1 / 19

O CONTEXTO DE DESCOBERTA CIÊNCIA E OBJECTIVIDADE A racionalidade científica e a questão da objectividade

O CONTEXTO DE DESCOBERTA CIÊNCIA E OBJECTIVIDADE A racionalidade científica e a questão da objectividade. Exercício de conceptualização das noções de objectividade e racionalidade - O que questionamos quando questionamos a objectividade e a racionalidade do conhecimento científico?

tia
Download Presentation

O CONTEXTO DE DESCOBERTA CIÊNCIA E OBJECTIVIDADE A racionalidade científica e a questão da objectividade

An Image/Link below is provided (as is) to download presentation Download Policy: Content on the Website is provided to you AS IS for your information and personal use and may not be sold / licensed / shared on other websites without getting consent from its author. Content is provided to you AS IS for your information and personal use only. Download presentation by click this link. While downloading, if for some reason you are not able to download a presentation, the publisher may have deleted the file from their server. During download, if you can't get a presentation, the file might be deleted by the publisher.

E N D

Presentation Transcript


  1. O CONTEXTO DE DESCOBERTA CIÊNCIA E OBJECTIVIDADE A racionalidade científica e a questão da objectividade

  2. Exercício de conceptualização das noções de objectividade e racionalidade - O que questionamos quando questionamos a objectividade e a racionalidade do conhecimento científico? - O que se entendo por objectividade? - O que se entende por racionalidade do conhecimento? * Objectividade:apreensão das propriedades do objecto de conhecimento sem interferência das características próprias do sujeito cognoscente. Neutralidade do sujeito cognoscente face ao objecto cognoscível o que permitiria, efectivamente, conhecer a realidade tal como ela é.

  3. * Racionalidade: a elaboração e fundamentação de uma teoria, assim como a preferência de uma teoria a outra, obedece a critérios lógicos (estritamente racionais), os quais asseguram a consistência interna (coerência) das várias proposições da teoria ou a consistência externa da teoria com outras teorias do mesmo campo. Exemplos da necessidade de critérios racionais: 1. No início do século XX, Niels Bohr formula uma teoria quântica indeterminista segundo a qual não seria possível prever o comportamento de um electrão, introduzindo, assim, a ideia de acaso nos estados físicos. Einstein opõem-se a esta teoria, afirmando “Deus não joga aos dados”. Será que o pressuposto de não existência de acaso um pressuposto racional? 2. Quando duas teorias (por exemplo, a teoria quântica de Bohr e as actuais teorias quânticas assentes na ideia de causalidade), estão matematicamente fundamentadas, têm carácter preditivo e são funcionais, que critério utilizar para preferir uma a outra?

  4. O contexto da descoberta • Kuhn considera que os problemas até agora levantados fazem parte do contexto da descoberta. • Este conceito pretende remeter para a área da reflexão epistemológica, mas também sociológica (sociologia da Ciência) e histórica (história da ciência), na qual se analisam as condições que envolvem a prática científica e a produção de conhecimento científico. O contexto da descoberta debruça-se, assim, sobre as condições externas da produção científica e que a podem condicionar, influenciar e orientar, colocando em causa as ideias de objectividade e racionalidade científicas. • Kuhn vai defender que os problemas da racionalidade e objectividade fazem parte do contexto da descoberta e que existem factores subjectivos e alheios à ciência que influenciam a sua produção.

  5. Alguns dos problemas que se podem colocar no contexto de descoberta são: • Será o conhecimento científico objectivo? Será possível um conhecimento científico sem sujeito? • Na prática científica podem interferir factores sociais, ideológicos, axiológicos, políticos e económicos? • Será a evolução da ciência puramente racional ou na evolução da ciências interferem factores externos?

