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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR. Professor : Reis AULA 06 – RELIGIÃO E SAÚDE MENTAL Contato: bioeticaufms@bol.com.br .

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  1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR Professor : Reis AULA 06 – RELIGIÃO E SAÚDE MENTAL Contato: bioeticaufms@bol.com.br

  2. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Segundo Michel Foucault, autor do clássico A História da Loucura, a remoção dos doentes mentais e a prática de mantê-los em locais isolados teve origem na cultura árabe Os alienados eram recolhidos juntos com outras minorias sociais e encaminhados para prédios, geralmente mantidos pelo poder público ou religioso. Em muitos casos, esses prédios eram leprosários, emparedados para que ali, o mal se curasse por si só. Longe dos olhos, longe do coração. Histórias da Loucura – Autor: Décio Amorim, João Carlos Ventura, Lucas Ferraz Mateus Rabelo - Belo Horizonte 2006 projetomaluco@yahoogrupos.com.br-

  3. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Os primeiros hospícios teriam sido construídos no Oriente: entre os séculos 7 e 12, no Marrocos, no Iraque e no Egito. Atradição dos redutos destinados para o asilo dos loucos teria se expandido pela Europa por causa da ocupação árabe na Península Ibérica Histórias da Loucura – Autor: Décio Amorim, João Carlos Ventura, Lucas Ferraz Mateus Rabelo - Belo Horizonte 2006 projetomaluco@yahoogrupos.com.br-

  4. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS PIONEIRO DA PSIQUIATRIA “Em 1795 Philippe Pinel foi nomeado médico chefe do Hospício da Salpêtrière rompe as correntes dos loucos, desalojando- os dos seus calabouços. Esse acontecimento é registrado na história da Psiquiatria como sendo a instauração da primeira revolução psiquiátrica, Pinel teria libertado os insensatos de séculos de incompreensão e de maltratados, rompendo com a tradição demonológica da loucura e configurando-a como doença mental” Birman,-1978,p.1.. www.cobra.pages.nom.br/ecp-pinel- Pioneiro da Psiquiatria

  5. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Observando e descrevendo aqueles sujeitos – tidos, por pressupostos,como loucos por terem sido encontrados acorrentados naqueles ambientes –, Pinel estabeleceu a primeira classificação da loucura em termos científicos, que era simples e fácil de manejar. A loucura foi classificada assim: 1. melancolias; 2. manias sem delírio; 3. manias com delírio; 4. demências. Paulo Vasconcelos Jacobina DIREITO PENAL DA LOUCURABrasília – DF 2008 -

  6. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Histórias da saúde mental no Brasil No Brasil Colônia, o que hoje conhecemos como medicina, ou como campo de atuação da medicina, era exercido por uma série de sujeitos, com práticas que a ciência não mais legitima, mas que o povo brasileiro ainda usa: curandeiros, pajés, pais-de-santo, cirurgiões- barbeiros, benzeduras, atos religiosos, como confissões e exorcismos, tudo isso ao lado dos raríssimos físicos (licenciados que estudavam em Portugal ou na Espanha) e, mais tarde, dos doutores médicos – pouquíssimos –, já nos séculos XVII e XVIII. Paulo Vasconcelos Jacobina DIREITO PENAL DA LOUCURABrasília – DF 2008 -

  7. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS O século XIX viu o surgimento de algumas escolas médicas no Brasil. Surgiram as primeiras faculdades de medicina, ainda nos idos da década de 1830. A psiquiatria, entretanto, tardou ainda um pouco. Paulo Vasconcelos Jacobina DIREITO PENAL DA LOUCURABrasília – DF 2008 -

  8. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS No início, o interesse dos médicos na questão da loucura era acadêmico, apenas como exercício pedagógico de qualificação. A escolha de temas para dissertações de graduação não vinculavam à titulação do estudante nem o habilitavam de forma especial a exercer a psiquiatria. Exemplos das teses defendidas nessa época: Paulo Vasconcelos Jacobina DIREITO PENAL DA LOUCURABrasília – DF 2008 -

