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Problemas de Análise do Discurso II: Gêneros Discursivos

Problemas de Análise do Discurso II: Gêneros Discursivos. PRÁTICAS DISCURSIVAS E ESTRATÉGIAS DE TEXTUALIZAÇÃO PROF. NELSON COSTA FLÁVIA CRISTINA CANDIDO DE OLIVEIRA SILVANA DA SILVA RIBEIRO. Definições de Gênero do Discurso I

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Problemas de Análise do Discurso II: Gêneros Discursivos

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  1. Problemas de Análise do Discurso II: Gêneros Discursivos PRÁTICAS DISCURSIVAS E ESTRATÉGIAS DE TEXTUALIZAÇÃOPROF. NELSON COSTAFLÁVIA CRISTINA CANDIDO DE OLIVEIRASILVANA DA SILVA RIBEIRO

  2. Definições de Gênero do Discurso I A noção de gênero remonta à Antiguidade, coexistindo nesse período dois tipos de atividade discursiva: uma na Grécia Pré-Arcaica – gêneros como o épico, o lírico, o dramático e o epidítico – e outra na Grécia Clássica, na Roma de Cícero, com a finalidade de fazer da fala pública um instrumento de deliberação e de persuasão jurídica e política.

  3. Em se tratando da tradição literária, os gêneros do discurso podem permitir sua seleção e classificação dentre os diferentes textos literários que pertencem à prosa ou à poesia. Em semiótica, análise do discurso e análise textual, encontra-se a noção de gênero aplicada igualmente aos textos não literários, mas com diferentes definições que coexistem e testemunham cada posicionamento teórico ao qual elas se filiam.

  4. Os pontos de vista são estes: Funcional – procura-se estabelecer funções com base na atividade linguageira, a partir das quais as produções textuais podem ser classificadas segundo o polo do ato de comunicação em direção ao qual elas são orientadas. (Jakobson (1963); Halliday (1973)) Enunciativa – iniciada por Benveniste, apoiando-se no “aparelho formal da enunciação” propôs uma oposição entre discurso e história – frequentemente reformulada em discurso vs narrativa. Textual – voltada para a organização dos textos, que procura definir a regularidade composicional desses textos. (Adam (1999)) Comunicacional – esse termo apresenta um sentido amplo com orientações diferentes. (Bakhtin (1929); Charaudeau (2000))

  5. O que a diversidade de pontos de vista mostra? “A complexidade da questão dos gêneros, incluindo as denominações, já que alguns falam de 'gêneros do discurso', outros de 'gêneros de textos', outros ainda de 'tipos de textos': Adam opõe 'gêneros' e 'tipos de textos' (1999); Bronckart opõe 'gêneros de texto e tipos de discurso' (1996); Maingueneau distingue, em relações de encaixamento, 'tipo de texto', 'hipertexto' e 'gênero de discurso' (1998); Charaudeau distingue 'gêneros e subgêneros situacionais' e, no interior desses, variantes de gêneros de discurso (2001).” (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2008, p. 251).

  6. Gênero do Discurso na concepção de Bakhtin “O gênero do discurso não é uma forma da língua, mas uma forma do enunciado que, como tal, recebe do gênero uma expressividade determinada, típica, própria do gênero dado. No gênero, a palavra comporta certa expressão típica. Os gêneros correspondem a circunstâncias e a temas típicos da comunicação verbal e, por conseguinte, a certos pontos de contato típicos entre as significações da palavra e a realidade concreta.” (BAKHTIN, 2000, p. 312).

  7. Todas as esferas da atividade humana, por mais variadas que sejam, estão sempre relacionadas com a utilização da língua, que por sua vez efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, que emanam dos integrantes duma ou doutra dessas esferas. As condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esferas são refletidas pelo enunciado, por meio de seu conteúdo (temático), por seu estilo verbal e por sua construção composicional. Estes três elementos fundem-se indissoluvelmente no todo do enunciado e todos eles são marcados pela especificidade de uma esfera de comunicação. Qualquer enunciado considerado isoladamente é individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, denominados por Bakhtin (2000) de gêneros do discurso.

