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CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ESPÍRITA

PARTE - 1. CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ESPÍRITA. LEITURA CRÍTICA. Leitura por prazer.

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CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ESPÍRITA

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  1. PARTE - 1 CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ESPÍRITA LEITURA CRÍTICA

  2. Leitura por prazer • É a leitura subjetiva, que nos empolga, liberando emoções e dando asas à nossa fantasia. Entregamo-nos de corpo e alma ao universo criado pelo autor, seja ele imaginário ou real, viajando no tempo e no espaço, experimentando prazer e angústia. Nós nos colocamos no lugar do narrador ou de alguma personagem, na situação em que essa se encontra, e nos solidarizamos com seus sentimentos e atitudes. Durante esse processo de identificação, participamos da vida afetiva e alheia e liberamos emoções que, muitas vezes, não nos permitimos ter na vida real. É o que acontece quando lemos um romance interessante ou assistimos um filme ou uma novela de tv. É inevitável pensarmos no risco de nos vermos envolvidos por um estado de ilusão ou de construirmos um conhecimento falso. Quantos têm lido romances de pura ficção publicados sob a égide do movimento espírita atual, confundindo personagens, paisagens e aceitando como realidade o que não passa de uma “ história inventada” para entretenimento? Por este motivo não se pode confiar nos romances como referenciais para situações reais. Não importa qual seja o seu autor, ou se é uma obra psicografada por este ou aquele Espírito. É preciso aprender a ler romances.

  3. Nesse tipo de leitura, o único critério de avaliação usado  é o da preferência: gostamos ou não de um texto, dependendo de motivos pessoais ou de características do texto que não são definidas. • Durante esse processo da leitura por prazer, algo acontece com o leitor, que sofre, que se angustia e se alegra com as situações apresentadas no texto. Tudo isso faz com que o leitor possa distrair-se. Mas distrair-se, escapar da realidade imediata não significa, alienar-se, ou seja, negar-se a viver os problemas do dia-a-dia e a facilitar o estabelecimento de relações entre a nossa vivência, o nosso mundo e aquele mostrado no texto. Ao fazer isso, estaremos não só atribuindo significados ao texto lido, mas também à nossa vida e à nossa realidade. Estaremos, então, fazendo uma dupla leitura: a do texto e a da nossa própria realidade.

  4. Que tipo de leitura você utiliza para cada um dos livros abaixo? 1 2 [ ] Leitura por prazer (subjetiva). [ ] Leitura de textos inteligentes, reflexivos, capazes de proporcionar uma visão do mundo espiritual sem mitos ou fantasias. [ ] Possibilita a internalização do ato de estudar. [ ] Permite interpretar o estudo como ato social solene, necessário, inadiável e relevante. [ ] Serve como estímulo ao processo crítico de observação e análise. [ ] Desenvolve a percepção em busca de autonomia, confiança, capacidade de assimilação. [ ] Leva ao reconhecimento de que o saber facilita a expansão do amor ao próximo, à natureza, e enriquece o mecanismo de expressão na comunicação oral e escrita, dentro do que preconiza o “amai-vos e instruí-vos”. 3

  5. Leitura Crítica • Esse tipo de leitura exige uma compreensão mais abrangente do texto e mobiliza, além do sentimento, as capacidades racionais do leitor, como por exemplo, a capacidade de analisar o texto, separar suas partesestabelecer relações entre elas e os outros textos, sintetizar a idéia do autor, entre outros. • Estabelecemos um diálogo com o texto fazendo perguntas que nos levem a compreender sua forma de criação e seus significados mais profundos. Os textos, em geral, não são construções transparentes, não nos entregam totalmente os seus significados logo numa primeira leitura. Temos na verdade, de conquistar o texto respeitando suas características próprias que o fazem diferente dos demais.

  6. Várias perguntas podem ser formuladas durante a leitura de um texto: sobre  sua forma de construção: • Em que tempo verbal está escrito? • Quem é o narrador? • Em que situação o narrador está vivendo ou viveu durante a produção do texto? • Que fatores externos podem influenciar o narrador? • O texto foi encomendado por alguma instituição? • O texto foi examinado por  outros especialistas?  • Foram utilizadas obras de referências para a apreciação do texto? • O texto descreve uma opinião do autor? Certamente muitas outras questões podem ser acrescentadas.

