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A nova centralidade: o futuro do grande Pobre, a Terra, e a humanidade.

TEOLOGIA DA CRIAÇÃO NO CONTEXTO AMAZÔNICO Elementos para uma espiritualidade cristã amazônica Prof. Dr. Pe.Ricardo Gonçalves Castro, IMC / SARES. A nova centralidade: o futuro do grande Pobre, a Terra, e a humanidade. Antes de mais nada importa entrar num novo estado de consciência.

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A nova centralidade: o futuro do grande Pobre, a Terra, e a humanidade.

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  1. TEOLOGIA DA CRIAÇÃO NO CONTEXTO AMAZÔNICOElementos para uma espiritualidade cristã amazônicaProf. Dr. Pe.Ricardo Gonçalves Castro, IMC / SARES

  2. A nova centralidade: o futuro do grande Pobre, a Terra, e a humanidade. Antes de mais nada importa entrar num novo estado de consciência. • Chegamos a um ponto de nossa história em que percebemos a possibilidade da auto-destruição. • A capacidade de intervenção na natureza nas últimas décadas foi tão profunda que desequilibrou todos os ecossistemas e o próprio sistema-Terra.

  3. As forças produtivas se transformaram, perigosamente, em forças destrutivas. • Todos somos reféns de um modelo de convivência, de um modo de produção e de relações com a natureza que implicam violência sistemática sobre pessoas, classes sociais, países, ecossistemas e a própria Terra.

  4. Terra e humanidade: somos como uma nave espacial em pleno vôo. Essa nave tem recursos limitados de combustível, de alimentos e de tempo de transcurso. • 1% dos passageiros viaja na primeira classe com super-abundância de meios de vida. • 4% na classe econômica com recursos abundantes. • Os restantes 95% estão junto às bagagens no frio e na necessidade. Pouco importa a situação social e econômica dos passageiros. Todos correm ameaça de vida pelo esgotamento dos recursos da nave. Todos terão o mesmo destino dramático, ricos, remediados e pobres, caso não houver um acordo de sobrevivência para todos indistintamente.

  5. Desta vez não há uma arca de Noé que salve alguns e deixe perecer os demais. • Esse não é um cenário de fantasia alarmista, mas a projeção dos institutos mais sérios que, de forma cotidiana e sistemática, fazem o acompanhamento do estado da Terra.

  6. Tal constatação funda uma nova radicalidade histórico-social: em que medida cada ser humano, cada saber, cada força social, cultural e religiosa, no nosso caso, cada corrente teológica, ajuda a garantir um futuro de vida para a Terra e a humanidade. • A questão não é mais: que futuro terão os pobres, ou o projeto da tecno-ciência, ou o Cristianismo, a teologia da libertação ou o papado? • Todos terão futuro na medida em que a Terra e a humanidade tiverem um futuro. Esse deve ser construído solidariamente, caso contrário, podemos conhecer o destino dos dinossauros.

  7. Retomando: a centralidade não está mais no pobre, sócio-econômico, político, cultural, étnico, feminino, como na formulação clássica da teologia da libertação dos anos 70 e 80 mas no grande pobre, a Terra, como está sendo percebido a partir dos anos 90. • Na opção original pelos pobres deve entrar, primeiramente, o grande pobre que é a Terra e a humanidade, base que, garantida, possibilita então colocar a questão do futuro dos pobres e dos condenados da Terra.

  8. O objetivo desta reflexão é unir teologia da criação e contexto Amazônico • Para este fim é importante primeiramente compreender o que entendemos por teologia da criação e quais os elementos do contexto Amazônico importante para sua construção contextual.

  9. Teologia da criação em contexto • O ser humano é chamado a reconhecer sua universalidade e naturalidade. • A identidade humana se desenvolve dentro de uma realidade local, em um contexto e uma cultura. • Deste modo, a condição humana se compreende primeiramente situando-a no universo, na terra, na criação e não na separação. Nesse sentido, saber quem somos, é inseparável de saber onde estamos, de onde viemos e para onde vamos.

  10. Distanciamento da terra • O distanciamento e o estranhamento com a terra, a natureza, impõe a supremacia da mente e da razão, que fragmenta e se torna destrutiva de seu próprio meio ambiente. • O distanciamento da terra gera o divórcio entre mente e corpo que gera uma deteriorização progressiva das capacidades humanas, tais como percepção, discernimento e criatividade. • O grande desafio é harmonizar, remembrar, integrar nossa humanidade. Compreendendo que o ser humano é multidimensional e complexo.

