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Prof. Renato Santos Literatura

Prof. Renato Santos Literatura. Poeta dividido entre o sublime e o cotidiano!.

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  1. Prof. Renato Santos Literatura

  2. Poeta dividido entre o sublime e o cotidiano! Poeta dividido entre o sublime e o cotidiano, entre o devaneio e o lirismo pleno de simplicidade, a faceta mais moderna da poesia de Vinicius de Moraes se manifestará a partir do livro Cinco elegias (1943). Daí para frente, abandona os temas metafísicos e abre-se ao estímulo da realidade, tendência que se afirma a partir de Poemas, sonetos e baladas (1946). Escreve, então de maneira quase simplista, sem abandonar a musicalidade, mas distanciando-se da poesia inicial, elogiada pela crítica.

  3. Características. A forma dos versos de Vinicius de Moraes acompanha as fases vividas pelo poeta: na primeira, os versos são caudalosos, difusos, melancólicos; na segunda, o poeta faz experiências formais, exercitando o soneto, o redondilho, o decassílabo, o alexandrino e o verso livre. Desaparece, assim, a dicção espiritual, substituída pelo lirismo muitas vezes veemente, marcado pela confidência, pela plenitude dos sentidos, pela visão familiar do mundo. Essas mudanças podem ser percebidas em sua Antologia poética (1960), na qual, acompanhando os poemas escolhidos pelo próprio autor, podemos conhecer, em detalhes, esse escritor que, segundo Carlos Felipe Moisés, “soube traduzir tão bem os anseios e as aspirações de uma variada, moderna e universal experiência amorosa; [...] soube captar convincentemente os excessos e a generosidade do sentimento comum, para se tornar o intérprete fiel de uma alma coletiva”.

  4. A divisão da obra de Vinicius A obra poética de Vinícius de Moraes é tradicionalmente dividida pela crítica em três fases distintas. A primeira inicia-se em 1933 e abrange os livros O caminho para a distância (1933); Forma e exegese (1935); Ariana, a mulher (1936). Nesse período encontramos um poeta místico, que escrevia versos longos, de tom bíblico-romântico, de espiritualidade católica e visionária. O próprio poeta caracterizou esta fase como "o sentimento do sublime". Na "Advertência" à sua Antologia Poética ele afirmava que "a primeira [fase], transcendental, frequentemente mística, [era] resultante de sua fase cristã".

  5. A segunda fase (ou como se costuma dizer: o segundo Vinicius) tem início em Cinco Elegias, de 1943. O novo tom, a nova linguagem, as novas formas e temas, que vinham desde Novos poemas, de 1933, intensificam-se e diversificam-se nos livros posteriores - Poemas, sonetos e baladas (1946) e Novos poemas II (1959) -, em que se mostram tanto as formas clássicas (soneto de tradição camoniana e shakespeariana) quanto a poesia livre (em "A última elegia", os versos têm forma de serpente). O poeta sente-se à vontade para inventar palavras, muitas vezes bilíngues, ou praticar a oralidade maliciosa.Por haver nessa fase uma renúncia à superstição e ao purismo fortemente presentes na primeira, bem como um direcionamento para uma atitude mais brincalhona e amorosa perante a poesia, essa segunda fase ficou conhecida como "O encontro do cotidiano pelo poeta". Nessa passagem do metafísico para o físico, do espiritual para o sensual, do sublime para o cotidiano, o poeta retoma sugestões românticas (como lua, cidade, samba). Refugia-se no erotismo: há contemplação do amor, poemas "sobre a mulher" e adoração panteística da natureza. Compôs também poemas de indignação social, cujos exemplares são: "Balada dos mortos dos campos de concentração", "O operário em construção" e "A rosa de Hiroshima".

  6. O terceiro Vinicius é o compositor, letrista e cantor. Autor de mais de trezentas músicas (como atesta seu Livro de letras, lançado postumamente, em 1991, onde estão mais de 300 letras de músicas de sua autoria), difundidas pelo mundo com o grande acontecimento cultural e musical que foi a bossa nova. Seus parceiros, como vimos, vão desde Bach a Toquinho. Embora a crítica fizesse (faça) tal divisão, colocando de um lado o poeta e de outro o showman, Vinicius nunca concordou que houvesse diferença entre seus sambas e seus poemas escritos, pois para ele tudo era igual.

  7. A casa...

  8. POEMA DOS OLHOS DA AMADA Vinícius de Morais Ó minha amadaQue olhos os teusSão cais noturnosCheios de adeusSão docas mansasTrilhando luzesQue brilham longeLonge dos breus...Ó minha amadaQue olhos os teusQuanto mistérioNos olhos teusQuantos saveirosQuantos naviosQuantos naufrágios Nos olhos teus... Ó minha amadaQue olhos os teusSe Deus houveraFizera-os Deus Pois não os fizeraQuem não souberaQue há muitas eraNos olhos teus.Ah, minha amadaDe olhos ateusCria a esperançaNos olhos meusDe verem um diaO olhar mendigoDa poesiaNos olhos teus. Vídeo