  7. A leitura crítica de um texto é uma forma de recriar esse texto, visando a sua compreensão mais profunda. • A recriação é feita a partir das perguntas que fazemos ao texto. E como as perguntas são nossas, estamos, nós leitores, tendo um papel ativo nessa recriação, nessa leitura, nessa atribuição de significados que estão latentes no texto mas não totalmente à mostra; por este motivo costuma-se dizer que a leitura crítica faz explicitar o que se encontra implícito no texto. Explicitar = tornar claro / fazer conhecer Implícito = o que está contido numa proposição sem estar em termos precisos, formais.

  8. QUEM SE ENTREGA À LEITURA CRÍTICA? “O trabalho real, que teria de ser feito, ninguém faz, por falta de capacidade e excesso de preguiça mental. E quando alguém resolve fazer alguma coisa, no desenvolvimento consciente, respeitoso, da obra fundamental de Kardec, nas bases da cultura atual, as escolinhas ou igrejinhas dos falsos iluminados se conjugam na repulsa ao trabalho cultural, em defesa da cômoda ignorância em que podem semear as suas tolices e cultivar as suas pretensões vaidosas.” “Vale mais, para a maioria dos adeptos, a suposta descoberta de novos métodos de passes e curas miraculosas, do que um estudo sério e esclarecedor da própria estrutura da Doutrina e de sua posição cultural” A hora H do Espiritismo - O Mistério do Bem e do Mal J. Herculano Pires

  9. QUEM SE ENTREGA À LEITURA CRÍTICA? • “As pessoas cultas que percebem isso, temem a turba dos fanáticos e preferem resguardar o seu prestígio ao invés de lutar contra o aviltamento doutrinário. Daí o silêncio da maioria dos líderes na hora da adulteração, que rompeu a falsa aparência de unidade e coerência do movimento espírita brasileiro.” • “A cultura perece e os charlatães se divertem deslumbrando os basbaques. Ninguém se lembra de que estamos numa fase de grande desenvolvimento cultural, favorável ao entrosamento da cultura espírita.” • “A penúria intelectual do movimento espírita contrasta estranhamente com as dimensões conceptuais e as finalidades da Doutrina, a única que oferece a possibilidade de soluções evangélicas para a situação mundial.” (A hora H do Espiritismo - O Mistério do Bem e do Mal – J. Herculano Pires) BASBAQUE = que ou quem passa o tempo a olhar longamente para tudo que vê. Palerma.

  10. “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade, diz Eclesiastes. Até mesmo pessoas analfabetas, quando aprendem a lidar grosseiramente com a mediunidade, julgam-se mestres infalíveis. E, criaturas dotadas de diplomas universitários, tornam-se seguidores de messias broncos, profetas incultos, que usam sem temor o atrevimento da ignorância para atacar e criticar os que lutam em defesa da Doutrina.” (A hora H do Espiritismo - O Mistério do Bem e do Mal – J. Herculano Pires) A questão é: como modificar essa situação, considerada desastrosa pelo prof. J. Herculano Pires, “sem a abnegação de pessoas que, dotadas realmente de formação cultural (e não apenas de diploma), se ponham corajosamente em campo?

  11. PREPARAÇÃO PARA A HORA H Cada um terá a sua hora H, alguns poucos já a estão vivendo. Raríssimos já a viveram.

  12. JUSTA HOMENAGEM : GÉLIO LACERDA DA SILVA

  13. PREPARAÇÃO PARA A HORA H • Proponho um pequeno exercício. • Apresentaremos alguns trechos do livro • “BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO” • (Humberto de Campos – F. C. Xavier) Enquanto não se fizer uso da LEITURA CRÍTICA a hora H não chegará. Estão aqui por acaso?

  14. TEXTO PARA UMA LEITURA CRÍTICA • Helil — disse a voz suave e meiga do Mestre a um dos seus mensageiros, encarregado dos problemas sociológicos da Terra — meu coração se enche de profunda amargura, vendo a incompreensão dos homens, no que se refere às lições do meu Evangelho. Por toda parte é a luta fratricida, como polvo de infinitos tentáculos, a destruir todas as esperanças; recomendei-lhes que se amassem como irmãos, e vejo-os em movimentoss impetuosos, aniquilando-se uns aos outros como Cains desvairados.”  (Brasil, coração do mundo Patria do Evangelho — Francisco Cândido Xavier p/Espírito Humberto de Campos — p.21/11ª edição 1977 — FEB) • Que perguntas podemos fazer ao texto?