  11. A Criação como base • Pode-se fazer uma teologia contextual que esteja basicamente centrada na Criação ou outra que tenha sua base na Redenção. • Nossa orientação básica será esta da Criação. • Neste sentido esta teologia se caracteriza pela convicção de que as experiências humanas são, de modo geral, boas. Sua perspectiva é da graça que se constrói sobre a natureza. • Esta teologia é capaz de ser usada na construção e aperfeiçoada na relação sobrenatural com Deus.

  12. O mundo é sacramental • Na teologia, centrada na criação, o mundo criado é sacramental. É o lugar onde Deus revela sua divindade. • A revelação se dá na vida diária, com palavras ordinárias, através de pessoas “normais” nas relações cotidianas. • Esta teologia se aproxima da vida com espírito e imaginação analógica, não dialética, que vê uma continuidade entre a existência humana e a realidade divina

  13. Teologia bíblica da criação • Na teologia bíblica da criação a narração do Javista está construída como se narrada por um nômade do deserto que anela chegar a um oásis: no princípio a terra era como um deserto que se contrapõe a um jardim ou parque que o ser humano trabalha e cultiva. • A narrativa sacerdotal diferente do ambiente desértico javista, é de umidade, de muita água, própria da região mesopotâmica. Nesta perspectiva Deus cria pela sua palavra

  14. O Ser humano e a criação • A narrativa da criação termina com a queda. O ser humano cujo pecado (mítico e simbolizado pelo comer do fruto da arvore do bem e do mal) – consiste em não aceitar sua “criaturalidade”, sua contingência “criatural” querendo ser como Deus. • O ser humano terá que aprender a encarar sua “criaturalidade”, aprendendo a assumi-la até sua última conseqüência no confronto com a morte. • O ser humano, portanto, é um ser criado da terra e que retorna à terra, interconectado pela mesma energia que emana da própria terra e que o faz um ser vivente (nefesh).

  15. 2. Elementos para uma teologia da criação em contexto amazônico:2.1. A floresta • Deus se revela também pelo mundo natural, a terra, as plantas e os animais. Diálogo com o mundo criado será seu método. Deixará para trás a compreensão de que o mundo é “um vale de lágrimas e um lugar de exílio”. Salvar terá um significado holístico e ecológico que inclua o resgate da humanidade e da natureza. • A FLORESTA É UMA FONTE EXTRAORDINÁRIA DA REVELAÇÃO DE DEUS.

  16. A floresta não é apenas um cenário inanimado de colorido. • Ela é um templo. • Nossos ancestrais souberam compreender esse fato e foram capazes de desenvolver um íntimo e amoroso relacionamento com ela. • A Teologia terá importância no contexto amazônico se tivermos os pés sobre a terra. • A teologia pode abrir vastos horizontes sobre o mistério de Deus, mas, é a contemplação e os estudos do mundo natural nos ajudaram a sentir os apelos de Deus.

  17. Floresta X opção ética e espiritual • Há uma necessidade de buscar um novo paradigma para a saga humana sobre esse planeta. • Para se chegar a ele é preciso retroceder no tempo e resgatar as valiosas contribuições dos nossos antepassados. • Compreender a necessidade de uma opção ética e espiritual para resolver o antagonismo hoje existente entre o ser humano e a natureza. • No âmbito da política institucional os problemas a serem enfrentados são complexos.

  18. 2.2. A religião tradicional Indígena – Xamanismo • A pajelância é uma forma de xamanismo em que se dá a ocorrência de incorporação pelo pajé, sendo seu corpo tomado no transe ritual por entidades conhecidas como encantados ou caruanas.

  19. Os rituais xamânicos pretendem uma conexão com a Mãe Natureza e o mundo espiritual. • Os espíritos que podem ser aliados ou adversários podem auxiliar ou atrapalhar pode curar ou adoecer, pode ser aplacado ou instigado. • Pode-se entrar no mundo dos espíritos através dos sonhos ou das visões. • Pelo sonho fala-se com os ancestrais, familiares e entidades míticas; pode-se aprender sobre as origens das coisas, como curar doenças, como dominar as forças mágicas que compõem a natureza, a fazer feitiçaria. • O estado do sonho é tão ou mais real que o da vigília, e nele é que se realizam as maravilhas que mantém o mundo existindo, funcionando em harmoniosa e fluência

  20. Resgatar o sentido celebrativo da vida • É o momento de “re-olhar” e “re-aprender” os valores perdidos da celebração significativa, do êxtase espiritual transformador, da pedagogia da interdependência e liberdade pessoal aliada ao respeito natural aos ancestrais e à relação familiar e comunitária, valores que permitiram a sobrevivência e resistência indígena nos mais inóspitos ambientes por incontáveis gerações, e mesmo na teimosia de sobreviverem no mundo contemporâneo.