  6. Objectividade e racionalidade científicas O Problema da Fundamentação do Conhecimento Científico A. Segundo a concepção tradicional de ciência (positivista e neopositivista), o conhecimento científico é objectivo e racional. Isto significa que o cientista pode conhecer a realidade tal como ela é (realismo científico), de modo neutro (sem se deixar influenciar por quaisquer valores ou circunstâncias estranhas à ciência), de modo logicamente demonstrativo e atingir uma verdade necessária e universalmente válida. B. Nesta concepção, o conhecimento científico aparece como “uma crença verdadeira justificada”, pelo que, à filosofia das ciências, ou epistemologia, apenas interessa o contexto de justificação, isto é, as condições teóricas que tornam uma teoria científica numa teoria verdadeira (justificada).

  7. C.Alguns cientistas são os primeiros a levantar o problema da objectividade científica ao considerar que o cientista “nunca está em estado de comparar a sua imagem com o mecanismo real, e não pode mesmo conceber a possibilidade ou o significado de uma tal comparação”. Portanto, embora o cientista possa aspirar à verdade, ele nunca terá a certeza (nem a possibilidade de a ter) de que as suas construções teóricas, ainda que racionais, possam ser objectivas.

  8. D. O problema da objectividade do conhecimento científico pode desdobrar-se em duas questões interligadas: • 1. Como sabemos que as nossas teorias científicas são uma representação objectiva da realidade? • 2. Como sabemos que nas nossas teorias científicas não existem factores subjectivos (subjectivismo) e culturais (relativismo) que as influenciam?

  9. Thomas Kuhn e o fim do critérios puramente racionais e experimentais da natureza.Ciência normal e paradigma científico • A. Colocando em causa as concepções epistemológicas dos neopositivistas do Círculo de Viena e do próprio Popper, Kuhn vem questionar seriamente (abrindo um amplo espaço de discussão) a ideia segundo a qual a ciência obedece apenas aos critérios da objectividade e da racionalidade. • B. O problema da racionalidade científica pode, em Kuhn, colocar-se da seguinte forma: • 1. Serão os modelos explicativos científicos apenas racionais ou contêm elementos valorativos e ideológicos? • 2. Os procedimentos metodológicos adoptados pelos cientistas obedecem apenas a critérios racionais? • 3. Pode efectivamente a razão humana conhecer a realidade? Como é que o sabemos?

  10. C. Kuhn considera que o processo de produção do conhecimento científico é descontínuo, isto é, que ocorre por revoluções científicas, as quais implicam alterações dramáticas no modo de os cientistas representarem os fenómenos. D. Considera ainda que os cientistas estão dependentes de condições sociais e são influenciados por crenças, valores e normas, os quais são aceites e negociados no interior das comunidades científicas (ver Michael Ruse, p. 169). E. Defende ainda que a verdade científica não depende apenas da objectividade da experiência empírica e do rigor metodológico, mas resulta em grande parte, dos acordos intersubjectivos entre cientistas quanto às teorias e aos métodos dominantes.

  11. F. A perspectiva de Kuhn estrutura-se em torno dos seguintes conceitos: paradigma científico, ciência normal, ciência revolucionária e incomensurabilidade dos paradigmas. • G. Paradigma científico • Segundo Kuhn toda a ciência procura instituir um paradigma científico. Um paradigma é um modelo de fazer ciência, um quadro de referência composto por: • a) um esquema de interpretação básico (fundamentos teóricos básicos, leis e teorias); • b) um modelo de acção investigadora.

  12. H. Ciência normal * O período de ciência normal surge quando o paradigma está instituído e consegue, com as suas bases teóricas e metodológicas, resolver todos os enigmas, todos os problemas que surgem. Durante este processo há acordo entre todos os cientistas e o paradigma é transmitido através de manuais académicos e do ensino da ciência. I. Revolução científica * Quando o paradigma não consegue resolver alguns problemas, surgem as anomalias (enigmas não resolvidos) que dão origem a um período de crise (crise paradigmática) que vai dar origem a um novo paradigma. Uma revolução científica ocorre quando um paradigma é substituído por outro.