  15. Perguntasque podemos fazer ao texto (1) O narrador (no caso Humberto de Campos, psicografando pelo lapis de F. C. Xavier) teve suas palavras transcritas com total fidelidade pelo medium? (2) Pode ter ocorrido alguma interferência anímica no momento da transferência da mensagem para o papel? (3) Um Espírito Superior e Puro pode experimentar estado de profunda amargura? Sabemos que amargura denota um estado de tristeza, pena, angústia, aflição, acrimônia, azedume, inseparável do sofrimento e do sentimento de desamparo. (4) O texto deixa transparecer um grande desapontamento de Jesus com a incompreensão dos homens. O Mestre por acaso não conhecia a índole humana, sua estrutura psiquica, ignorância, rebeldia e dificuldade na compreensão de Sua sublime lição evangélica? (5) Jesus seria incapaz de prever as dificuldades do homem no aprendizado das lições evangélicas deixadas por ele, uma vez que previu o advento do “Consolador Prometido”? Não esta aí uma contradição? (6) Por que então tanta amargura se o Mestre Jesus é o maior entendido nas questões que envolvem o comportamento e a psicologia humana? Se Ele tem consciência que as dificuldades ocorreriam, mas que a humanidade acabaria por encontrar o caminho para vencer o mundo?

  16. “ — Todavia — replicou o emissário solícito (Helil), como se desejasse desfazer a impressão dolorosa e amarga do Mestre — esses movimentos, Senhor, intensificaram as relações dos povos da Terra, aproximando o Oriente e o Ocidente, para aprenderem a lição da solidariedade nessas experiências  penosas; novas utilidades da vida foram descobertas; o comércio progrediu além de todas as fronteiras, reunindo as pátrias do orbe. Sobretudo, devemos considerar que os príncipes cristãos, empreendendo as iniciativas daquela natureza, guardavam a nobre intenção de velar pela paisagem deliciosa dos Lugares Santos.”

  17. (1) As condiçoes psiquícas de Helil superam às de Jesus a ponto de poder consolar o Mestre e de lhe desfazer a impressão dolorosa e amarga? Se for este o caso podemos supor Helil superior e “mais perfeito” do que Jesus? (2) Helil  possui um conhecimento muito maior da humanidade do que Jesus? (3) Os “Lugares Santos”  não constitui um privilégio concedido a uma reduzida parcela da humanidade? (4) Por que a Terra toda não é santa?  (5) Qual o critério utilizado por Deus para considerar uma terra santa e outras não? (6) Quais os critérios usados para eleger uma região do planeta como “Pátria do Evangelho …?” Perguntas feitas ao texto

  18. O leitor certamente tem as respostas e tem outras perguntas a fazer. De qualquer modo não precisamos expor a importância e nem as vantagens de uma leitura crítica. Não será exatamente o que recomendou o Espírito Erasto quando da aplicação de critérios lógicos e racionais no exame das mensagens recebidas dos espíritos? • Ainda  temos mais: • “A amargura divina empolgara toda a Formosa assembléia de querubins e arcanjos. Foi quando Helil, para renovar a impressão ambiente, dirigiu-se a Jesus com brandura e humildade: • — Senhor— se esses povos infelizes, que procuram na grandeza material uma felicidade impossível, marcham irremediavelmente para grandes infortúnios coletivos, visitemos os continentes ignorados, onde espíritos jovens e simples aguardam a semente de uma vida nova. Nessas terras, para além dos grandes oceanos, poderíeis instalar o pensamento cristão, dentro das doutrinas do amor e da liberdade. (…).”

  19. Comentários feitos durantes os estudos que realizamos • (1) Não consigo entender a “amargura divina”. Como explicar que a “amargura” possa empolgar seres tidos como Espiritos puros?  A hierarquia igrejeira — separando anjos, querubins e arcanjos — é outro ponto difícil de entender: é no mínimo estranho ao pensamento espírita como se encontra codificado por Allan Kardec. • (2) Novamente aqui é passado um “atestado” de ignorância a Jesus. Reforça-se a idéia de que Jesus não conhecia a humanidade e que andou afastado da Terra por alguns séculos a ponto de precisar dos esclarecimentos de Helil. Onde se encontrava Jesus que não viu nada do que se passou na Terra até então? • Ainda tem mais … • Jesus — segundo Humberto de Campos — desfere uma pergunta que endossa sua ignorância a respeito do planeta que, segundo muitos que se afirmam espíritas, se encontra sob o seu governo espiritual:

  20. “ — Helil — pergunta ele — onde fica, nestas terras novas, o recanto planetário do qual se enxerga, no infinito, o símbolo da redenção humana? • E, novamente, demonstra Helil saber muito mais do que Jesus: • “ — Esse lugar de doces encantos, Mestre, de onde se vêem, no mundo, as homenagens dos céus aos vossos martírios na Terra, fica mais para o sul.”

