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RACISMO, CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE – uma análise com os acidentes de trabalho não-fatais

RACISMO, CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE – uma análise com os acidentes de trabalho não-fatais. Vilma Santana Universidade Federal da Bahia Instituto de Saúde Coletiva Programa Integrado de Saúde Ambiental e do Trabalhador, PISAT . Estado da arte.

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RACISMO, CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE – uma análise com os acidentes de trabalho não-fatais

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Presentation Transcript


  1. RACISMO, CONDIÇÕES DE TRABALHO E SAÚDE – uma análise com os acidentes de trabalho não-fatais Vilma Santana Universidade Federal da Bahia Instituto de Saúde Coletiva Programa Integrado de Saúde Ambiental e do Trabalhador, PISAT

  2. Estado da arte • Experiências de discriminação racial tem sido encontradas em associação com : • Aumento da mortalidade • Saúde percebida como ruim • Várias doenças físicas • Enfermidades mentais (depressão)

  3. Estado da arte • Pouco é conhecido sobre a discriminação racialk em relação a doenças ou acidentes ocupacionais • …embora vários estudos tenham focalizado desigualdadesraciais em relação a doenças e acidentes ocupacionais • Especialmente negros e hispânicos nos Estados Unidos

  4. Estado da arte • Os achados principais indicam: • Negros têm maior risco de morer por acidentes de trabalho do que os brancos (Loomis & Richardson, 1998; Stout et al, 1996) • Acidentes incapacitantes não-fataise dias perdidos de trabalho são mais comuns em negros em comparação com os brancos • (Johnson & Ondrich, 1990) • Outros autores não encontraram associação (French & Zarkin, 1990; Anderson et al., 1991)

  5. Questões raciais no Brasil • Brasil abriga a 2a. maior população negra do mundo • A escravidão de negros se manteve legalaté o final do século XIX • Apresenta uma miscigenação racial única, uma peculiaridade da nossa colonização portuguesa • E uma presumida “democracia racial” com uma forte camuflagem de uma cultura e práticas discriminatórias (social e racial)

  6. Questões raciais no Brasil • Ou seja, negros têm sido alvo de uma discriminação racial escondida • Muitos negros são pobres, têm menos anos de escolaridade, ou somente podem frequentar escolas de baixa qualidade, têm mais comumente empregos/trabalhos ou ocupações menos qualificadas, salários mais baixos, etc. • Só mais recentemente vem aparecendo estudos focalizando as relações entre raça e saúd

  7. Discriminação racial e acidentes de trabalho • Nenhum estudo foi encontrado especificamente tratando desta relação no Brasil ou no mundo

  8. Objetivo • Verificar se existe associação entre a cor da pele, a experiência de discriminação racial percebida e a incidência de acidentes de trabalho não fatais

  9. Métodos • Uma pesquisa de base comunitária realizada na cidade de Salvador, em 2000, com 2.512 famílias • População de estudo : todos os trabalhadores de 18 a 65 anos • Desenho amostral – aleatória de conglomerado, de estágio unico (usando mapas aéreos) • Coleta de dados –entrevistas individuais realizadas com entrevistadores de campo treinados

  10. Métodos • Cor da pele • Classificada pelos entrevistadores (cor da pele, traços raciais e tipo de cabelo) • Negros (1) • Mulatos (1) • Pardos (1) • Brancos (0) • Indígenas (0) • Asiáticos (0)

  11. Métodos • Discriminação racial (respostas foram somadas – pelo menos uma positiva=1, e nenhuma resposta=0) • 1)“Você já foi barrado em clubes, bailes, escolas, blocos de carnaval?” • 2) em caso positivo, “você acha que isso foi causado pela sua cor?”; • 3) “Você acha que a sua cor dificulta você obter crédito ou empréstimos no banco?” • 4) “Você alguma vez percebeu ter sido alvo de discriminação racial?” • 5) “Você já teve dificuldade de ter um contrato de trabalho por causa de sua cor”?

  12. Métodos • Acidentes de trabalho – lesões decorrentes de traumas (causas externas) resultantes de transferência súbita de energia • No local de trabalho ou indo/voltando do trabalho • (trauma repetidos crônicos não foram incluídos)

  13. Sexo Idade NSE Escolaridade Consumo de álcool (abusivo) Trabalho “perigoso” Treinamento profissional Tempo de experiência Tipo de contrato (informal) Rotatividade Covariáveis

  14. Resultados • Famílias 2.512 • População do estudo 3.255 • Perdas 212 • Aposentados 43 • Inconsistências 18

  15. Resultados • Discriminação racial percebida estava positivamente associada com: Ser jovem (<30 anos) Cor da pele negra Ter baixo NSE ter trabalho “perigoso” ou menos qualificado

  16. Resultados • Discriminação racial 16,0% • Incidência cumulativa anual 5,3% de acidentes de trabalho

  17. Outros dados • N Incidência • Negros 1.946 6,4 % • Não negros 1.309 3,7 % • Risco relativo (95% IC) 1,70 (1,23 2,35)

  18. Outros mais • N Incidência • Relataram • Discriminação racial 521 9,2 % • Não relataram • 2.734 4,6 % • Risco relativo (95% IC) 2,01 (1,46 2,77)

  19. Apenas entre os negros • Relataram Discriminação racial 521 9,2 % • Não relataram 2.734 4,6 % • Risco relativo (95% IC) 2,01 (1,46 2,77)

  20. Resultados da regressão logística (Discr racial* Acidentes de trabalho)

  21. Discussão • Alta prevalência de discriminação racial relatada • Associação forte com acidentes de trabalho • Independência das variáveis sociodemográficas, ocupacional, bem-estar e de saúde

  22. Limites • Discriminação racial relatada não especifica quando ocorreu o fato • Percepção e relato da discriminação racial pode ser mediada pela depressão ou sintomas depressivos ou consumo de álcool • ... Que necessitam ser considerados na análise

  23. Perspectivas • Melhorar a medida da exposição, considerando o tempo • Mais detalhes sobre os possíveis fatores de mediação (processo de admissão do trabalho) • Outro desenho de estudo (coorte) • Restringir para menor número de ocupações (matching)

  24. Conclusões • Discriminação racial é comum no Brasil • Discriminação racial pode ser um fator de risco para eventos de saúde do trabalhador (acidentes de trabalho) • Melhor investigacão dos mecanismos causais

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