  8. A heterogeneidade dos gêneros do discurso (orais e escritos) poderia nos levar a pensar que a diversidade dos gêneros do discurso é tamanha que não há e não poderia haver um terreno comum para seu estudo. O problema geral dos gêneros do discurso nunca foi colocado até então em função da diversidade funcional, porque se estudou, preferencialmente, os gêneros literários, tanto na Antiguidade quanto na época contemporânea apenas pelo ângulo artístico-literário de sua especificidade, das distinções diferenciais intergenéricas (nos limites da literatura) e não do ponto de vista de uma tipologia particular de enunciados que se diferenciam de outros tipos de enunciados, com os quais têm em comum a natureza verbal (linguística).

  9. Gênero do Discurso na concepção de Maingueneau A noção de gênero do ponto de vista comunicacional diferencia-se em duas grandes categorias de base: produções “naturais”, espontâneas, pertencentes aos gêneros primários(aqueles da vida cotidiana), e produções “construídas”,institucionalizadas, pertencentes aos “gêneros secundários”(aquelas produções elaboradas, literárias, científicas etc.) que derivariam dos primários. (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2008).

  10. Em se tratando dos gêneros do discurso foram propostos diversos modelos que mobilizaram certo número de parâmetros : Uma finalidade– todo gênero do discurso visa provocar um certo tipo de modificação da situação de que é parte, esta finalidade é indispensável para a adequação do comportamento do destinatário. Estatutos para os parceiros–a fala num gênero do discurso não parte de qualquer um e nem é dirigida a qualquer um, mas de um indivíduo detentor de um dado estatuto a outro. Circunstâncias adequadas–todo gênero do discurso implica certo tipo de lugar e de momento apropriados ao seu êxito. Não se trata de coerções “externas” mas de algo constitutivo.

  11. Um modo de inscrição na temporalidade – algo que pode ocorrer em diversos eixos como: a periodicidade (curso, missa etc.), a duração (a competência genérica dos locutores de uma comunidade indica de modo aproximado a duração de um dado gênero do discurso). A continuidade–Ex. a piada. O tempo de validade–uma revista semanal. Um suporte–rádio, telefone, jornal etc. Uma modificação do suporte material modifica radicalmente um gênero do discurso. Um plano textual–um gênero do discurso se associa a certa organização, domínio privilegiado da linguística textual. Dominar um gênero do discurso significa ter consciência mais ou menos clara dos modos de encadeamento de seus constituintes nos diferentes níveis.

  12. Certo uso da língua –todo locutor se acha a priori diante de um repertório bem amplo de variedades linguísticas. A cada gênero do discurso são associadas a priori opções de variedades que fazem as vezes de norma. Maingueneau (2006) se contrapõe à posição dos analistas de discurso que tendem a privilegiar, explícita ou implicitamente, esse ou aquele tipo de dado (a conversa, a literatura, a mídia etc.) em lugar de reconhecer de uma vez a radical diversidade das produções verbais. O autor também destaca que a partir da Antiguidade a reflexão sobre o gênero tem tido caráter heterogêneo, alimentando-se de duas tradições que, além disso, reivindicam a mesma filiação aristotélica: a da poética e a da retórica, tendo esta última proposto a célebre tripartição entre os gêneros “judiciário”, “deliberativo” e “epidítico”.

  13. “Os gêneros e subgêneros da literatura passaram ao primeiro plano com o declínio da retórica”. (MAINGUENEAU, 2006, p. 237-238). A extensão recente da noção de gênero ao conjunto das atividades verbais traz consequências significativas e a esse respeito cabe-nos observar que por um lado, a análise do discurso usa-a como uma categoria saturada de sentidos num longo percurso histórico. E de outro lado, a Literatura utiliza a categoria elaborada pela análise do discurso, categoria cujo nome lhe é familiar, mas que não é verdadeiramente a sua.

