MÉTODOLOGIA

1. Resumo N. 116 • INFLUÊNCIA DO MANEJO FLORESTAL NO ESTOQUE DE CARBONO ORGÂNICO DO SOLO NO NOROESTE DE MATO GROSSO. Daniela Pauletto1, Flávio J. Luizao2 • 1 Mestranda em Ciências de Florestas Tropicais – CFT/ INPA. E-mail: pauletto@inpa.gov.br • 2 Coordenação de Pesquisas em Ecologia – CPEC/INPA c) a) b) Figura 1 – Alguns impactos da exploração florestal madeireira: a) abertura de clareiras, exportação de carbono e nutrientes; b) abertura do dossel pelas trilhas e estradas florestais e c) danificação de árvores e aumento nos estoques de liteira. Figura 3 – Carbono orgânico no solo após extração seletiva de madeira em Juruena – MT. (SR: solo sob resíduo). Tabela 1 – Diferença (%) de carbono orgânico em amostras sob resíduos em relação à média da parcela em diferentes idades de corte florestal em Juruena – MT. MT Figura 2 – Localização e imagem da área da Rhoden Lígnea Ltda, em Juruena - MT. • INTRODUÇÃO • A exploração madeireira no Brasil tem aumentado nos últimos anos, como demonstram os dados de exportação de madeira (Aimex, 2004), sendo que, o manejo florestal sustentável tem sido apontado como a melhor opção para a exploração das florestas (Amaral et al., 1998). No entanto é importante observar o nível de perturbações causadas por esta atividade antrópica, pois o nível pode não ser compatível com a capacidade de regeneração do ecossistema (Schubart, 1982). No caso do manejo florestal na Amazônia, os cuidados devem ser redobrados, pois os recursos madeireiros encontram-se em ecossistemas heterogêneos, complexos e frágeis (Higuchi et al., 1998). Os danos da extração de madeira variam em função da intensidade da exploração (Vidal, 2004). Os impactos da atividade, como, por exemplo, aumento da suscetibilidade ao fogo e a danificação de árvores (Nepstad et al., 1999) influenciam a regeneração natural da floresta (Lima et al., 1997) e as propriedades químicas do solo (Silva et al., 1997). Neste contexto a ciclagem de nutrientes possui um papel essencial na manutenção da produtividade, principalmente nos solos amazônicos caracterizados pela baixa fertilidade. A exploração madeireira afeta a ciclagem através do aumento na deposição de resíduos, que resulta em alterações nos estoques de carbono orgânico, um dos principais componentes do solo. • RESULTADOS • Os maiores estoques de carbono foram encontrados na camada mais superficial (0-10 cm). Os valores médios dos tratamentos variaram de 9,80 a 20,0 g/kg (0-10 cm) e de 5,80 a 12,8 g/kg (10-20 cm) e não apresentaram diferenças significativas (0 -10 cm: F= 0,348; P= 0,790; n= 79; 10-20 cm: F= 0,963; P= 0,415; n= 80). No entanto, os dados das amostras sob resíduos (SR) demonstraram haver uma concentração de carbono orgânico em média 45% (0-10 cm) e 70% maior (10-20 cm) do que a média da parcela o que demonstra que a influência da exploração florestal foi restrita aos microsítios onde houve grande acumulação de resíduos vegetais. Estes aportes, que podem chegar a uma diferença de até 149%, caracterizam um importante aspecto dos impactos da exploração florestal no ecossistema florestal. • Esses altos estoques de carbono em alguns pontos da da floresta geram a criação de zonas com grande disponibilidade de nutrientes que poderão a favorecer a regeneração natural. • Sendo a decomposição dos resíduos vegetais a fonte de carbono orgânica em ecossistemas naturais é importante o monitoramento dos impactos da atividades florestais para o entendimento da dinâmica de decomposição em longo prazo. • OBJETIVO Avaliar o estoque de carbono orgânico do solo em áreas com diferentes idades de corte seletivo de madeira em Juruena – MT. MÉTODOLOGIA A área de estudo está localizada em uma Floresta Ombrófila Aberta Submontana, com palmeira, localizada na Fazenda da Rohden Lígnea S.A., município de Juruena-MT. A temperatura média local é de 27ºC e a precipitação anual média é de 2100 mm com estações seca (novembro a abril) e chuvosa bem definidas. O tipo de solo predominante no município é o Podzólico Vermelho-Amarelo, com textura argilosa, ocorrendo também solo Litólico e Latossolo-Vermelho Amarelo. Na área de estudo a exploração seletiva de madeira foi iniciada em 1992 e para o presente trabalho, foram escolhidas três idades de corte seletivo (2, 6-7 e 11-12 anos) e uma área não-perturbada como testemunha. O solo foi coletado no final da estação chuvosa (abril-maio/2004), em duas profundidades (0-10 e 10-20 cm). Para a determinação do teor de carbono utilizou-se o método de Walkley & Black. • CONCLUSÕES • A decomposição dos resíduos da exploração florestal gera um “mosaico” de estoques de carbono no solo, que poderá favorecer a regeneração natural; • A camada mais superficial (0-10 cm) apresentou os maiores estoques de carbono; • A exploração florestal não causou influência significativa nos estoques de carbono no solo, nas três idades analisadas, em comparação à floresta não explorada. Agradecimentos: A Rohden Lígnea Ltda pelo apoio logístico e autorização do desenvolvimento da pesquisa em sua propriedade. Ao projeto LBA/ECO – ND11 pelo financiamento do projeto de pesquisa.