  9. POEMA ENJOADINHO Vinícius de Morais Filhos...Filhos?Melhor não tê-los!Mas se não os temosComo sabê-lo?Se não os temosQue de consultaQuanto silêncioComo o queremos!Banho de marDiz que é um porrete...Cônjuge voaTranspõe o espaçoEngole águaFica salgadaSe iodificaDepois, que boaQue morenaçoQue a esposa fica! Resultado: filho.E então começaA aporrinhação:Cocô está brancoCocô está pretoBebe amoníacoComeu botão.Filho? FilhosMelhor não tê-losNoites de insôniaCãs prematurasPrantos convulsosMeu Deus, salvai-o!Filhos são o demoMelhor não tê-los...Mas se não os temosComo sabê-los?Como saberQue macieza Nos seus cabelosQue cheiro mornoNa sua carne Que gosto doceNa sua boca!Chupam gileteBebem xampuAteiam fogoNo quarteirãoPorém, que coisaQue coisa loucaQue coisa lindaQue os filhos são!

  10. Ausência Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são docesPorque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vidaE eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminadoQuero só que surjas em mim como a fé nos desesperadosPara que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoadaQue ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra faceTeus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugadaMas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noitePorque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosaPorque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaçoE eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciososMas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partirE todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelasSerão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.Rio de Janeiro, 1935 Comentário:Diz o crítico Carlos Felipe Moisés que este é um dos primeiros poemas em que aparece a tentativa de representar a mulher amada e a experiência amorosa como ponto de encontro entre a transcendência e os apelos terrenos, entre espírito e matéria.

  11. Samba da benção Vídeo

  12. A rosa de HiroximaPensem nas criançasMudas telepáticasPensem nas meninasCegas inexatasPensem nas mulheresRotas alteradasPensem nas feridasComo rosas cálidasMas oh não se esqueçamDa rosa da rosaDa rosa de HiroshimaA rosa hereditáriaA rosa radioativaEstúpida e inválidaA rosa com cirroseA anti-rosa atômicaSem cor sem perfumeSem rosa sem nada Vídeo Comentário:Numa postura humanista, em que cria figuras com fortes tintas, o poeta canta contra a guerra. Usando o verbo "pensar" no imperativo ("pensem"), "convida-nos" a todos a refletir diante das atrocidades causadas pela guerra; e, principalmente, a causada pelo mais novo rebento gerado pelo ser humano: a bomba atômica. A culpa não é apenas de um indivíduo ou outro. A culpa, a responsabilidade da destruição não é de um país X ou Y, mas de toda a humanidade. O que está em jogo aqui é a própria existência, ou melhor dizendo, a própria sobrevivência humana.

  13. Soneto de separaçãoDe repente do riso fez-se o prantoSilencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espumaE das mãos espalmadas fez-se o espanto.De repente da calma fez-se o ventoQue dos olhos desfez a última chamaE da paixão fez-se o pressentimentoE do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repenteFez-se de triste o que se fez amanteE de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distanteFez-se da vida uma aventura erranteDe repente, não mais que de repente. Oceano Atlântico, a bordo doHighland Patriot, a caminho daInglaterra, 09.1938 Comentário:Este soneto, um dos mais populares de Vinícius, é quase todo composto num jogo antitético, tais como: riso X pranto; calma X vento; triste X contente e próximo X distante. O emprego dessa figura de linguagem, ao longo do poema, revela as mudanças na relação amorosa que se processam de uma forma abrupta e inesperada. O poeta utiliza um outro recurso, num belíssimo arranjo de antíteses, para acentuar o dinamismo que caracteriza o poema: o emprego da forma verbal "Fez-se" e de sua forma contrária "desfez". Esse dinamismo expresso no soneto revela, sob certo aspecto, a própria inconstância na vida amorosa de Vinicius.

  14. Soneto de fidelidadeDe tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamentoQuero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamentoE assim quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa lhe dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que2 é chama Mas que seja infinito enquanto dureEstoril - Portugal, 10.1939 Vídeo Comentário: Este é um dos mais conhecidos e apreciados sonetos de Vinicius de Moraes. Observam-se nele a clareza e a concisão de linguagem, características clássicas que substituem a tendência alegórica e o derramamento declamatório dominantes na fase inicial do poeta.

  15. PoéticaDe manhã escureçoDe dia tardoDe tarde anoiteçoDe noite ardo A oeste a morteContra quem vivoDo sul cativoO este é meu norte.Outros que contemPasso por passo:Eu morro ontem Nasço amanhãAndo onde há espaço:- Meu tempo é quando. Nova York, 1950 Comentário:Numa atitude de liberdade, de anticonvencionalismo, o eu lírico diz-se guiar pelo "este" e não pelo "norte" como todos fazem. O último verso da última estrofe privilegia o circunstancial (não é "aquilo que" acontece, mas o "momento quando" acontece que realmente importa), valorizando a disponibilidade do instante presente, para que seja intensamente vivido. Observando o aspecto formal do poema, parece haver ali um soneto renovado. Isso confirma a valorização da liberdade e do individualismo, da insubordinação e da disponibilidade, também para o ato de criação poética.

  16. Canto de Ossanha

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