  21. 2.3. A cosmovisão religiosa da cultura cabocla – Sincretismo • Na literatura e em outras regiões, “caboclo” é termo utilizado para designar o habitante mestiço compreendido culturalmente. • O caboclo rege sua vida sob o ritmo cíclico da natureza, ao fluxo dos rios nas enchentes e secas. Ele se insere nas matas sem destruí-la, mas tornando-a sua casa. • Na religiosidade cabocla os relatos dos encantos estão relacionados com seres deixados por Deus como responsáveis pela floresta, pelas águas, pelas caças etc. Trata-se de entidades com poderes de encantamento, metamorfose e hipnose, que podem ser generosos ou vingativos.

  22. Resgate da espiritualidade cabocla • 1) Aspectos do campo religioso permeiam o mundo real e são vivenciados e/ou acionados em ações cotidianas. • 2) Há uma humanização da natureza. Isso é percebido quando alguns seres da natureza são dotados de personalidade e preferências. Eles são capazes de se relacionar, realizar trocas e pactos e de realizarem atividades humanas, sejam elas afetivas, ativas ou passivas. • 3) Os seres supra-naturais, bem como os encantes, são, ao mesmo tempo, fonte de poder e de perigo. A floresta é local respeitado e temido. Há com ela uma relação de dependência que se mantém equilibrada respeitando-se normas de relação com seus habitantes e de exploração de seus recursos. • Seguir tais regras é tentar garantir uma relação pacífica com alguns encantes.

  23. A caminho de uma ética ambiental cristã Elementos importantes para uma ética solidária: • reconhecer o valor da criação • incluir a questão ambiental como uma dimensão do bem comum • criar a estrutura institucional necessária para o bem comum • rever a relação entre ambiente e desenvolvimento

  24. O que fazer? Algumas idéias para pensar: • As comunidades cristãs podem buscar alternativas para preservar os recursos. • Nosso compromisso com um estilo de vida comunitário nos oferece uma oportunidade única de indicar o rumo em matéria de preservação e reciclagem dos recursos utilizados.

  25. É provável que alguns de nós, mais informados sobre a complexidade da situação, já tenham feito algumas mudanças em seu estilo de vida e estejam envolvidos em atividades políticas que busquem mudanças na nossa relação com a vida que nos cerca. • Outra possibilidade poderia ser convidar ambientalistas para conversarem com as comunidades.

  26. Viver na Amazônia e atuar segundo os desafios por ela apresentados, significa conviver e trabalhar com os “sem-terra” ou pela Reforma Aquática; • Acolher e atender os migrantes, refugiados, “desplazados”, indocumentados, enfim, a mobilidade humana na Amazônia e em suas múltiplas fronteiras; • Aprender com os indígenas; apoiar suas lutas pela terra, pela água, pelas matas, pela vida com direitos e dignidade...

  27. Os 4 r’s da Amazônia: • RECICLAR… REDUZIR… RELEMBRAR… RESPEITAR • “REDUZIR = RECICLAR = REUTILIZAR= RELEMBRAR”

  28. Corpo, rio, terra e dança Resgatar a relação humanidade e terra, corpo e terra, terra sagrada que somos todos, somos dom de Deus. Tal relação se dará principalmente na compreensão, valorização e resgate de nossa identidade religiosa indígena.

  29. Corpo, rio, terra e dança Com a cultura cabocla ribeirinha temos que aprender a nos tornarmos uma sociedade sustentável, ou seja, que produz o suficiente para si e para os seres dos ecossistemas onde ela se situa; que toma da natureza somente o que ela pode repor; que mostra um sentido de solidariedade “geracional” ao preservar para as sociedades futuras os recursos naturais de que elas precisarão.

  30. Corpo, rio, terra e dança Com as populações da periferia da cidade que se organizam em movimentos, partidos, pastorais sociais temos que lutar juntos pela superação da lógica do capital, de sistemas econômicos que olham somente para o lucro e não para humanidade e para o planeta.

  31. Corpo, rio, terra e dança da vida • Nas expressões e manifestações religiosas, espirituais, celebrativas e místicas é possível valorizar as formas mitológicas do povo amazônico. • Seus rituais ajudam a valorização do corpo e da terra, e lembrem constantemente o valor sagrado de todos os tipos de vida e de nossa dependência da terra e de uns com os outros.

  32. Corpo, rio, terra e dança da vida • Vivemos numa teia de vida. • Tornamo-nos cada vez mais vida na medida em que descobrimos e nos ligamos a essa maravilhosa cadeia de vida que é o planeta terra.

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