self-service A tristeza, depressão O espaguete virou Miojo pronto A paquera virou pegação A gafieira virou dança de salão O que era praça virou shopping A areia virou ringue A caneta virou teclado

6. O long play virou CD A fita de vídeo é DVD O CD já é MP3 É um filho onde éramos seis

7. O álbum de fotos agora é mostrado por e-mail O namoro agora é virtual A cantada virou torpedo E do "não" não se tem medo O break virou street O samba, pagode O carnaval de rua virou Sapucaí O folclore brasileiro, halloween O piano agora é teclado, também O forró de sanfona ficou eletrônico

8. A AIDS virou gripe A bala antes encontrada agora é perdida A violência está coisa maldita! A maconha é calmante O professor é agora o facilitador As lições já não importam mais A guerra superou a paz E a sociedade ficou incapaz… … De tudo. Inclusive de notar essas diferenças. Luis Fernando Veríssimo

9. Mas o que é coerência? • A coerência (do latim cohaerentia, ‘ligação, nexo, harmonia entre dois fatos ou idéias’) tem a ver, basicamente, com as condições para o estabelecimento de um sentido para dada estrutura textual em um determinado contexto, ou seja, é aquilo que confere textualidade a construção textual.

10. Textualidade • A fim de que um dado texto seja considerado coerente, é necessário que fatores de coerência (ou de textualidade) sejam mobilizados, vejamos alguns...

11. Conhecimento de mundo • O nosso conhecimento de mundo desempenha um papel decisivo no estabelecimento da coerência: se o texto falar de coisas que absolutamente não conhecemos, será difícil configurar uma unidade de sentido para o mesmo

12. Balada do amor através das idades Eu te gosto, você me gosta desde tempos imemoriais. Eu era grego,  você troiana, troiana mas não Helena. Saí do cavalo de pau para matar seu irmão. Matei, brigamos, morremos

13. Virei soldado romano, perseguidor de cristãos. Na porta da catacumba encontrei-te novamente. Mas quando vi você nua caída na areia do circo e o leão vinha vindo, dei um pulo desesperado e o leão comeu nós dois. 

14. Depois (tempos mais amenos) fui cortesão de Versailles espirituoso e devasso, Você cismou de ser freira... Pulei muro de convento mas complicações políticas nos levaram à guilhotina. 

15. Hoje sou moço moderno, remo, pulo, danço, boxo, tenho dinheiro no banco. Você é uma loura notável, boxa, dança, pula, rema. Seu pai é que não faz gosto. Mas depois de mil peripécias, eu, herói da Paramount, te abraço, beijo e casamos. DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Obra Completa. RJ:José Aguilar, 1972) 

16. Inferência É a operação pela qual, utilizando seu conhecimento de mundo, o interlocutor (leitor/ouvinte) de um texto estabelece uma relação não explícita entre elementos do universo textual.

23. Fatores de contextualização • Os fatores de contextualização são aqueles que determinam uma situação comunicativa para o texto. Ex.: data, local, assinatura, elementos gráficos, timbre, carimbo, etc. Entre os fatores gráficos, temos: disposição na página, ilustrações, fotos, localização no jornal (caderno, página

25. Intertextualidade • A intertextualidade diz respeito às relações de semelhança e/ou diferença estabelecidas entre os textos, seja na forma, seja no conteúdo.

28. “SÍTIO – Vendo. Barbada. Ótima localização. Água à vontade. Árvores frutíferas. Caça abundante. Um paraíso. Antigos ocupantes despejados por questões morais. Ideal para casal de mais idade. Negócio de pai para filhos. Tratar com Deus.

29. CRUZEIRO- Procuram-se casais para um cruzeiro de 40 dias e 40 noites. Ótima oportunidade para fazer novas amizades, compartilhar alegre vida de bordo e preservar a espécie. Trazer guarda-chuva. Tratar com Noé”.

30. Focalização A focalização tem a ver com a concentração dos interlocutores em apenas uma parte do seu conhecimento e com a perspectiva da qual são vistos os componentes do mundo textual. No ensino de redação, quando dizemos ao aluno que deve delimitar o assunto e estabelecer um objetivo para o seu texto, estamos, na verdade, levando-o a focalizar o tema de um determinado modo.

31. ESTILO DE CADA UMVárias pessoas descrevendo um lago, segundo suas profissões: O ADVOGADO Aquelas águas meritíssimas se espairavam delituosamente pelas margens. O inocente lago defendia-se assim, legitimamente, da floresta, que à revelia, desembargava suas árvores pelos arredores sem nenhuma apelação. No alto, as montanhas, com suas togas de neve revestindo o cimo.

32. O MÉDICO Aquele lago me deixou um diagnóstico. Sua beleza era selvagem como uma crise aguda e suas águas viviam permanentemente em estado de coma. O vento, como um bisturi, cortava a superfície das águas escarlatinadas pelo mercúrio que cobria todo o céu ao pôr-do-sol.

33. O HIPPIE Entende... era um negócio legal. Aquele lago muito na sua, curtindo um vale cheio de ervas, sacou? O vento transava pela cuca das árvores no baratino mais legal.