  14. Gêneros Instituídos e Gêneros Conversacionais A avaliação do estatuto dos gêneros no discurso literário requer uma distinção entre dois regimes de genericidade, que obedecem a lógicas distintas, ainda que existam práticas verbais situadas na fronteira entre eles. Gêneros conversacionais – não têm ligação estreita com lugares institucionais, papéis, nem roteiros relativamente estáveis. Sua composição e temática também são instáveis e seu quadro se transforma incessantemente por coerções locais e “horizontais” (estratégias de ajustes e negociação entre os locutores e que a eles se impõem). Gêneros instituídos –reúnem os gêneros “rotineiros” e “autorais”. Estes são geridos pelo próprio autor e eventualmente por um editor. Sua manifestação autoral pode dar-se por meio de indicação paratextual, no título ou subtítulo etc. (presentes nos tipos de discurso filosófico, religioso, político etc.).

  15. Os gêneros rotineiros são os prediletos nos estudos dos analistas do discurso (a revista, a lábia do camelô). Nestes, os papéis desempenhados pelos protagonistas são estabelecidos a priori e de modo geral permanecem estabelecidos ao longo do ato de comunicação. São eles que melhor correspondem à definição de gênero do discurso como dispositivo de comunicação entendido sócio-historicamente. A questão da fonte não tem pertinência para seus usuários e os seus parâmetros constitutivos resultam da estabilização de coerções ligadas a uma atividade verbal desenvolvida numa situação social determinada.

  16. É possível definir no universo desses gêneros uma escala que se configuram de um lado os gêneros completamente ritualizados, com margem mínima de variação (atos jurídicos) e do outro, gêneros que nos termos de um roteiro pouco restritivo ficam ao sabor das variações pessoais. Os analistas do discurso se interessam mais pelos gêneros “rotineiros”. E os “autorais” ficam para especialistas em literatura, filosofia e religião. A essa postura Maingueneau (2006, p. 240) também se contrapõe : “Não há, contudo, nenhuma razão teórica de peso para que a análise do discurso não apreenda uma parcela da produção verbal e para que os especialistas em literatura não remetam a genericidade dos textos que estudam à genericidade do conjunto das produções verbais”.

  17. Com base nisso Maingueneau (2006) defende que é mais produtivo considerar os gêneros instituídos em toda a sua diversidade e com esse espírito propõe a distinção de quatro tipos de genericidade instituída a partir da relação que se estabelece entre o que se chama de “cena genérica” e “cenografia” : Gêneros instituídos tipo 1 –não admitem variações ou admitem poucas. Os participantes obedecem estritamente às coerções desses gêneros: carta comercial, guia telefônico, formulários burocráticos. É impossível falar de autor para esses gêneros. Gêneros instituídos tipo 2 – gêneros no âmbito dos quais os locutores produzem textos individualizados, porém sujeitos a normas formais que definem o conjunto de parâmetros do ato comunicacional (telejornal, guias de viagem) e seguem em geral uma cenografia preferencial, esperada, tolerando, entretanto, desvios.

  18. Gêneros instituídos tipo 3 – não há para esses gêneros uma cenografia preferencial (propaganda, canções, programas de televisão). Saber que um dado texto é publicitário não permite prever através de qual cenografia ele vai ser enunciado. É da natureza desses gêneros incitar a inovação, que ocorre com a finalidade de capturar um público não cativo e não a função de contestar a cena genérica. Gêneros instituídos tipo 4 –trata-se dos gêneros autorais propriamente ditos, aqueles com relação aos quais a própria noção de “gênero” é problemática. Os gêneros tipos 3 e 4 estão próximos em bom número de aspectos, visto que eles não se limitam a seguir um modelo esperado, mas desejam capturar o seu público mediante a instauração de uma cena de enunciação original que confira sentido à sua própria atividade verbal, harmonizada com o próprio conteúdo do discurso.

  19. Mas os gêneros tipo 4 são por natureza “não-saturados” e sua cena genérica caracteriza-se por uma incompletude constitutiva. Cabe ao autor plenamente individualizado (associado a uma biografia, a uma experiência singulares) autocategorizar a sua produção verbal. Sua designação não pode ser substituída por outra. O rótulo conferido pelo autor caracteriza apenas uma parte da realidade comunicativa do texto e enquanto categoria depende pouco do processo de comunicação realmente envolvido. No caso dos gêneros tipo 4, estreitamente ligados aos discursos constituintes, os textos não correspondem a atividades discursivas bem balizadas no espaço social: os gêneros publicitários, televisuais e políticos estão ligados a certas atividades sociais com finalidades preestabelecidas. O autor constrói nele sua identidade por meio de sua enunciação.

