1 / 38

Sintaxe dos Predicados Nominais Breve Panorâmica

Sintaxe dos Predicados Nominais Breve Panorâmica. Jorge Baptista Universidade do Algarve Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Laboratório de Engenharia da Linguagem Instituto Superior Técnico Centro de Automática da Universidade Técnica de Lisboa. jbaptis@ualg.pt http://w3.ualg.pt/~jbaptis.

sylvia
Download Presentation

Sintaxe dos Predicados Nominais Breve Panorâmica

An Image/Link below is provided (as is) to download presentation Download Policy: Content on the Website is provided to you AS IS for your information and personal use and may not be sold / licensed / shared on other websites without getting consent from its author. Content is provided to you AS IS for your information and personal use only. Download presentation by click this link. While downloading, if for some reason you are not able to download a presentation, the publisher may have deleted the file from their server. During download, if you can't get a presentation, the file might be deleted by the publisher.

E N D

Presentation Transcript


  1. Sintaxe dos Predicados NominaisBreve Panorâmica Jorge BaptistaUniversidade do AlgarveFaculdade de Ciências Humanas e Sociais Laboratório de Engenharia da LinguagemInstituto Superior TécnicoCentro de Automática da Universidade Técnica de Lisboa jbaptis@ualg.pt http://w3.ualg.pt/~jbaptis

  2. I. Predicados Semânticos e Operadores • a noção de predicado • antiguidade: distinção aristotélica (lógica) entre sujeito e predicado • análise gramatical herdeira desta longa tradição • continuidade mesmo em correntes mais “modernas”

  3. contribuições da matemática (>1950) • a noção de operador e de (domínio de) argumentos • um predicado semântico como um operador e o seu respectivo domínio de argumentos • a noção de frase elementar enquanto expressão de um predicado semântico e do seu domínio de argumentos • as frases elementares constroem-se em torno de um elemento nuclear (operador)

  4. O Pedro prefere ler BD a ouvir música Quantos PREDICADOS tem esta frase? • preferir (Pedro1, ler , ouvir) • ler (Pedro2, BD) • ouvir (Pedro3, música) • Pedro1 = Pedro2 • Pedro1 = Pedro3

  5. preferir Onoo ler Onn ouvir Onn Pedro1 Pedro2 BD Pedro3 música

  6. Actualização de valores gramaticais • Tradicionalmente, os verbos e os adjectivos têm sido considerados os elementos que têm a propriedade característica de serem o núcleo predicativo de uma frase • No caso dos verbos, é a sua morfologia (flexão) que faz a actualização dos valores gramaticais (tempo-modo-aspecto e pessoa--número) num discurso (frase)

  7. Mas a morfologia verbal é insuficiente para exprimir todos os valores gramaticais de tempo-modo-aspecto • daí as numerosas construções com verbos auxiliares : O Zé vive em Faro O Zé tinha vivido em Faro O Zé está (a viver + vivendo) em Faro O Zé acabou por viver em Faro O Zé deixou de viver em Faro O Zé passou a viver em Faro

  8. No caso dos adjectivos (predicativos), é necessário um instrumento gramatical, o verbo copulativo, que veicula estas marcas gramaticais • a selecção que adjectivo faz do verbo copulativo é determinante para definir a sua construção • muitos adjectivos só aceitam ser, outros só aceitam estar ; noutros casos, a variação é possível • essa selecção está ligada ao valor aspectual intrínseco do predicado que o adjectivo exprime

  9. O Pedro (está +*é ) ciente das dificuldades ( saber, ter conhecimento) O Pedro (está +*é ) consciente das dificuldades O Pedro (*está + é ) (in)consciente ( não mede as consequências dos seus actos) O Pedro (está +*é ) (in)consciente( desmaiou)

  10. No caso dos substantivos, já é conhecido há bastante tempo que alguns nomes, à semelhança dos verbos e dos adjectivos, têm a propriedade de exprimir predicados: O Pedro ajudou muito a Inês A Inês foi muito ajudada pelo Pedro a ajuda do Pedro à Inês nomespredicativos

  11. reconhecer que certos nomes podem exprimir predicados – os nomes predicativos, Npred– não é, porém, a questão central. • o problema está em determinar o modo de actualização destes elementos – Como é que os nomes predicativos se constroem ? • e em determinar o estatuto dessas frases na gramática – Qual a natureza das frases com nomes predicativos ?

