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Memórias Póstumas de Brás Cubas Machado de Assis Ana Cristina R. Pereira

Memórias Póstumas de Brás Cubas Machado de Assis Ana Cristina R. Pereira. Memórias póstumas de Brás Cubas. Publicação(Em livro = 1881) As “As Memórias Póstumas de Brás Cubas” são um romance (Capistrano de Abreu)? Obra de filosofia social?

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Memórias Póstumas de Brás Cubas Machado de Assis Ana Cristina R. Pereira

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Presentation Transcript


  1. Memórias Póstumas de Brás CubasMachado de AssisAna Cristina R. Pereira

  2. Memórias póstumas de Brás Cubas • Publicação(Em livro = 1881) • As “As Memórias Póstumas de Brás Cubas” são um romance (Capistrano de Abreu)? • Obra de filosofia social? “Há, na alma deste livro, por mais risonho que pareça, um sentimento amargo e áspero, que está longe de vir dos seus modelos.” (Machado de Assis - Prólogo da quarta edição – 1889)

  3. Capítulo IV, “Memórias Póstumas de Brás Cubas.” • “... Este livro é escrito com pachorra (lentidão), com a pachorra de um homem já desafrontado da brevidade do século, obra supinamente (elevadamente) filosófica, de uma filosofia desigual, agora austera, logo brincalhona, coisa que não edifica nem destrói, não inflama nem regela, e é todavia mais do que passatempo e menos do que apostolado (propaganda de uma doutrina).” • Mais que romance e menos que filosofia. • Narrativa lenta e de “filosofia desigual”.

  4. A “viravolta machadiana” Abandono da perspectiva acanhada e provinciana por outra universal e filosófica.

  5. FASE REALISTA? • “É a taça que pode ter lavores de igual escola (Realista), mas leva outro vinho.” (Machado de Assis - Prólogo da quarta edição – 1889) • Obra da chamada “fase realista” de Machado. • Caráter, aparentemente, verossímil, mas que também promove o desacato aos pressupostos da ficção realista.

  6. Romance realista? • Sem abdicar da precisão de estilo, da representação de personagens verossímeis, da recomposição dos espaços, da condição social da personagem, ou seja, de elementos do Realismo, Machado destrói, paradoxalmente, através de sua corrosiva ironia, a transparência da prosa realista.

  7. Realismo e Alegoria • O indivíduo, na obra machadiana, muitas vezes, não supera seus conflitos e se metamorfosea em alegoria de um conceito e, melancolicamente, se torna abstrato. • Brás Cubas = todas as suas transgressões e atitudes mesquinhas expressam a falta de ética e escrúpulos de uma elite escravocrata e tacanha do Brasil do século XIX.

  8. A dedicatória em forma de epitáfio (inscrição tumular) Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas

  9. A dedicatória • Chocante ou irônica pouco importa... Fugindo ao senso comum, Brás Cubas dedica suas memórias aos vermes, como se não houvesse alguém digno de lembrança, deixando em evidência as “tintas” de seu pessimismo, através de sua pena carregada de humor.

  10. O defunto autor = NARRADOR

  11. Por que um “defunto autor”? • A) Símbolo do fim da concepção romântica. • B) Desafio do escritor frente às propostas do Real-Naturalismo, já que uma fala vinda do túmulo contrariava os princípios de racionalidade e verossimilhança.

  12. Por que um “defunto autor”? • C) A idéia machadiana de que só um morto poderia apresentar os fatos de sua existência sem escrúpulos, sem fantasias e sem temor da opinião pública.

  13. Por que um “defunto autor”? • Enfim: Só um morto – por não ter nada a perder – revelaria seus intuitos mesquinhos, seu egoísmo, sua impotência para a vida prática e sua desesperada sede de glória.

  14. O prólogo: Aoleitor • Referências: • Stendhal = (pseudônimo de Henri Beyle) escritor francês romântico que abordou, em seus romances, paixões violentas e perfis irônicos e psicológicos de seus personagens (Obra mais famosa = O vermelho e o negro – Sua obra de “cem leitores” = Do Amor)

  15. Prólogo: Aoleitor • Recepção da obra: • “... O que não admira, nem provavelmente consternará, é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinqüenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco... Fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.”

  16. Prólogo: Ao leitor • Referências: • Sterne = escritor inglês • Xavier de Maistre = escritor francês • Ambos de estilo digressivo e irônico (autores admirados por Machado) • “Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia” = Visão irônica e pessimista.

  17. Prólogo: Ao leitor • Diálogo com o leitor = sugestão = que o leitor mude sua postura e prefira a reflexão do que a anedota, ou... • “... se te agradar , fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.”