  21. Vamos mais uma vez perguntar ao texto, a final, estamos realizando uma leitura crítica estritamente de acordo com o que nos ensina a moderna Filosofia: • (1) A pergunta desferida por Jesus demonstra total desconhecimento da geografia planetária, e isto é de se esperar, uma vez que Jesus é tido como Governador Espiritual da Terra? • (2) O conhecimento de Helil das coisas terrenas, de sua geografia, da índole humana, o equilibrio que demonstra, pois chega a consolar Jesus algumas vezes, não nos leva a pensar que ele está acima do Mestre? • (3) De acordo com o que foi exposto por Humberto de Campos não seria preferível Helil como Governador Espiritual da Terra? • (4) Afinal, estamos diante de uma obra de ficção ou podemos dizer que se trata de uma obra cuja lógica e racionalidade são irrefutáveis?

  22. A leitura crítica comporta, assim, uma subdivisão em níveis, que constituem etapas de aprofundamento da interpretação: denotação, interpretação, crítica e problematização. É como se andássemos dentro de uma espiral e fôssemos dando voltas, cada vez mais profundas. É o que veremos no próximo segmento.

  23. NÍVEIS DA LEITURA CRÍTICA • A denotação apresenta-se como o primeiro nível da leitura crítica. Tem como objetivo a compreensão do sentido mais literal, direto e superficial do texto. Ainda seguindo uma distribuição didática, podemos considerar as seguintes etapas: • I — Levantamento de informações adicionais: • (a) grifar e procurar  no dicionário o significado das palavras desconhecidas ou cujo sentido não tenha ficado claro; caso seja possível consultar algum especialista no idioma utilizado no texto que está sendo criticado; • (b) levantar  as informações que considerar relevantes sobre o autor, tais como situação histórica e finalidade para o qual o texto foi escrito. Algumas pessoas produzem o texto para uma aula, para uma palestra, conferência, seminário, artigo de uma revista ou jornal, carta ou para um livro. É conveniente que se conheça o público alvo do texto; • (c) pesquisar os autores, teorias, obras comentadas no texto e que nos são desconhecidos, observar as conexões e correlações, referências — não deixar nenhuma citação sem exame.

  24. II — Procurar a idéia central do texto: • O que pode ser feito respondendo perguntas como: - Do que trata o texto? - Qual é o assunto discutido? • III — Analisar o desenvolvimento do raciocínio do autor: • Sugerimos as seguintes questões: - Como o autor trata a idéia central do texto? - Trata-se de um ensaio sobre determinado assunto? - A que conclusão chega?

  25. No caso do livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”  atribuída ao Espírito Humberto de Campos, pela psicografia do medium Francisco Cândido Xavier, primeira edição publicada em 1938, pela “Federação Espírita Brasileira”, pretende esclarecer “as origens  remotas da formação da Pátria do Evangelho”, valendo-se das informações recolhidas nas tradições do mundo espiritual, sendo de responsabilidade de falanges desveladas e amigas entregues a grandes sacrifícios em prol da humanidade sofredora. O autor espiritual pretende que as páginas, que ele considera modestas, sejam uma contribuição  “à elucidação da história da civilização brasileira em sua marcha através dos tempos”, Segundo suas próprias palavras. Trata-se de uma informação de cunho teológico e sem validade científica, pois a aceitação ou rejeição encontra-se na estrita confiança ou desconfiança depositada naquele que a transmite, como veremos oportunamente.“A Doutrina Espírita é resultante do ensino coletivo e concordante dos Espíritos” - é o que lemos no frontispício do livro A Gênese e que por si só constitui uma advertência para a importância que se deve dar à universalidade do ensino espírita. A fé, tratada isoladamente, não é garantia da verdade. “O caráter essencial de toda revelação deve ser a verdade. Revelar um segredo, é dar a conhecer um fato; se a coisa é falsa, não é um fato e, por conseqüência, não há revelação. Toda revelação desmentida pelos fatos não é revelação(…)”. (A Gênese — cap.1:03). Portanto, a leitura crítica é imprescindível e está perfeitamente de acordo com os cuidados recomendados pelo Espírito Erasto. Não há o que temer, a final “A verdade vos libertará” - Jesus -, ecoa em nossas almas como advertência.