  20. Hipergêneros, enquadramentos interpretativos e classes genealógicas Nos gêneros instituídos tipos 1 e 2, os rótulos genéricos nada têm de necessários. Os textos se mostram neles, por seu modo de ser, como membros desse ou daquele gênero, reconhecidos pelos agentes em função de sua competência comunicacional, mas nada impede que se acumulem o mostrado e o dito. Nos gêneros tipo 4, em contrapartida, o rótulo influi de modo decisivo na interpretação do texto, ainda que à primeira vista pareça redundante. Maingueneau (2006, p. 243) afirma que “o sentido do gesto de categorização é mais forte quando estabelece uma disparidade com aquilo que o texto parece mostrar”.

  21. Maingueneau (2006, p. 243-244) esclarece essa afirmação: “Puchkin ao chamar de “romance” Eugene Onnegin, que se apresenta no entanto como um poema longo, ou André Gide ao intitular Os subterrâneos do Vaticano (1914), que se apresenta manifestamente como romance, de “sotia”. Mas as condições de circulação e consumo das obras de Puchkin ou de Gide não teriam sofrido alterações ponderáveis se os rótulos tivessem mudado; se Gide, por exemplo, tivesse chamado sua narrativa de “viagem” ou “farsa”, e não de “sotia”. O que tem relevância é essencialmente a interpretação do texto.” O autor alerta-nos para o fato de que devemos ter o cuidado de remeter essas “disparidades” às configurações estéticas de que participam.

  22. A priori, um rótulo pode remeter mais às propriedades formais de um texto, a sua interpretação, ou a combinação de ambas. Os rótulos formais se referem a um tipo de organização textual. Não se trata de um dispositivo de comunicação historicamente definido, mas um modo de organização com fracas coerções que encontramos nos mais diversos lugares e épocas e no âmbito do qual podem desenvolver-se as mais variadas encenações da fala. (MAINGUENEAU, 2006). A partir dessa afirmação o autor ressalta a noção de hipergêneros aos quais defende tratar-se de categorizações como “diálogo”, “carta”, “ensaio”, “diário” que permitem formatar o texto.

  23. No século XVI, o diálogo constituiu a forma dominante do debate de ideias , mas no século XVII foi o hipergênero epistolar que assumiu esse lugar. Mas os verdadeiros autores “semantizam” necessariamente os modos de formatação de seus conteúdos, o que significa dizer que o hipergênero não constitui um mero molde para conteúdos independentes dele: o modo como Platão explora o diálogo forma unidade como universo de sentido que sua obra institui. Maingueneau (2006) defende que quando o rótulo se refere à interpretação do texto, pode-se falar em enquadramento interpretativo. E ilustra tal defesa, declarando que: “...Gide atribui o rótulo “sotia” a seu Os subterrâneos do Vaticano para conferir uma tonalidade bufa a uma narrativa que no entanto se apresenta como romance: ele procede a uma alteração de um gênero teatral medieval”.

  24. Em literatura ou em filosofia, a prática do “enquadramento interpretativo” é sobretudo elemento de obras posteriores ao século XVIII: o escritor, recusando a submissão às coerções preestabelecidas, pretende definir ele mesmo o estatuto de sua obra e daí advém a tendência à subversão entre categorização genérica e título. A ilustração dessa afirmação é clara em Maingueneau (2006, p. 245): “...as meditações do poeta Lamartine e as contemplações de Vitor Hugo podem ser lidas como títulos e também como rótulos genéricos do tipo 4. No caso da coletânea de Hugo – tal como no de Gide, mas de maneira totalmente distinta –, a soberania do autor se manifesta com toda a sua força: uma contemplação não é uma atividade verbal.”