  9. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS As teses de Silva Peixoto, de 1837 (Considerações gerais sobre alienação mental); de Geraldo F. de Leão, 1842 (As analogias entre o homem são e o alienado e em particular sobre a monomania); de A. J. I. C. Figueiredo, em 1847 (Breve estudo sobre algumas generalidades a respeito da alienação mental); de Cid Emiliano de Olinda Cardozo, em 1857 (Influência da civilização sobre o desenvolvimento das afecções nervosas); de Carneiro da Rocha, em 1858 (Do tratamento das moléstias mentais); e de F. J. F. de Albuquerque em 1858 (Dissertação sobre a monomania) são alguns exemplos desse trabalho pioneiro. Paulo Vasconcelos Jacobina DIREITO PENAL DA LOUCURABrasília – DF 2008 -

  10. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS O doutor João Carlos Teixeira Brandão assumiu, em 1881, a cadeira recém-criada de Clínica Psiquiátrica e Moléstias Nervosas como primeiro professor concursado. Ele publicou violentos manifestos que denunciavam os maus-tratos aos doentes mentais nos espaços asilares, em especial no Hospício Dom Pedro II ou Hospício Nacional. Há relatos de que: Paulo Vasconcelos Jacobina DIREITO PENAL DA LOUCURABrasília – DF 2008 - Charam apud Ribeiro, 1999, p. 19.

  11. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS os loucos por leitos tinham tábuas, sem colchões nem travesseiros, nem ao menos cobertura para lhes ocultarem a nudez e os resguardarem dos rigores do inverno. Os loucos agitados eram metidos em caixões de madeira, onde permaneciam nus e expostos às intempéries. Paulo Vasconcelos Jacobina DIREITO PENAL DA LOUCURABrasília – DF 2008 - Charam apud Ribeiro, 1999, p. 19.

  12. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Repetia-se o gesto mítico da quebra das correntes e cadeados, embora com cem anos de atraso. Uma segunda leitura pode indicar que, subjacente ao discurso humanitário e cientificista, existe uma luta por poder contra a Provedoria da Santa Casa de Misericórdia e as freiras católicas da Irmandade de São Vicente de Paula. Essa confraria já tinha sido enfrentada em outros países, inclusive pelo alienismo francês, na fase imediatamente posterior à Revolução de 1789. Paulo Vasconcelos Jacobina DIREITO PENAL DA LOUCURABrasília – DF 2008 -

  13. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS A luta pela melhoria do tratamento aos loucos era, da mesma forma, uma luta pela psiquiatrização dos espaços asilares. Note-se que o estado deplorável dos loucos, denunciado então pela medicina psiquiátrica como de responsabilidade dos não-médicos que aplicavam métodos não-científicos na sua lida com a alienação. Paulo Vasconcelos Jacobina DIREITO PENAL DA LOUCURABrasília – DF 2008 -

  14. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS No Brasil, a psiquiatria teve início na primeira metade do século 19, com a Sociedadede Medicina do Rio de Janeiro clamando pela construção de um hospital psiquiátrico. Isso se deu por causa de protestos pela situação dos loucos na Santa Casa de Misericórdia – eles ficavam jogados nos porões da instituição. Em 1841, o imperador Dom Pedro II assinou decreto de criação. Histórias da Loucura – Autor: Décio Amorim, João Carlos Ventura, Lucas Ferraz Mateus Rabelo - Belo Horizonte 2006 projetomaluco@yahoogrupos.com.br-

  15. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS O hospício foi inaugurado em 1852, ano em que também foi aberto em São Paulo o Hospital Provisório. Apartir daí, seguiuse a criação de hospitais psiquiátricos em outras partes do Brasil: em 1874, na Bahia; em 1883, no Recife e, cinco anos depois, outro em São Paulo, o superlotado Juqueri, cujas imagens chocaram o mundo, nos anos de 1960 e 1970, pela desumanidade com que se tratava os internos. Fato que se repetiria quase simultaneamente na Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Histórias da Loucura – Autor: Décio Amorim, João Carlos Ventura, Lucas Ferraz Mateus Rabelo - Belo Horizonte 2006 projetomaluco@yahoogrupos.com.br-