  18. Ironia ao leitor • O leitor também é parte, além dos personagens e seus atos, da “galhofa” do autor.

  19. Capítulo LXXI(71) O senão do livro “Começo a arrepender-me deste livro... é enfadonho, cheira a sepulcro... porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem...”

  20. A estrutura narrativa • O diálogo constante com o leitor e as interrupções na narrativa para digressões, saltos de um assunto para o outro, do particular para o geral, do abstrato para o concreto e vice-versa, do real para o imaginário, as pilhérias, as teorias filosóficas, as citações, as teorizações sobre a própria técnica narrativa, a metalinguagem...

  21. A estrutura narrativa • ... constituem inúmeros subterfúgios que tornam a história contada por Brás um mosaico de peças, aparentemente desconexas, que formam uma narrativa deestrutura híbrida (irregular), descontínua, com capítulos que se intercalam a outros produzindo a quebra da linearidade do enredo.

  22. A estrutura narrativa • Entretanto, todos esses aspectos não deixam de estarem ligados a um fio condutor que é a própria vida do defunto autor, marcada pelo tédio e pelo vazio.

  23. O NARRADOR BRÁS CUBAS

  24. O NARRADOR BRÁS CUBAS • NARRATIVA EM 1ª PESSOA • NARRADOR INVENTIVO, PATIFE, CÍNICO, VOLÚVEL E UM TANTO APALHAÇADO.

  25. O NARRADOR BRÁS CUBAS • Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra em que os acontecimentos ou sua seqüência são menos importantes do que a atmosfera de ambigüidade que perpassa toda a narrativa. Se num momento o narrador se mostra humilde, noutro se proclamará superior a tudo e a todos;...

  26. ... trata-se, portanto, de um “narrador não confiável e volúvel” que, com sarcasmo, cinismo e tédio, expõe sua mediocridade, como salienta no célebre capítulo “Curto,mais alegre”, com a saborosa liberdade de quem morreu e já não tem platéia para espreitar suas ações e, portanto, pode apreciar o “desdém dos finados”, ou seja, sua “franqueza de defunto”não teme a opinião pública e pode“apresentar os fatos de sua existência sem escrúpulosou fantasias.”

  27. Capítulo XXIV: Curto, mas alegre • “Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz a consciência;...

  28. ... e o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! Que desabafo! Que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há platéia...”

  29. O jogo de máscaras sociaisaparência x essência

  30. A NARRATIVA • Assim, evidencia-se uma narrativa irônica e niilista sobre a precariedade humana que emerge da vida, das relações e dos projetos fracassados e perecíveis de um típico representante de uma elite dominante e parasitária.

  31. O NARRADOR BRÁS CUBAS • Brás Cubas pertence ao mundo dos grandes proprietários e, vivendo de rendas que herdou de sua família, praticamente durante toda a sua vida, foi um indivíduo cheio de caprichos que levou sua vazia existência sem perspectivas.

  32. O NARRADOR BRÁS CUBAS • Brás Cubas teoriza e faz piada sobre os fatos da vida, tomado por um corrosivo tom de sarcasmo, com seus delírios compensatórios ou suas ilusões de auto-engano.

  33. A Narrativa & O Narrador • Para o crítico Roberto Schwarz, a regra de composição da narrativa, na qual o narrador, Brás Cubas, demonstra que não leva nada a sério e está disposto a não se deter diante de coisa alguma, aliada a uma volubilidade que lhe permite passar com desenvoltura de uma atitude a outra desmoralizando todas as regras, fazendo pouco de todos os conteúdos e de todas as formas, é – na verdade – o próprio princípio formal do livro.

  34. A Narrativa & O Narrador • E, segundo o crítico, é exatamente esse princípio formal do livro que recria, na ficção literária, o movimento assumido na história pela classe dominante na sociedade brasileira.

  35. A Narrativa & O Narrador • O ritmo acelerado da assimilação e da superação das posturas e das ideias, a alternância entre o entusiasmo pelas “novidades” e o tédio logo sentido em relação ao que foi adquirido com facilidade e sumariamente descartado, o reconhecimento e a banalização dos antagonismos e a volubilidade desrespeitosa constituíam, por assim dizer, a conduta habitual das elites no nosso país.

  36. A Narrativa & O Narrador • Por outro lado, muitas considerações e experiências de Brás Cubastranscendem a questão de classe social e alcançam umadimensão universal, desnudando aspectos intemporais da alma humana. Daí decorre a complexa visão de mundo de Machado de Assis que transita entre o particular e o local, entre o dado sociológico e o universal.