  12. Assim, um grupo nominal como: a ajuda do Pedro à Inês deve ser posto em relação com uma frase simples: O Pedro deu uma ajuda à Inês Mas esta frase é em tudo idêntica à frase: O Pedro deu um livro à Inês Qual será o estatuto de dar em cada uma das frases ? Que diferenças sintácticas haverá entre as duas frases ?

  13. Na frase: O Pedro deu um livro à Inês • dar é um verbo pleno, • exprime um predicado semântico (transferência), • é ele que impõe restrições de selecção ao preenchimento lexical das suas posições argumentais DAR (Nhum, N-Hhum/conc, Nhum)

  14. Na frase: O Pedro deu uma ajuda à Inês • dar não é um verbo pleno, • é praticamente vazio de sentido, • não apresenta uma distribuição característica • serve como um mero auxiliar (a que chamamos verbo-suporte, Vsup) do nome predicativo ajuda, veiculando as marcas gramaticais de tempo-modo-aspecto e pessoa-número que o substantivo, pela sua morfologia, não pode expressar; o verbo-suporte serve, praticamente, para conjugar o nome predicativo

  15. é o nome predicativo ajuda que impõe restrições de selecção ao preenchimento lexical das posições argumentais AJUDA (Nhum, Nhum) cp. AJUDAR (Nhum, Nhum) • as frases com verbo-suporte e nome predicativo são frases simples, isto é, devem figurar na base da gramática, com o mesmo estatuto de frases simples com verbos plenos e/ou adjectivos predicativos

  16. As frases com Vsup partilham com os verbos plenos várias propriedades sintácticas gerais O Pedro deu uma grande ajuda à Inês [Passiva] = Uma grande ajuda foi dada à Inês pelo Pedro • mas distinguem-se das frases com verbos plenos na medida em que apresentam propriedades formais que lhes são próprias

  17. Propriedades gerais das construções com verbo-suporte 1. Relação entre dois nomes • relação entre um N e o nome predicativo • relação que é da mesma natureza da que liga um verbo pleno ao seu sujeito • tal relação manifesta-se pela impossibilidade de colocar o Npred fora da esfera de referência do seu sujeito

  18. O Pedro deu uma grande ajuda à Inês *O Pedro deu a minha ajuda à Inês *O Pedro deu a ajuda do Zé à Inês cp. O Pedro deu um livro à Inês O Pedro deu o meu livro à Inês O Pedro deu o livro do Zé à Inês

  19. 2. Dupla extracção dos complementos preposicionais O Pedro deu uma grande ajudaà Inês [Extr.]= Foi a ajuda que o Pedro deu à Inês <...> [Extr.]= Foi à Inês que o Pedro deu um ajuda <...> [Extr.]= Foi a ajuda à Inês que o Pedro deu <...> cp. O Pedro deu um livro à Inês [Extr.]= Foi o livro que o Pedro deu à Inês <...> [Extr.]= Foi à Inês que o Pedro deu um livro <...> [Extr.]= *Foi o livro à Inês que o Pedro deu <...>

  20. O complemento à Inês comporta-se simultaneamente quer como complemento do verbo dar (podendo ser extraído autonomamente) quer como complemento de ajuda (podendo ser extraído com este N) • Esta dupla análise dos complementos preposicionais tem a ver com o facto de o núcleo predicativo da frase ser não o verbo mas sim o par Vsup – Npred.

