CURSO INTRODUTÓRIO À CIÊNCIA POLÍTICA

1. CURSO INTRODUTÓRIO À CIÊNCIA POLÍTICA Profa. Dra. Jane de F. S. Rodrigues agosto/2013

2. Política • O termo política tem a ver com o exercício de alguma forma de poder e as múltiplas conseqüências desse exercício • A política tem duas faces: - um interesse - uma decisão • A política passa a ser entendida como um processo através do qual interesses são levados à formulação de decisões efetivas • Não há política sem objetivos concretos • Não há política sem interesse

3. .....Política • A política é uma arte porque requer talento especial de quem pratica, uma sensibilidade, um jeito especial • A política é uma ciência pois é possível sistematizar cientificamente o que se observa e se infere, a respeito de como o ser humano se conduz em relação ao poder • A política é uma filosofia pois haverá sempre lugar para perguntas filosóficas que estão na raiz de alguns dos mais importantes conflitos da história da humanidade • A política é uma profissão, é através dela que nos governamos, que ordenamos nossa vida em comunidade

4. POLÍTICA • A palavra política compreende três significados: - o de governo, entendida como direção e administração do poder público, sob a forma do Estado. Nesse sentido, refere-se à ação dos governantes que detêm a autoridade para dirigir a coletividade organizada em Estado. É algo geral que concerne à sociedade como um todo, definindo leis e costumes, garantindo direitos e obrigações, criando espaço para contestações através da reivindicação, da resistência e desobediência; - o de atividade realizada por especialistas: os administradores, os políticos; os partidos, ou seja está relacionada à ação de especialistas e profissionais; política universitária, política hospitalar, política sindical, política da empresa, etc; - o de politicagem que resulta em uma visão pejorativa da política pois está eivada de interesses escusos, ilegítimos e ilícitos. Este terceiro significado é maléfico para a sociedade.

5. POLÍTICA • Bobbio afirma que o conceito de política esta estreitamente ligado ao “poder” e este é definido como a posse dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados. • No conceito de política devem estar incluídos dois elementos: poder e interesse público ou “bem comum”. • A ação política tem duas características básicas: - diz respeito ao exercício do poder - está vinculada ao interesse público ou “bem comum”. Pode-se dizer que a política consiste fundamentalmente em dirigir o poder (isto é, a força e os recursos da sociedade) no sentido do bem comum, do interesse público, do bem estar da população. É preciso distinguir duas modalidades de ação política: a política do interesse público e a política de interesses pessoais ou particulares, esta leva à política fisiológica que promove o clientelismo, favorece a corrupção e cria um clima de negocismo à custa dos recursos públicos.

6. Poder • O poder é fenômeno presente nas mais diversas modalidades do relacionamento humano e consiste na faculdade de alguém impor a sua vontade a outrem • Bases do poder: - poder coercitivo - poder de recompensa - poder legítimo - poder do talento/perícia - poder de referência

7. Poder Poder coercitivo: baseado no medo • O Estado usa forças militares e recursos legais para intimidar outras nações, ou até seus próprios cidadãos • O mundo empresarial utiliza o controle dos recursos econômicos • As religiões ameaçam com a perda da graça divina • No nível individual: força física, facilidade verbal, recusa de apoio material ou moral

8. Poder Poder de recompensa: submissão obtida com base na capacidade de distribuição de recompensas vistas como valiosas pelos outros. Poder de talento/perícia: resultado de uma posição na hierarquia formal das organizações sociais (cargos de direção, presidência, gerência, etc).

9. PODER • Poder de referência: influência baseada na posse, por uma pessoa de traços pessoais ou recursos desejáveis. Emana da admiração pelo (a) outro (a) e o desejo de se parecer com ele (ela).