  25. Os rótulos são, na maior parte das vezes, formaisesemânticos , o que ocorre com as classes genealógicas. Com essa expressão Schaeffer apud Maingueneau (2006) designa séries que se constroem graças a uma maior ou menor semelhança com uma ou várias obras prototípicas. A condição de membro de uma classe genealógica impõe coerções variáveis tanto à organização textual quanto ao sentido. Os rótulos dessas classes podem atravessar as épocas e os regimes da literatura. Em função dessas classes terem por base a uma memória partilhada a indicação de sua fonte se faz desnecessária. Entretanto, esse tipo de atividade nem sempre se funda apenas na memória coletiva das obras, baseando-se também nas atividades de linguagem que lhe são contemporâneas, categorizando no todo ou em parte a cena da enunciação construída pelo texto ao “captar” uma categoria genérica rotineira de seu tempo.

  26. Maingueneau (2006) traz importantes esclarecimentos acerca do que fora exposto: Não se podem conferir os três tipos de rótulos (hipergêneros, enquadramentos interpretativos, classes genealógicas) como estanques, porque o que os marcará será a dominância. O enquadramento interpretativo “puro” só se faz de fato presente se houver uma disparidade manifesta entre o rótulo reivindicado e a realidade comunicacional do texto.

  27. Definição de Gênero de Discurso II “A categoria gênero do discurso é definida a partir de critérios situacionais; ela designa, na verdade, dispositivos de comunicação sócio-historicamente definidos e que são concebidos habitualmente com a ajuda das metáforas do 'contrato', do 'ritual' ou do 'jogo'.”(MAINGUENEAU, 2006, p. 234).

  28. Contrato, papel e jogo Segundo Maingueneau (2001, p. 69), “para caracterizar os gêneros de discurso, costuma-se recorrer a metáforas tomadas de empréstimo de três domínios: jurídico ( contrato), lúdico ( jogo) e teatral (papel). O contrato– dizer que o gênero de discurso é um contrato significa afirmar que ele é fundamentalmente cooperativo e regido por normas. Ex.: Um jornalista assume o contrato implicado pelo gênero de discurso do qual participa.

  29. O papel – existe desde a Antiquidade uma longa tradição de moralistas que considera as interações sociais onde tudo que se faz é representar papéis. Falar de papel é insistir no fato de cada gênero de discurso implica os parceiros sob a ótica de uma condição determinada e não de todas as suas determinações possíveis. Ex.: Quando um policial verifica a identidade de uma pessoa ele intervém enquanto agente de ordem pública, não enquanto pai de uma família de três crianças, moreno, de bigode, com um sotaque toulouse ou da Alsácia etc. O jogo – falar de jogo, é de alguma forma, cruzar as metáforas do contrato, enfatizando simultaneamente as regras implicadas na participação em um gênero de discurso e sua dimensão teatral. O gênero implica assim como o jogo um certo número de regras preestabelecida, cuja transgressão exclui os participantes do jogo. Contrariamente as regras do jogo, as do discurso nada tem de rígido, pois possuem zonas de variação e os gêneros podem se transformar.

  30. Referências Bibliográficas BAKHTIN, Mikhail Mikhailovitch. “Os gêneros do discurso”. In: ____. Estética da criação verbal. Tradução: Maria Ermantina Galvão. 3 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 277-326. CHARAUDEAU, Patrick; MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de Análise do Discurso. São Paulo: Contexto, 2008. MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. Tradução: Maria Cecília Pérez de Souza-e-Silva; Décio Rocha. São Paulo: Cortez, 2001. ____. O quadro genérico. In: ____. Discurso Literário. Tradução: Adail Sobral. São Paulo: Contexto, 2006. p. 229- 246. ____. “Gênero: historicidade de um gênero de discurso: o sermão”. In: ____. Doze conceitos em Análise do Discurso. Tradução: Sírio Possenti. São Paulo: Parábola, 2010. p. 99-127. ____. “Análise de um gênero acadêmico”. Tradução: Marcela Franco Fossey. In: Possenti, Sírio; Souza-e-Silva, Maria Cecília Pérez de. (Org.). Cenas da Enunciação. São Paulo: Parábola, 2008. p. 151-180.

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