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Tratado da argumentação Chaïm Perelman Luci Olbrechts-Tyteca. Os Argumentos quase-lógicos. Características da argumentação quase-lógica. Na argumentação as premissas raramente são apresentadas na íntegra e o campo e as condições de aplicação variam com as circunstâncias
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Tratado da argumentaçãoChaïm PerelmanLuci Olbrechts-Tyteca Os Argumentos quase-lógicos
Características da argumentação quase-lógica • Na argumentação as premissas raramente são apresentadas na íntegra e o campo e as condições de aplicação variam com as circunstâncias • A argumentação deve mostrar que as teses combatidas levam a uma incompatibilidade, que consiste em duas asserções a que compete escolher a menos que se renuncie a ambas. • Enquanto a contradição entre duas proposições pressupõe um formalismo, ou pelo menos um sistema de noções unívocas, a incompatibilidade é sempre relativa a circunstâncias contingentes, sejam estas constituídas de leis naturais, fatos particulares ou decisões humanas.
Procedimentos para evitar a incompatibilidade • Perante a dificuldade de enfrentar uma escolha entre dois sistemas de valores, adota-se atitudes diferentes para enfrentá-las: • Atitude lógica: leis, normas, regras, ciência • Atitude prática: situações, decisões indispensáveis • Atitude diplomática: procedimentos para evitar conflitos: nas decisões: simulação,ficção, hipocrisia, “doença diplomática”.
Técnicas para apresentar teses como compatíveis o incompatíveis • Para apresentar teses como incompatíveis enfatiza-se, no conjunto daquilo a que são vinculadas, o ponto em que elas podem se traduzir mais facilmente por uma afirmação e uma negação. Mas a contraposição das teses jamais é independente das condições de aplicação delas. • A extensão do corpo de aplicações das regras aumenta os riscos de incompatibilidade e a restrição desse campo os diminui.] • Em geral, põe-se em evidências as incompatibilidades fazendo uma extensão a casos que teriam escapado à atenção do adversário. • Autofagia: a generalização de uma regra sem exceção conduziria ao impedimento de sua aplicação.
O ridículo e seu papel na argumentação • Uma afirmação é ridícula quando entra em conflito, sem justificação, com uma opinião aceita. • Dizer que as opiniões de alguém são inadmissíveis porque suas consequencias seriam ridículas é uma das mais fortes objeções. • Ironia e argumentação indireta supõem conhecimentos complementares acerca de fatos, de normas. • O caráter social da ironia: para empregá-la é necessário um mínimo de acordo. • A afronta ao rídiculo significa o sacríficio de uma regra e se expor à condenação. Por outro lado, indicam prestígio e poder.
Identidade e definição na argumentação • Formalismo X caráter argumentativo das definições • O uso argumentativo das definições pressupõe a possibilidade de definições múltiplas, extraídas do uso ou criadas pelo autor, entre as quais deve-se fazer uma escolha. Feita essa escolha a definição utilizada é considerada expressão de uma identidade.
Análise e tautologia • Quando admitimos uma definição pode-se considerar analítica a igualdade estabelecida entre as proposições declaradas sinônimas • Considera-se como tautológica a apresentação de uma afirmação como resultado de uma definição, de uma convenção puramente linguística, que nada nos diz sobre o mundo. Na discussão não-formal a tautologia é considerada uma “figura” • Tautologias de identidade. “Uma mulher é uma mulher”
Regra de justiça e argumentos de reciprocidade • A regra de justiça requer a aplicação de um tratamento idêntico a seres ou a situações que estão integrados numa mesma categoria. • Críticas às formas de usar a regra de justiça • Argumentos de reciprocidade: aplicar o mesmo tratamento a duas situações simétricas, correspondentes. • Transposição de pontos de vista, permitindo reconhecer a identidade de certas situações (colocar-se no lugar de). • As condições de aplicação de argumentos de reciprocidade não são puramente formais e dependem da apreciação de elementos que distinguem situações. • Transitividade: Se a = b e b = c, então a = c: “Os amigos de meus amigos são meus amigos”.
As partes e o todo • Racionalismo e a inclusão da parte no todo • Divisão do todo em suas partes. Para utilizar bem o argumento por divisão, a enumeração das partes deve ser exaustiva • Argumentação a pari como identificação e a contrario como divisão.
Os argumentos de comparação • São em geral apresentados como constatações de fato, pois a idéia de medida está subjacente. São diferentes de argumentos de identificação ou do raciocínio por analogia. • Podem ocorrer por oposição, por ordenamento ou ordenação quantitativa. • Complexidade e combinação de critérios • Escolha dos termos de comparação levando em conta o auditório • O uso do superlativo.
Argumentação pelo sacrifício • Tipo de argumento de comparação utilizado nos sistemas de trocas. • Deve-se medir o valor atribuído aquilo por que se faz o sacrifício. • Se o objeto do sacrifício é conhecido e seu valor é fraco, cai o prestígio dos que se sacrificaram • O valor do fim que se persegue por meio do sacrifício se transforma igualmente, no decorrer da ação, por causa dos próprios sacrifícios aceitos. • O sacrifício inútil pode conduzir à desvalorização dos que o realizaram. • Complementaridade e elementos compensatórios
Probabilidades • Raciocínios que partem de uma situação ou fato atuais cujo caráter notável salientam. • Noção de variabilidade e das vantagens apresentadas por um conjunto mais extenso. • Em geral, a aplicação de raciocínios baseados na probabilidade terá o efeito de dar aos problemas um caráter empírico, qualquer que seja o fundamento teórico que se atribui às probabilidades. O uso de certas formas de raciocínio não pode deixar de exercer uma profunda influência sobre a própria concepção dos dados que são seu objeto.