  16. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • O CASO FEBRÔNIO O mais famoso caso de loucura na história jurídica do Brasil, se refere ao crime cometido por Febrônio Índio do Brasil. "O caso Febrônio" foi retratado em diversos artigos: "Febrônio Índio do Brasil: onde cruzam a psiquiatria, a profecia religiosa, a homossexualidade e a lei”. Ambos de autoria de Peter FRY FRY, Peter, Febrônio Índio do Brasil: onde cruzam a psiquiatria, a profecia, a homossexualidade e a lei, em VOGT, Carlos el al., in Caminhos Cruzados: linguagem, antropologia e ciências naturais, São Paulo:Brasiliense, 1982 e Direito positivo versus direito clássico: a psicologização do crime no Brasil no pensamento de Heitor Carrilho, in Cultura da Psicanálise, Sérvulo a Figueira (org.), Rio de Janeiro: Brasiliense, 1985.

  17. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Febrônio tatuava suas vítimas com as iniciais D.C.V.V.I, letras idênticas as tatuadas no seu tórax. As letras, segundo o tatuador, significavam "Deus Vivo" ou "Imana Viva". Com uma religiosidade aflorada, Febrônio chegou a mandar publicar o seu próprio evangelho, intitulado "As revelações do príncipe do fogo". Febrônio Índio do Brasil

  18. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • Febrônio Índio do Brasil confessou ter estrangulado, Almiro José Ribeiro, em 17 de agosto, e João Ferreira, no dia 29 do mesmo mês. Os corpos, encontrados na Barra da Tijuca, tornaram Febrônio um dos criminosos mais conhecidos do Brasil. Mas o mineiro Febrônio Índio do Brasil, já era velho conhecido da polícia, tendo sua primeira prisão ocorrido em 1916, aos 21 anos, depois da qual acumularam-se outras 29, por motivos diversos como por exemplo exercício ilegal da medicina e odontologia - consta que duas crianças morreram no Espírito Santo após receberem medicação prescrita por ele.

  19. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • Febrônio também escreveu um livro, "Revelações do Príncipe do Fogo", que ele próprio escreveu, em delírio religioso e mandou imprimir , com tema apocalíptico.

  20. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • Em junho de 1984 foi lançado o curta-metratgem "O Príncipe do Fogo", de Sílvio DaRin, tendo Febrônio como tema. Dois meses depois, aos 89 anos e completamente senil, o preso mais antigo do Brasil, interno número 000001 do Manicômio Judiciário, morreu de edema pulmonar agudo. Havia passado 57 anos no hospício.

  21. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR Fonte de consulta: O caso mereceu destaque na obra que traça o perfil biográfico do jurista Evandro Lins e Silva. Vide SILVA, Evandro Lins e, O salão dos passos perdidos: Depoimento ao CPDOC, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p. 205 Os casos de Piérre Rivière e Febrônio Índio do Brasil como exemplos de uma violência institucionalizada POR: Alexandre Wunderlich advogado criminal, especialista e mestre em Ciências Criminais (PUC/RS), professor de Direito Penal da pós-graduação da PUC/RS e UFRGS

  22. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Há mais de um século, vários pesquisadores brasileiros têm estudado as relações entre religiosidade e transtornos mentais, mas estes trabalhos são pouco conhecidos atualmente.

  23. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Os trabalhos históricos foram iniciados no final do século XIX e muitos deles dedicam-se ao tema do messianismo e de formas coletivas de "loucura religiosa". Os trabalhos contemporâneos tratam de temas como religião, uso de álcool e drogas, assim como de uma variedade de condições clínicas, como esquizofrenia e suicídio. Falta a esta linha de pesquisa uma melhor articulação entre investigação empírica e análise teórica dos dados, assim como um diálogo mais próximo com ciências sociais, como a antropologia e a sociologia da religião.

