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IV Reunião Equatorial de AntropologiaXIII Reunião dos Antropólogos do Norte e NordesteUniversidade do Estado do Rio Grande do NorteMestrado em Ciências Sociais e HumanasMULHERES QUE NÃO SABEM PROVOCAR AMIZADE E COMPORTAMENTO DESVIANTE FEMININO NA INTERNETCOSTA, Naedja Cristiane V ¹ BARRETO, Maria Cristina R² IntroduçãoO grupo virtual ‘Mulheres que não sabem provocar’ surgiu no Orkut em 22/07/2005 com o intuito de se contrapor ao grupo ‘Mulheres que sabem provocar’. Sua intenção primária era contestar o papel da mulher e a objetificação do corpo feminino socialmente determinado; criticando a ética e a estética feminina imposta às mulheres (Goldenberg, 2009). Com o passar do tempo, algumas integrantes daquele grupo foram criando laços de afetividade e solidariedade, baseados no sentimento de inadequação social sentimento que foi posteriormente solidificado com a migração do grupo para o Facebook, onde as mesmas utilizam este espaço para enaltecer suas relações de amizade e também criar um espaço de ativismo social voltado para a contestação ao papel feminino estereotipado por convenções socioculturais e propagado pela mídia. Com a solidificação do sentimento de amizade o grupo tornou-se fechado e restrito, fazendo parte dele apenas antigas integrantes; estando suas integrantes espalhadas pelo Brasil, com uma na Holanda e possuindo faixa etária entre 20 e 35 anos. A proposta deste trabalho, portanto, coincide com a emergência para a satisfação das aspirações femininas na atualidade, considerando a luta para a satisfação e realização do seu bem-estar pessoal, sociocultural e construção da identidade autônoma da mulher, aqui representado por um grupo de mulheres que se apresentam com um caráter de negação a ordem imposta, ou seja, “desviante” do contexto sociocultural atual. Assim, como faz referência ao estabelecimento de relações intermediadas e construídas através do uso da internet e as transformações que ela proporciona a vida na sociedade moderna. A internet foi o local onde o grupo ‘Mulheres que Não Sabem Provocar’ – MqNSP - surgiu e mantém contato, transpondo a frieza da comunicação virtual e conferindo um caráter pessoal e subjetivo a vida em rede, solidificando-a e dando-lhe emoção e identidade. Estes aspectos peculiares do grupo mostram a relevância do estudo do que hoje se denomina amizade virtual. • Objetivos • Analisar a construção do ethosdo grupo virtual Mulheres que não sabem provocar. Metodologia A peculiaridade deste trabalho consiste em ser uma pesquisa que pretende realizar-se através das plataformas da Web com participantes do que denomina-se Cibercultura, fazendo uso dos aparatos tecnológicos utilizados por aqueles para se comunicarem, como computadores, celulares, tablets; • investigando como estas relações se concretizam no ambiente digital e transpõe-se para relações presenciais. Portanto a proposta deste trabalho é transpor a pesquisa antropológica etnográfica para o ambiente digital desenvolvendo o que se denomina por etnografia virtual • Resultados • As integrantes do grupo virtual Mulheres que não sabem provocar se apresentam como mulheres que procuram ter uma relação mais íntegra e honesta consegOmesmas e com seus parceiros; que questionam o estereótipo do papel feminino predominante e enaltecido pela mídia, buscando e permitindo-se viver livremente e sem culpa aquilo que para elas foi socialmente “proibido” através da divisão dos papéis de gênero. Observamos no presente trabalho a recusa do grupo virtual ‘Mulheres que não sabem provocar’ ao enquadramento ao que a antropóloga Mirian Goldenberg denominou como Capital Marital. O conceito de Capital Marital volta-se ao tratamento dado pela sociedade brasileira à conquista de um marido, e conseqüentemente ao casamento. No Brasil o marido é um símbolo de status feminino, que confere força e poder as mulheres. Esta supervalorização do papel do marido pela nossa sociedade é determinante para um padrão de comportamento feminino voltado para o investimento social e econômico no marido e no casamento como a realização da vida das mulheres brasileiras. No entanto, o que verificamos no grupo é a busca por autonomia pessoal, liberdade e construção de suas identidades fora dos padrões femininos socialmente estabelecidos • . • Referências • BECKER, Howard S. Outsiders, estudos de sociologia do desvio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. • FRAGOSO, S. RECUERO, R. AMARAL, A. Métodos de pesquisa para a internet. Porto Alegre: Sulina, 2011. • GOLDENBERG, Mirian. Coroas. Corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Record, 2009. • 1 - Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. PPGCiSH/UERN. • 2 - Orientadora, doutora em Ciências Sociais e professora do Programa de Pós-graduação Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. PPGCiSH/UERN.