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Profª. Mara Magaña

SIMBOLISMO. Profª. Mara Magaña. SIMBOLISMO. A valorização da Música. Simbolismo.

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Presentation Transcript


  1. SIMBOLISMO Profª. Mara Magaña

  2. SIMBOLISMO A valorização da Música

  3. Simbolismo • O Parnasianismo trouxe ao panorama literário brasileiro a valorização excessiva da forma. No último decênio do século XIX tomou impulso outro movimento, que, apesar de não abafar o Parnasianismo, constituiu ponto de partida para a recuperação da musicalidade da expressão poética.

  4. Poema de Cruz e Sousa • Busca palavras límpidas e castas, • novas e raras, de clarões ruidosos, • dentre as ondas mais próximas, mais vastas • dos sentimentos mais maravilhosos. ------------------------------------------------------- Enche de estranhas vibrações sonoras a tua Estrofe, majestosamente... põe nela todo o incêndio das auroras para torná-la emocional e ardente.

  5. (continuação) • Derrama luz e cânticos e poemas • no verso, e torna-o musical e doce, • como se o coração nessas supremas • Estrofes, puro e diluído fosse. • O autor dá muita atenção ao cuidado que deve ter o poeta com a linguagem.Propõe palavras que tenham grande poder de sugestão, que transmitam musicalidade aos versos.

  6. Simbolismo • Em vez de querer a palavra exata ou o termo que melhor descreva um objeto, o autor incita o poeta a tornar seu verso “musical e doce” e o poema, “emocional e ardente”, como se o próprio coração fosse diluído nas estrofes. • Temos a valorização do ritmo, das sensações, das sugestões, do indefinível.Enquanto o Parnasianismo compara o poeta a um ourives, o Simbolismo o aproxima de um músico, que em vez de sons, trabalhasse com palavras que têm o poder de evocar sentimentos e emoções, mas não o sentimentalismo choroso e superficial dos românticos e sim os profundos anseios e angústias que atormentam o espírito sensível do poeta.

  7. Música da Morte • A música da morte, a nebulosa, • estranha, imensa música sombria, • passa a tremer pela minha’alma e fria • gela, fica a tremer, maravilhosa... • Onda nervosa e atroz, onda nervosa, • letes sinistro e torvo de agonia, • recresce a lancinante sinfonia, • sobe numa volúpia dolorosa...

  8. Música da morte(continuação) • Sobe, recresce, tumultuando e amarga, • tremenda, absurda, imponderada e larga, • de pavores e trevas alucina... • E alucinando e em trevas delirando, • como um ópio letal, vertiginando, • os meus nervos, letárgica fascina...

  9. Características do Simbolismo • Preocupação formal que se revela na busca da palavra de grande valor conotativo e ricas em sugestões sensoriais; o simbolista não pretende descrever a realidade, mas sugeri-la. • Comparação da poesia com a música. • A poesia é encarada como forma de evocação de sentimentos e emoções • Alusões a elementos evocadores de rituais religiosos(incenso, altares, cânticos, arcanjos,salmos, etc.), impregnando a poesia de misticismo e espiritualidade. • Preferência por temas subjetivos que tratem da Morte, do destino, de Deus. • Enfoque espiritualista da mulher, envolvendo-a num clima de sonho onde predomina o vago, o impreciso e o etéreo.

  10. Origens do Simbolismo • O movimento simbolista é de origem francesa e seu marco inicial no Brasil é a publicação em 1893, de dois livros de Cruz e Sousa: Missal(poemas em prosa) e Broquéis(poesias) • Por seu subjetivismo, o Simbolismo apresenta algumas semelhanças com a poesia romântica, porém a grande diferença reside na linguagem bem mais trabalhada dos simbolistas, que procuram obter vários efeitos rítmicos e sonoros.Mostram gosto por vocabulário litúrgico e religioso, o que dá a seus textos um ar de misticismo e espiritualidade ausente no Romantismo. • Simbolistas brasileiros: Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens, Pedro Kilkerry, Dario Veloso, Emiliano Perneta.

  11. O Simbolismo não suplantou o Parnasianismo • O Parnasianismo, com sua linguagem ornamentada,acabou dominando o nosso panorama literário, tendo sido criticado e abandonado somente após a década de 1920. • Para Alfredo Bosi “O Parnasianismo é o estilo das camadas dirigentes da burocracia culta e semiculta, das profissões liberais habituadas a conceber a poesia como a linguagem “ornada”, segundo padrões já consagrados que garantam o bom gosto da imitação”Isso fez com que a linguagem parnasiana fosse considerada uma espécie de linguagem literária oficial do Brasil, praticada por todos que se diziam literatos e respaldada pela Academia Brasileira de Letras, fundada nesse período e onde tiveram assento poetas parnasianos.

  12. Simbolismo • O Simbolismo ficou restrito a poucos escritores não conseguindo penetrar em círculos literários mais amplos; assim, não pode exercer o papel que exercera em outros países, onde libertou a linguagem poética, abrindo caminho para experimentações ousadas e pesquisas estéticas, que criaram um clima estimulante para o advento da poesia moderna. • No Brasil foi preciso esperar a geração modernista de 1920 para que o provincianismo e as limitações da poesia parnasiana fossem vigorosamente combatidas, cedendo espaços a produções literárias mais criativas.