  26. Segundo nível: a interpretação • Neste Segundo nível de leitura crítica, procuramos os significados não explícitos, escondidos, ou seja, os significados conotativos ou figurados. É quando perguntamos: O que o autor quer mostrar ou demonstrar com esse seu texto? Quais os valores que nele aparecem? Como as idéias apresentadas e o ponto de vista assumido se ligam à época da produção do texto? Qual a relação do texto com o atual contexto histórico e social? • Certamente há os que rejeitam a leitura crítica dos textos e ditados produzidos por certos espíritos, através de certos médiuns. Advertimos que a confiança cega somente produz conhecimento teológico, não confiável, dogmático. Apresentam, os que assim agem, uma contradição: combatem o dogmatismo e exibem um comportamento dogmático quando tratam dessas questões. • Interpretando, analisamos mais a fundo os diversos elementos que compõem o texto, examinamos as relações que eles matêm entre si e como cada um influencia o outro. É nesse nível, também, que cruzamos idéias e valores presentes no texto com a situação histórica e social da época em que foi escrito e, às vezes com a biografia do autor. Ao fazer isso podemos, inclusive, avaliar o significado das idéias apresentadas no texto da época de sua criação. Avaliamos o grau de novidade que ele apresentou.

  27. Utilizando ainda como exemplo a obra “Brasil, Coração do Mundo Pátria do Evangelho”: • Analisemos o contexto histórico social, do país, o movimento espírita brasileiro, as editoras existentes; • Analisemos o contexto histórico e social da época a que se reporta o texto.

  28. Terceiro nível: a análise crítica • Quando nos referimos à crítica não estamos considerando o seu sentido vulgar, que tem outro nome: maledicência — que não tem fundamento algum, pois é um simples ato de falar mal de alguém ou de alguma coisa, visando tão somente denegrir. Baseada apenas no gosto e na opinião individual, subjetiva —. O que nos interessa de fato é aquela crítica que surge do nosso entendimento da proposta do próprio texto; com ela podemos verificar se o autor atinge ou não o objetivo a que se propõe, se é claro, coerente, se sua visão é original e se traz alguma contribuição para o assunto abordado. • Ao chegarmos a esse ponto da leitura, teremos completado nossa análise. Saberemos dizer do que o autor trata, quais os itens por ele enfocado, com que ponto de vista o assunto foi desenvolvido, se o autor foi coerente ao expor suas idéias e qual a contribuição à discussão daquele assunto. A partir desse momento, poderemos dizer se o texto é bom, ruim ou médio, independentemente de termos gostado dele ou não. Aliás é importante frisar que críticas feitas por pessoas diferentes podem ser divergentes. Esse fato é positivo, pois a diversidade aguça a nossa curiosidade e nos permite perceber aspectos do texto que não tinham sido antes observados.

  29. Quarto e último nível da leitura crítica: a problematização • Nesse nível nos distanciamos do texto e pensamos em assuntos ou problemas que, embora levantados a partir de sua leitura cuidadosa, vão além dele. É quando nos perguntamos: Naquela época, ou sociedade, era assim; e hoje como é? Ao problematizar, estamos indagando sobre outras possibilidades e exercitamos a imaginação, a coerência, o raciocínio. Abrimos nossos olhos para novos significados, para novas leituras do mundo. • Como se pode ver, a necessidade de aprender a ler, é muito mais ampla e profunda do que normalmente se coloca, pois envolve a prática de dar significado ao mundo que nos cerca e à nossa própria vida. É tarefa que pode ser conseguida através dos sentimentos e também da razão. • A leitura crítica, como vimos, apresenta uma série de etapas que correspondem ao aprofundamento gradual dos significados presentes no texto, o que pode nos levar, para além do próprio texto, aos valores implícitos, escondidos, que presidiram a sua criação. Este é o caminho crítico que nos permite chegar à problematização da nossa realidade e que, dependendo do tipo de abordagem que fizemos, poderá nos levar ao filosofar.

  30. CONCLUSÃO Deixemos a conclusão com o prof. J. Herculano Pires: • “Esta é a hora H do Espiritismo. Ou ele se firmará como um processo cultural legítimo, ou será asfixiado pela avalancha de sandices que sobre ele despejam sem cessar, os pretensiosos irresponsáveis, missionários por conta própria, elaboradores de doutrinas individuais e ridículas, sugeridas pelas mentes sombrias que desejam ridicularizar a Doutrina. • “Os que se omitem por comodismo e interesse subalternos, nesta hora decisiva, cantando louvores e todos os absurdos em nome da tolerância e da fraternidade (como se essas duas palavras significassem convivência), são piores que os semeadores de joio, pois são os que estimulam e sustentam o trabalho de sapa no meio doutrinário. A eles podemos aplicar a advertência do Cristo aos fariseus, pois os ladrões e as meretrizes chegarão, antes deles, ao Reino dos Céus.”

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