50 likes | 132 Views
Gaia, a residence for the elderly, draws inspiration from Greek cosmogony. Recognizing the uniqueness of each senior, Gaia provides a safe space for those no longer living with family. Through a structured daily routine and engaging activities, the elderly at Gaia find a sense of belonging and purpose, fostering erudition and combating ignorance. The facility's interdisciplinary approach, including psychoanalysis, social services, and physical therapy, aims to empower seniors to express themselves and engage with the community.
E N D
Para a Psicanálise, deter-se na letra, na palavra, é o básico. A Gaia – residência de idosos nasceu inspirada na cosmogonia grega. No princípio era a desordem – o indeterminado, tudo e nada. Então, Gaia e Éter, separando-se constroem a diferença: terra e ar, nomeados, unem-se para procriar o Universo. Hesíodo, constrói a ordenação do mundo, organizando a cena aonde a vida passa a protagonizar-se em História. É admirável que em se tratando de velhos, afinal é disso que se trata na História, sempre, sempre nos deparamos com o novo. Hoje sabemos que caso essa premissa – o novo – não se confirme, temos um diagnóstico: não houve trabalho! Funciona assim, o trabalho: pegamos a palavra asilo e vamos ao dicionário, que é um bom lugar de trânsito, quando precisamos saber. No Larousse, encontramos: Uma Interlocução
“Lugar onde se está em segurança – achar asilo em casa de amigos. Refúgio, abrigo. Estabelecimento ou instituição de caridade que abriga crianças desvalidas ou velhos desamparados. Direito de asilo - o que outrora se reconhecia aos criminosos que se refugiavam nas igrejas. Asilo político, o que alguns países garantem aos exilados ou banidos por motivos políticos”. Então nós, a Gaia, nomeada pelo estado como Asilo, somos o lugar onde o velho está em segurança, em casa de amigos? Abrigamos velhos desamparados? Criminosos? Exilados políticos? Sim, é isso! Estamos falando de gente num país recentemente envelhecido, da diversidade das "gentes" que a velhice não nivela. Cada velho, apesar da idade, das marcas, dos efeitos; continua singular e múltiplo como qualquer um de nós. Mas então, qual é a especificidade e então por que uma casa de velhos? E de velhos dependentes e demenciados?
1º ponto: por que não no seio da família? Porque a família não quer ou não pode ou não quer e não pode. A Sociologia ajuda: nova configuração doméstica (separações, outros casamentos), novo ritmo de trabalho, nova relação com o tempo, laços esgarçados, mas sobretudo – ignorância: "meu pai não é mais o mesmo... é muito triste". 2º ponto: a casa não é mais a referência do encontro, e o nosso velho, desamparado pelo Tempo, está acuado em um exílio voluntário, refém das limitações, das demências, principalmente do medo mesmo que travestido em aceitação ou indiferença ou revolta. É muito triste, a velhice... Como operar com isso? Transmutando a ignorância em saber.
Na Gaia, o velho depara-se com uma nova língua e um continente de pares. No geral, ele, cada um, é o único que não é tão velho. Esse pequeno detalhe já faz a diferença. Finalmente uma satisfação – a mágica da alquimia: cada um deles é o melhor de todos. E é com esse "ouro" que vamos operar: a ordem cosmogônica que fundou o mundo, organizando a cena: Rotina - claras distinções entre público e privado - manhã (privado): banhos, limpeza da casa, rotinas domésticas, rádio ligado, sol, barulho de panelas, baldes, vassouras, encontros espontâneo entre eles. - tarde (público): após o almoço e a sesta, atividades. Batom, cabelos e unhas, visitas, formalidades. Coral, espaço lúdico, tapeçaria, novena, tarde cultural (leitura e interação). - noite: estagiários de programas comunitários com dois objetivos: troca com jovens e planejamento/execução de atividades externas como visitas a museus e teatros "Programa Velho em Casa é Velho sem Asa". E intenção de instigar a comunidade que se ressente com a exposição e as limitações dos idosos.
Lembrando: o fio condutor de todo o trabalho é o de transmutar ignorância em erudição. E nisso todos os agentes estão envolvidos: o próprio velho, a família, a Gaia (equipes operacional e técnica), equipe multidisciplinar e comunidade. Como: produção científica e debate filosófico, treinamento das equipes operacional e técnica, interlocução constante com famílias e equipes multidisciplinares (médicos, nutricionistas, dentistas, cabeleireiros, manicures, pedicures, artistas e poucos, muito poucos, voluntários. Tripé técnico: psicanálise, serviço social, fisioterapia. Foco: para nós é essencial que o velho tenha um lugar e para isso é necessário que ele fale, como puder. Coordenação Técnica: Nora D'Aquino Psicanálise - Gerontologia - Sociologia 3264-7324 - Curitba-PR