  13. J. Incomensurabilidade de paradigmas * Para Kuhn os paradigmas não são objectivamente comparáveis. Cada paradigma implica um forma realmente diferente de ver a realidade. Dois cientistas a trabalhar a partir de paradigmas diferentes não vêem a mesma realidade (Ptolomeu e Newton; Física quântica de Bohr e a física quântica da causalidade) e não há uma explicação razoável para a mudança de paradigma. As questões que Kuhn coloca são: * Quando há mudança de paradigma, o que leva os cientistas a preferirem a teoria nova à sua rival? * Factores epistémicos tais como a precisão (capacidade de explicar factos empíricos), capacidade preditiva, abrangência (explicação de um maior número de factos) ou factores meramente subjectivos como o contexto social e intelectual no qual se situam?

  14. As estas questões, Kuhn responde que os factores subjectivos do contexto de descoberta têm um peso fundamental na selecção e elaboração das teorias. • Argumenta ainda que os critérios epistémicos como a precisão, a consistência, a abrangência, a fecundidade e a simplicidade, entre outros critérios epistémicos que os cientistas utilizam, não são entendidos e aplicados da mesma forma pelos cientistas, que os interpretam de forma subjectiva. • Assim, e apesar de Kuhn sublinhar a importância da socialização dos cientistas na construção e manutenção de um paradigma científico, o autor dá uma particular importância aos aspectos subjectivos e individuais de cada cientista, o que coloca em causa a racionalidade e objectividade da ciência.

  15. * Desta forma, do ponto de vista de Kuhn, não há progresso científico no sentido de que cada teoria seria um modo mais fiel (mais objectivo) de representar a realidade. * Por outro lado, toda a ciência é relativa, no sentido em que depende totalmente do paradigma no qual se insere o cientista. Tal não significa que qualquer teoria é aceitável, mas que não existe nenhum critério “objectivo” que permita inferir que uma teoria é mais objectiva do que outra. Avaliação crítica da posição de Kuhn * O filósofo Larry Laudan (filósofo norte-americano da ciência), coloca em causa algumas das teses de Kuhn.

  16. * Primeiro, realça a contradição que existe entre a importância dada por Kuhn ao processos de socialização dos cientistas e a afirmação de Kuhn de que a opção por uma teoria é feita, muitas vezes, com base em critérios puramente individuais e subjectivos por parte dos cientistas. * Segundo, refuta a afirmação de Kuhn de que os cientistas interpretam de forma diferente os critérios epistemológicos que determinam a preferência de uma teoria, pois as noções de consistência lógica e outras são entendidas da mesma forma pelos cientistas, mesmo quando pertencem a paradigmas diferentes.

  17. * Terceiro, afirma que existem procedimentos metodológicos comuns aos cientistas mesmo pertencendo a paradigmas diferentes. Por exemplo, o critério do teste empírico das teorias (uma teoria tem de ser empiricamente testada) é um pressuposto metodológico partilhado por todos os cientistas. * Quarto, se existe uma variação subjectiva tão grande entre cientistas, não seria compreensível como é que os cientistas estão frequentemente de acordo sobre quais as teorias a reter e quais a abandonar. * Quinto, Kuhn faz extrapolações abusivas a partir da análise de alguns exemplos históricos de incompatibilidade metodológica, os quais não permitem retirar conclusões sobre a ciência em si.

  18. Bibliografia de referência disponível na Biblioteca: • ECHEVERRÍA, Javier (2003) Introdução à metodologia da ciência. Coimbra: Almedina. • KUHN, Thomas (2005). A tensão essencial. Lisboa: Ed. 70, pp.383-406. • RUSE, Michael (2002). O Mistério de Todos os Mistérios. Lisboa: Gradiva, pp. 29 a 52. • Outras referências bibliográficas: • CROCA, J. R.(s/d). A razão na física quântica. Lisboa: Departamento de Física. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Disponível em http://cfcul.fc.ul.pt/equipa/croca/arazaonafisicaquantica.pdf (acedido a 31.03.2007).

More Related