  21. 3. Descida do advérbio • Quando existe uma frase de núcleo predicativo verbal ou adjectival equivalente (Nominalização), os advérbios modificadores desses operadores “descem” sob a forma do adjectivo morfologicamente associado para a posição de modificador do nome predicativo: O Pedro ajudou constantemente a Inês [Nom] = O Pedro deu uma ajuda constante à Inês

  22. esta propriedade é particularmente relevante no caso de adjectivos que exprimem valores de natureza temporal-aspectual (como, p.ex., constante) • esses adjectivos são incompatíveis com os nomes não-predicativos: *O Pedro deu um livro constante à Inês

  23. 4. Substituição de Vsup • Não sendo o elemento nuclear da frase, os Vsup apresentam frequentemente variantes aspectuais e ou estilísticas: O Pedro deu ajuda à Inês O Pedro prestou ajuda à Inês • Evidentemente, um verbo pleno não pode ser substituído por outro verbo sem que o significado da frase (ou mesmo a sua aceitabilidade) se altere: O Pedro (deu + *prestou) um livro à Inês

  24. 5. Redução de Vsupe formação de grupo nominal • Na medida em que é vazio de sentido, veiculando apenas valores de natureza gramatical, o Vsup contribui com pouca ou nenhuma informação para a frase, pelo que pode reduzir-se sem que o conteúdo global da frase se altere • tal redução pode assumir diferentes formas, a mais freequente é a formação de um grupo nominal (GN) cuja cabeça é o Npred acompanhado de todos os seus argumentos

  25. A operação tem geralmente lugar no quadro de uma oração relativa: O Pedro deu uma grande ajuda à Inês [Rel]= a grande ajuda que o Pedro deu à Inês [RedVsup]= a grande ajuda do Pedro à Inês

  26. Obviamente, tal redução não pode dar-se numa frase com verbo pleno: O Pedro deu um livro à Inês [Rel]= o livro que o Pedro deu à Inês cp. *o livro do Pedro à Inês • Os grupos nominais assim formados são uma forma mais “compacta” de apresentar a mesma quantidade de informação

  27. Estes grupos nominais complexos podem então ser empregues como argumentos de outros predicados: A ajuda do Pedro à Inês foi muito oportuna O Zé criticou a ajuda do Pedro à Inês O Zé falou com a Maria sobre a ajuda do Pedro à Inês ...

  28. 6. Nomes predicativos autónomo • A importância teórica da noção de Vsup não se esgota no âmbito do estudo das relações entre construções nominais e verbais/adjectivais (nominalizações) • A teoria dos Vsup permite integrar adequadamente na base da gramática numerosos nomes predicativos que não têm uma construção verbal/adjectival associada – nomes predicativos autónomos

  29. O Zé deu uma bofetada ao Pedro [Nom.]= O Zé esbofeteou o Pedro cp. O Zé deu (um estalo + uma chapada) ao Pedro  estalar , chapar

  30. II. As noções de Npred e Vsup e o ensino da gramática Para quê conhecer as construções com Vsup e Npred ? • importância linguística do fenómeno • vários milhares de Npred, dezenas de Vsup • diferentes tipos de construção (completivas, não-completivas, simétricas, conversão, etc.) • relações sistemáticas com propriedades dos predicados verbais e adjectivais

  31. Não lhes tem sido dada a importância que talvez lhes fosse devida nos manuais escolares • praticamente ausentes das gramáticas, mesmo as de nível universitário • dificuldades várias na divulgação destes conceitos teóricos (apesar de remontarem a meados dos anos 60 e do estudo sistemático destas construções, desde há, pelo menos 25 anos)

  32. resistências “teóricas” de várias correntes linguísticas, em que se privilegia sobretudo os operadores verbais • o lugar do léxico na construção de modelos gramaticais • o seu estudo lança alguma luz sobre antigas questões e levanta novas questões sobre a sintaxe da língua

  33. em certa medida, a adopção desta perspectiva ultrapassa a simples análise linear (em constituintes) da frase, indo ao cerne da linguagem: a informação veiculada no discurso • Na análise de textos, a noção de Vsup e de Npred pode contribuir para a procura da informação e da forma como esta está estruturada

  34. III. Exercício O assalto dos bandidos à bomba de gasolina foi impedido pela rápida intervenção da GNR

  35. assalto (bandidos, bomba de gasolina) • intervenção (GNR, assalto) • rápida (intervenção) • impedido (assalto, intervenção)