  24. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Estudos de relevância histórica No Brasil, desde a virada do século XIX para o século XX, vários autores têm estudado a religiosidade nas suas relações com o sofrimento individual e os transtornos mentais. Não há espaço seguramente para uma revisão completa da produção sobre o tema realizada por autores brasileiros.

  25. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Apenas serão mencionados alguns trabalhos e autores a fim de assinalar algumas das linhas de investigação mais significativas. Os trabalhos produzidos por psiquiatras brasileiros sobre estados de transe e possessão não foram incluídos neste trabalho, pois são tema de outro artigo ("O olhar dos psiquiatras brasileiros sobre os fenômenos de transe e possessão") nesta mesma edição da Revista de Psiquiatria Clínica (Almeida et al., 2007).

  26. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Foi possivelmente Raimundo Nina Rodrigues O primeiro a estudar a religiosidade de negros e pardos, assim como as epidemias de "loucura coletiva" (ele falava em "epidemia vesânica de caráter religioso") em nosso país. Raimundo Nina Rodrigues (1862- 1906).

  27. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS O valor de seu trabalhofoi, sobretudo, etnográfico, pois descreveu minuciosamente os cultos, práticas e entidades sagradas de africanos e seus descendentes. Da mesma forma, descreveu tais "epidemias" de "loucura coletiva" no Maranhão e na Bahia, analisando em profundidade o fenômeno do messianismo (em particular, de Antonio Conselheiro, em Canudos).

  28. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS A Guerra de Canudos ou Campanha de Canudos, Conhecida como Guerra dos Canudos em certas regiões do sertão baiano [1] foi o confronto entre oExército e integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro, que durou de 1896 a 1897, na então comunidade de Canudos, no interior do estado da Bahia, no Brasil.

  29. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS GUERRA DE CANUDOS Os grandes fazendeiros da região, unindo-se à Igreja, iniciaram um forte grupo de pressão junto à República recém-instaurada, pedindo que fossem tomadas providências contra Antônio Conselheiro e seus seguidores.

  30. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS O estopim e a 1a Expedição Outubro de 1896 – Ocorre o episódio que desencadeia a Guerra de Canudos, quando as autoridades de Juazeiro apelam para o governo estadual baiano em busca de uma solução. Em 24 de novembro deste ano, é enviada a primeira expedição militar contra Canudos - um destacamento policial de cem praças, sob comando do Tenente Manuel da Silva Pires Ferreira.

  31. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS A 2a Expedição Janeiro de 1897 - Enquanto aguardavam uma nova investida do governo, os jagunços fortificavam os acessos ao arraial. Comandada pelo major Febrônio de Brito depois de atravessar a serra de Cambaio, uma segunda expedição militar contra Canudos foi atacada no dia 18 e repelida com pesadas baixas pelos jagunços, que se abasteciam com as armas abandonadas ou tomadas da tropa.

  32. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Os sertanejos mostravam grande coragem e habilidade militar, enquanto Antônio Conselheiro ocupava-se da esfera civil e religiosa.

  33. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS A 3a Expedição Março de 1897 - Na capital do país, o governo federal diante das perdas e a pressão politica e da Igreja, assumi o comando ao exército brasileiro. A notícia da chegada de tropas militares à região atraiu para lá grande número de pessoas, que partiam de várias áreas do Nordeste e iam em defesa do "homem Santo". Em 2 de março, depois de ter sofrido pesadas baixas, causadas pela guerra de guerrilhas na travessia das serras, a força, que inicialmente se compunha de 1.300 homens, assaltou o arraial. Abalada diante da perda do seu Comandante, a expedição foi obrigada a retroceder.