10. PODER • Táticas ou estratégias de poder: -razão: utilização de fatos e dados para elaborar uma apresentação lógica ou racional das idéias; -amabilidade: utilização de elogios, criação de um clima de boa vontade, postura humilde; -coalizão: obtenção de apoio

11. PODER • barganha: uso de negociação através de troca de benefícios ou favores; • afirmação: utilização de abordagem direta, ordem, regra e obediência; • sanções: utilização de recompensa e punições, ameaças, promessas e promoções. O poder só pode ser visto, avaliado e sentido quando é exercido. É em ação que se avalia o poder.

12. PODER • As dimensões do poder: - é constitutivo de toda a interação social - é intrínseco aos atores sociais - é relacional, envolve relações de dependência e autonomia - não é só dominação mas também resistência e contra resposta dos dominados - é entendido como um processo e como os atores sociais constroem-no rotineiramente, mantêm e também transformam suas relações de poder.

13. Liderança • É a capacidade de influenciar um grupo em direção à realização de metas. - os líderes utilizam o poder como meio de atingir os objetivos do grupo ( poder é o meio de facilitar suas conquistas) - a liderança requer congruência entre os objetivos do líder e os daqueles que são liderados - a liderança enfoca a influência descendente do líder sobre o liderado - a liderança enfatiza a questão do estilo

14. TIPOS DE LÍDERES • Estrategistas: são objetivos e com visão de futuro. Deixam como legado o método. • Teóricos: teem forte poder intelectual, mergulham com intensidade nas questões teóricas, dissecam e diagnosticam problemas como ninguém. Deixam idéias originais com marcas próprias. • Inspiradores: entendem as demanadas do povo, suas paixões, conseguem associar-se emocionalmente às pessoas. São habilidosos nos relacionamentos interpessoais.

15. LÍDERES DEVEM POSSUIR: • Método • Teoria • Sensibilidade • Postura • Equilíbrio • Talento • Determinação • Eloquência • Agressividade • Carisma

16. TIPOS DE LIDERANÇA POLÍTICA Líder de Massa é aquele vocaliza os interesses do grupo, arregimenta adeptos, mobilizando-os • Domina, a arte da comunicação: a retórica e os símbolos. Atua nas plenárias, nos palanques, nos púlpitos e nas tribunas, no rádio e na TV; agita a audiência e conquista adeptos

17. Líder de massa • Pode ou não ser o demagogo; ainda que seu discurso esteja limitado a encontrar “o ponto certo” – o “ponto certo” de um discurso pode ser também o arroubo; dependerá das circunstâncias • coloca-se como persona política admirável; estabelecer como referência para um grupo de adeptos numeroso e politicamente relevante. Vocaliza críticas (moralistas ou não) e/ou representa projetos de mudança ou transformação substantiva; o importante é que tenha apelo na audiência e no grupo de adeptos. • Na História do Brasil, pode-se puxar à memória nomes como Carlos Lacerda e Jânio Quadros; João Goulart e Leonel Brizola

18. Líder de massa • Não possui, necessariamente, a real visão de projeto, de rumo e caminho para o futuro para onde queira conduzir seus adeptos e a totalidade da sociedade – pode ser apenas retórico; dificilmente se notabilizará como estrategista político. É facilmente classificado como populista – por conta de seu fácil apelo popular. Nem sempre com justiça

19. Líder Político • Trata-se do indivíduo capaz de formular, articular e conduzir processos políticos fundamentais. A articulação é mesmo seu habitat natural; sua capacidade de elaborar e/ou vocalizar propostas é muito relevante, mas ainda mais importante é sua habilidade de, por meio do diálogo e da persuasão, construir consensos e ou estratégias políticas de poder

20. Líder Político • Tem sempre em mente o projeto e sabe o rumo, intui o caminho, coloca-se à frente do processo (ou pelo menos pari passu ao processo); a estratégia é seu ponto forte. Ainda assim, faltam-lhe as massas; não arrebata as multidões; nem sempre é extraordinário tribuno, nem sempre se notabiliza por uma comunicação ampla e aberta • Diferencia-se muito mais pela sabedoria, pela sagacidade, pela prudência, comedimento e pela enorme capacidade de leitura das circunstâncias; conhece tão bem o potencial de seu grupo, como a natureza de suas limitações