  36. assalto (bandidos, bomba de gasolina): Os bandidos fizeram um assalto à bomba de gasolina • intervenção (GNR, assalto) A GNR fez uma intervenção nesse assalto • rápida (intervenção) Essa intervenção foi rápida • impedido (assalto, intervenção) Esse assalto foi impedido por essa intervenção

  37. impedido rápida Oo O assalto dos bandidos à bomba de gasolina foi impedido pela rápida intervenção da GNR assalto Onn intervençãoOno bandidosN bomba de gasolinaN GNRN assaltoO

  38. Bibliografia (selecção) Baptista, J. 1997a. Conversão, nomes parte-do-corpo e restruturação dativa. Actas do XII Encontro da Associação Portuguesa de Linguística (1996): 51-59. I. Castro (Ed.). Lisboa: APL. Baptista, J. 1997b. Sermão, tareia e facada. Uma classificação das construções conversas dar‑levar. Seminários de Linguística 1: 5-37. Faro: Universidade do Algarve. Baptista, J. 2000. Sintaxe dos Predicados Nominais construídos com o Verbo-suporte SER DE. Tese de Doutoramento. Faro: Univ. Algarve. (a publicar em: Baptista, J. 2004. Sintaxe dos Predicados Nominais com SER DE. Colecção Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Fundação para a Ciência e a Tecnologia – MCES). Chomsky, N. 1970. Remarks on Nominalizations. In R. Jacobs e P. S. Rosenbaum. Readings in English Transformational Grammar. Waltham, MA: Blaisdell. (Trad. franc. (1975). Questions de Sémantique. B. Cerquiglini (trad.):73-131. Paris: Seuil). Giry-Schneider, J. 1987. Les prédicats nominaux en français. Les phrases simples à verbe support. Genève: Droz. Gross, G. 1989. Les constructions converses du français. Genève: Droz. Gross, M. 1981. Les bases empiriques de la notion de prédicat sémantique. Langages 63: 7-52. Paris: Larousse. Gross, M. 1998. La fonction sémantique des verbes supports. Travaux de Linguistique 37: 25-46. Bruxelles: Duculot. Harris, Z. S. 1964. The elementary transformations. In Harris 1981:211-235. Harris, Z. S. 1965. Transformational theory. In Harris 1981:236-280. Harris, Z. S. 1976. Notes du Cours de Syntaxe. Maurice Gross (Trad.).Paris: Édition du Seuil. Harris, Z. S. 1978. Operator-grammar of English. Linguisticae Investigationes II: 55-92. Amsterdam: John Benjamins B.V. Harris, Z. S. 1981. Papers on Syntax. Henry Hiz (Ed.). Dordrecht: D.Reidel Publishing Company. Harris, Z. S. 1982. A Grammar of English on Mathematical Principles. Wiley-Interscience. New York: John Wiley & Sons. Harris, Z. S. 1988. Language and Information. New York: Columbia University Press. Harris, Z. S. 1991. A theory of Language and Information. A Mathematical Approach. Oxford: Clarendon Press. Marques Ranchhod, E. 1990. Sintaxe dos predicados nominais com estar. Lisboa: INIC. Meunier, A. 1981. Nominalisations d'adjectifs par verbes supports. Thèse de troisième cycle (LADL). Paris: Université Paris 7 (não publicada). Oliveira, M. E. M. 1984b. La nominalisation en V-n-dela du Portugais. Linguisticae Investigationes 7-1: 117-134. Amsterdam: John Benjamins B.V. Vaza, A. 1988. Estruturas com nomes predicativos e o verbo suporte DAR. Dissertação de Mestrado em Linguística Portuguesa Descritiva apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Lisboa: FLUL (não publicada). Vivès, R. 1984. L’aspect dans les constructions nominales prédicatives: avoir, prendre, perdre, verbe support et extensions aspectuelles. Linguisticae Investigationes 8-1: 161‑185. Amsterdam: John Benjamins B.V. Esta apresentação está disponível em: http://w3.ualg.pt/~jbaptis/equipa_ualg/

More Related