  13. João da Cruz e Sousa • Nasceu em 1861 em Santa Catarina e morreu em 1898 em Minas Gerais. • Filho de ex-escravos, teve uma vida de padecimentos, além de sofrer o preconceito racial. • É considerado o melhor poeta do Simbolismo e um dos mais destacados de nossa literatura. • Seus livros: Missal(poemas em prosa)e Broquéis(poesias)únicas obras publicadas em vida que dão origem ao Simbolismo no Brasil.

  14. Cruz e Sousa • Apresenta preocupação formal herdada do Parnasianismo, mas seus temas se baseiam em torno dos mistérios da vida e da morte, do enigma da existência de Deus, voltando-se frequentemente para os marginalizados e miseráveis. • Sua linguagem é exuberante e riquíssima, utilizando as camadas sonoras das palavras e obtendo bons efeitos fônicos e grande musicalidade, sobretudo nos poemas longos. • Seu apelido: O Dante Negro. • Poemas: Vida Obscura, Triunfo Supremo, Sorriso Interior, Monja Negra. • Livros: Tropos e Fantasias,Evocações, Faróis, Últimos Sonetos.

  15. Cárcere das Almas • Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, • Soluçando nas trevas, entre as grades • Do calabouço olhando imensidades, • Mares, estrelas,tardes, natureza. • Tudo se veste de uma igual grandeza • Quando a alma entre grilhões as liberdades • Sonha e sonhando, as imortalidades • Rasga ao etéreo Espaço da Pureza.

  16. Cárcere das Almas(continuação) • Ó almas presas, mudas e fechadas • Nas prisões colossais e abandonadas, • Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! • Nesses silêncios solitários, graves, • Que chaveiro do Céu possui as chaves • Para abrir-vos as portas do Mistério?!

  17. Região Azul • As águias e os astros abrem aqui, nesta doce, meiga e miraculosa claridade azul, um raro rumor de asas e uma rara resplandecência solenemente imortais. • As águias e os astros amam esta região azul, vivem nesta região azul, palpitam nesta região sul.E o azul, o azul virginal onde as águias e os astros gozam, tornou-se o azul espiritualizado, a quinta-essência do azul que os estrelajamentos do Sonho coroam. • Músicas passam, perpassam, finas, diluídas, finas, diluídas, e delas, como se a cor ganhasse ritmos preciosos, parece se desprender, se difundir uma harmonia azul, azul de tal inalterável azul, que é ao mesmo tempo colorida e sonora, ao mesmo tempo cor e ao mesmo tempo som...

  18. Região Azul(continuação) • E som e cor e som e cor, na mesma ondulação ritmal, na mesma eterificação de formas e volúpias, conjuntam-se, compõem-se, fundam-se nos corpos alados, integram-se numa só onda de orquestrações e de cores , que vão assim tecendo as auréolas eternais das Esferas... • E dessa música e dessa cor, dessa harmonia e desse virginal azul vem então alvorando, através da penetrante, da sutil influência dos rubros Cânticos altos do sol e das soluçadas lágrimas noturnas da lua, a grande Flor original, maravilhosa e sensibilizada da Alma, mais azul que toda a irradiação azul e em torno à qual as águias e os astros, nas majestades e delicadezas das asas e das chamas, descrevem claros, largos giros ondeantes e sempiternos.

  19. Afonso Henriques da Costa Guimarães • É conhecido como Alphonsus de Guimaraens. • Nasceu em 1870 em Minas Gerais e aí falecido em 1921. • Levou uma vida solitária. • Sua poesia é espiritualista, com rituais religiosos, sonhos e melancolia. • Linguagem simples de grande efeito musical. • Obras: Setenário das Dores de Nossa Senhora, Câmara Ardente, Dona Mística,Kiriale, Pauvre Lyre, Pastoral aos crentes do amor e da morte, Escada de Jacó, Pulvis, Nova Primavera e Salmos da Noite.

  20. Soneto • Lua das noites pálidas!alheia • Ao sofrimento humano, segues no alto... • Ao ouvir-te as baladas de sereia, • Soluçam corações em sobressalto. • És minguante, és crescente, és nova e cheia, • E sempre que tu vens, é um novo assalto • Misterioso à pobre alma que vagueia, • Caravela perdida no mar alto...

  21. Soneto(continuação) • Atrás de ti partem gemidos:corre • O pranto ao ver-te, pela face nua • De quem de mágoa e de saudades morre... • Vais perfumando, além, montes e vales: • E nem presumes, por acaso, ó lua, • Que foste a causadora dos meus males.

  22. Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos • Nasceu em 1884, na Paraíba, e faleceu em 1914, em Minas Gerais. • A originalidade de sua obra vem do vocabulário tirado das ciências biológicas, da matéria em decomposição. • É “o cantor da poesia de tudo quanto é morto” e a musicalidade e o poder de sugestão de seus versos revelam as raízes simbolistas de sua poesia.Usa palavras estranhas e inusitadas; criou efeitos rítmicos e sonoros, uma das causas da atração que sua obra exerce sobre nossa sensibilidade.

  23. Psicologia de um Vencido • Eu, filho do carbono e do amoníaco, • Monstro de escuridão e rutilância, • Sofro, desde a epigênese da infância, • A influência má dos signos do zodíaco. • Profundissimamente hipocondríaco, • Este ambiente me causa repugnância... • Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia • Que se escapa da boca de um cardíaco.

  24. Psicologia de um Vencido(continuação) • Já o verme – este operário das ruínas – • Que o sangue podre das carnificinas • Come, e à vida em geral declara guerra, • Anda a espreitar meus olhos para roê-los, • E há-de deixar-me apenas os cabelos, • Na frialdade inorgânica da terra!

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