21. Líder Político • Diferencia-se muito mais pela sabedoria, pela sagacidade, pela prudência, comedimento e pela enorme capacidade de leitura das circunstâncias; conhece tão bem o potencial de seu grupo, como a natureza de suas limitações • e ainda que possa ser um bom e elegante tribuno – excessivamente intelectualizado talvez -, seduz apenas pequeno e seleto grupo de adeptos, uma elite política que o assimila e acompanha

22. Líder Político . Normalmente, é o “líder político dos políticos”; seus críticos o chamarão de “raposa”. • Na História do Brasil, podem ser resgatados, entre outros, os exemplos de Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Thales Ramalho, Golbery do Couto e Silva, Petrônio Portela.

23. Líder Político de Massa • É aquele reúne as melhores competências dos dois anteriores: comunica-se tão bem com as massas quanto é capaz de articular e negociar em pequeno grupo. Faz-se acompanhar por vastos setores, reúne em torno de si o povo e a elite; é, ao mesmo tempo, estratégico e arrebatador • Extrapola seu grupo social, não raro controla e conduz mais do que um único partido, expressando sua ascendência sobre setores não apenas distintos como até mesmo contraditórios

24. Líder Político de Massa • passará para a História de um modo muito mais contundente e indiscutível que os demais – os dois tipos anteriores. • suas realizações são discutíveis e a exemplo dos demais será igualmente criticados por defeitos aparentemente contraditórios: ao mesmo tempo será tachado como demagogo (populista) e “raposa” (elitista). O melhor exemplo que podemos buscar na história é, naturalmente, o de Getúlio Vargas.

25. FRASES INTERESSANTES • O líder é alguém que nos inspira a não "apequenar" a vida, o trabalho, a empresa, a comunidade, a nação, o mundo. - Mário Sérgio Cortella – É melhor liderar a partir da rectaguarda e colocar outros à frente, especialmente quando estamos a celebrar uma vitória por algo de muito bom que aconteceu. Mas deves tomar a linha da frente quando há perigo. Desta forma as pessoas irão apreciar a tua liderança. - Martin Luther King - Líderes vão e vem, mas o povo permanece. Apenas o povo é imortal. - Joseph Stalin - Um líder é um vendedor de esperança. - Napoleão Bonaparte - O consenso é a negociação da liderança. – Margareth Thatcher – Se precisar provar, então não é líder. – Margareth Thatcher -

26. IDEOLOGIA É o conjunto de NORMAS, CRENÇAS e VALORES aceitos pela maioria dos membros de grupos influentes na sociedade, com a função de justificar seus interesses de alcançar as metas propostas. • NORMAS: são regras ou padrões aceitos pelos membros de uma sociedade e que especificam os pormenores de comportamento apropriados ou inadequados em situações padronizadas ( como ambiente de trabalho, nos relacionamentos sociais e em solenidades) indicando as recompensas e as punições para quem a elas se conformar ou se desviar. • CRENÇAS: São todas as cognições (idéias, tradições, superstições, mitos e lendas) aceitas pelos membros de uma sociedade. • VALOR: é uma classe importante de crenças aceitas pelos membros de uma sociedade, referentes ao que é desejável, “bom” ou que deve ser aceito. Esses são valores positivos, sendo negativos os que se referem ao indesejável, “mau” ou que não deve ser aceito.

27. IDEOLOGIA • O termo aparece pela primeira vez em fins do século XVIII, no seu sentido básico de estudo das idéias, por D. Tracy • No século XIX a palavra adquiriu uma conotação pejorativa: idéias abstratas e enganadoras • Na concepção marxista (séc. XIX) a ideologia aparece substituindo o papel que, antes dela, tinham os mitos e as teologias. Surge no lugar das divindades e encontra-se nas idéias de: Homem, Pátria, Família, Escola, Progresso, Ciência, Estado, Justiça, etc. • Com a ideologia, a explicação sobre a origem dos homens, da sociedade e da política encontra-se nas ações humanas, entendidas como manifestações da consciência ou das idéias.