  37. A dimensão sociológica em Memórias Póstumas de Brás Cubas

  38. Capítulo XI – “O menino é pai do homem” • O jovem Brás, “o menino diabo”, diz que quebrava a cabeça de uma escrava com uma moringa porque esta lhe negara um pouco de doce e montava a cavalo no menino Prudêncio, gritando-lhe “Cala boca, besta!”. Essas cenas ganham força ao lermos o título do capítulo, “O menino é o pai do homem”, como uma perspectiva de continuidade entre o aprendizado da criança e a constituição do adulto, do menino ao homem diabo.

  39. Capítulo XI – “O menino é pai do homem” • Para satisfazer o desejo da criança, o escravo é um instrumento que pode ser usado ao seu bel prazer.Essa atitude arbitrária e violenta, esse impulso primário e não civilizado da criança, não reprimido, ganha o status de norma social afirmada pelo costume, pela repetição dos mesmos gestos feitos pelos adultos e muitas vezes pela aceitação alienada da vítima.

  40. Capítulo XI – “O menino é pai do homem” • Como mostra Schwarz, a volubilidade é um traço constitutivo de Brás. Assim, o volúvel narrador salta de uma forma expressiva para outra dentro de cada capítulo, ou de um para outro. De certo modo, esse movimento mascara a também presente realidade, fixa e irremovível, da violência e escravidão.

  41. Capítulo XI – “O menino é pai do homem” • Assim, no núcleo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, temos o senhor patriarcal, o proprietário, o dono de escravos, ou o “menino diabo” que não distingue Prudêncio como uma pessoa, mas o vê de modo infantil como uma extensão de si mesmo, um mero instrumento para realização de seus desejos. A violência é naturalizada como forma de manutenção da ordem.

  42. Capítulo LXVIII – “O Vergalho” (Chicote) • Ao reencontrar Prudêncio, negro forro pela benevolência e favor de seu pai, Brás vê o ex-escravo batendo em outro negro, em um escravo, repetindo as mesmas palavras que ouvia quando era vítima. Dentro dessa estrutura social, existe, então, a relação violenta senhor/escravo, passando de modelo genérico para o comportamento pessoal, a ser reproduzido nas relações com agregados e familiares em sua ambivalência e violência autoritária (dimensão social)

  43. Capítulo LXVIII – “O Vergalho” (Chicote) • Relação ambivalente, pois sempre é dúbia e dividida a atitude de Brás, sem que fixe nunca em um termo único ou em uma síntese final, sempre no balanço da volubilidade: ora agressivo, ora generoso; ora refinado estilista, ora memorialista anedótico; ora liberal, ora escravocrata.

  44. Capítulo LXVIII – “O Vergalho” (Chicote) • Violentamente autoritário, pois a manutenção da estrutura dá-se pela violência da autoridade(senhor, pai, marido, patrão, dono...) sobre o mais fraco (servo, filho, mulher, agregado, escravo...), os termos da equação mudam, mas o movimento ambivalente permanece, pois não é possível fixar o horror da escravidão, da indistinção (confusão) entre os indivíduos, sem identidade autônoma, presos à relação senhor e escravo.

  45. Capítulo LXVIII – “O Vergalho” (Chicote) • Polêmica= A questão adquire ambivalência, pois é difícil discernir se tal atitude de Prudêncio é fruto das mazelas da estrutura escravocrata da sociedade brasileira, que a tudo corrompe, até o próprio escravo, ou se é a trágica condição humana sempre fadada à violência e à perversidade.

  46. Capítulo XXX – “A flor da moita”

  47. Capítulo XXX – “A flor da moita” • Na Tijuca, recuperando-se do falecimento de sua mãe, Brás conheceu Eugênia, a quem ele, sarcasticamente, chamava, em sua mente apenas, de "a flor da moita", pois a jovem era fruto das relações amorosas e "ilícitas" entre dona Eusébia e o doutor Vilaça. O narrador simpatiza com a jovem e, mais que isso, pensa que pode tirar proveito da situação.

  48. Capítulo XXX – “A flor da moita” • Cinicamente, observando Eugênia, percebe que os seus lábios lembravam os da mãe, motivo pelo qual teve ímpetos de repetir com a menina o que o Dr. Vilaça fizera com a mãe, ou seja, tomá-la por amante. Consegue, é verdade, beijá-la, entretanto, a moça revela-se dona de enorme dignidade, o que confunde Brás.

  49. Capítulo XXX – “A flor da moita” • Além disso, ele descobre que Eugênia tem um defeito de nascença: é coxa. Todos esses aspectos o levam a concluir que não deve envolver-se seriamente com ela, já que estava em condição social inferior à sua e não lhe era possível esquecer a origem da moça: "uma flor que foi gerada na moita".

  50. Eugênia: • “O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes um imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?...”

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