  34. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS A 4a Expedição Abril de 1897 - No Rio de Janeiro, a repercussão da derrota foi enorme, preparou a quarta e última expedição, com mais de quatro mil soldados equipados com as mais modernas armas da época. Fortemente armados, os soldados cercaram por três meses o arraial de Canudos, que sofreu forte bombardeio e depois foi invadido.

  35. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Os primeiros combates foram em Cocorobó, em 25 de junho, com a coluna Savaget. No dia 27, depois de sofrerem perdas consideráveis, os soldados chegaram a Canudos.

  36. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Setembro de 1897 - Após várias batalhas, as tropas conseguiram fechar o cerco sobre o arraial. Antônio Conselheiro morreu em 22 de setembro, supostamente em decorrência de uma disenteria. Após receber promessas de que a República lhes garantiria a vida, uma parte da população sobrevivente se rendeu com bandeira branca.

  37. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Enquanto um último reduto resistia na praça central do povoado, apesar das promessas, todos os homens presos, e também grupos de mulheres e crianças acabaram sendo degolados - uma execução sumária que se denominava de "gravata vermelha".[ Com isto, a Guerra de Canudos acabou se constituindo num dos maiores crimes já praticados em território brasileiro

  38. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS O arraial resistiu até 5 de outubro de 1897, O cadáver de Antônio Conselheiro foi exumado e sua cabeça decepada a faca. O corpo de Antônio Conselheiro (Antonio Vicente Mendes Maciel)

  39. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS No dia 6 quando o arraial foi arrasado e incendiado, o Exército registrou ter contado vinte mil sertanejos mortos na guerra e estima-se que cinco mil militares tenham morrido. A guerra terminou com a destruição total de Canudos, a degola de muitos prisioneiros de guerra, e o incêndio de todas as 5.200 casas do arraial.

  40. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Referencia sobre a guerra de canudos: AS IMAGENS DE CANUDOS Por Flávio de Barros (1897) Disponível em: http://www.girafamania.com.br/montagem/fotografia-brasil-guerra-canudos.htm CALASANS, José. No Tempo de Antônio Conselheiro. Salvador, Livraria Progresso Editora, 1959. GALVÃO, Walnice Nogueira. No Calor da Hora - a guerra de Canudos nos jornais. São Paulo, Editora Ática, 1977 ARINOS, Afonso. Os Jagunços. PIRES FERREIRA, Manuel da Silva. Relatório do Tenente Pires Ferreira, comandante da 1a Expedição contra Canudos. Quartel da Palma, 10 de dezembro de 1896. J. da Costa Palmeira. A Campanha do Conselheiro - 1ª edição: Rio de Janeiro, Calvino, 1934, 212 p., il. HORCADES, Alvim Martins. Descrição de uma viagem a Canudos. Salvador: EDUFBA. 2a. edição 1996 Arinos de Belém. História de Antônio Conselheiro - Campanha de Canudos. Belém, Casa Editora de Francisco Lopes, 1940. CUNHA, Euclides. Os Sertões - Campanha de Canudos. 1ª edição: Rio de Janeiro, Laemmert, 1902. BOMBINHO, Manuel das Dores. Canudos, história em versos. São Paulo: Hedra, Imprensa Oficial do Estado e Editora da Universidade Federal de São Carlos, 2a. edição, 2002 BENÍCIO, Manoel. O Rei dos Jagunços. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas. 2a. edição, 1997 MACEDO SOARES, Henrique Duque-Estrada de. A Guerra de Canudos.Rio de Janeiro: Typ. Altiva, 1902 CUNNINGHAME GRAHAM, R. B. A Brazilian Mystic. Dial Press, 1919. MARCHAL, Lucien. Le Mage du Sertão. Paris, 1952 LLOSA, Mario Vargas. La guerra del fin del mundo. Barcelona: Seix Barral, 1981 Wikipédia, a enciclopédia livre

  41. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Seus estudos das epidemias psíquicas, o beribéri de tremeliques ou caruara, em São Luís (MA) e Salvador (BA) (Nina Rodrigues, 2003), assim como a loucura epidêmica de Canudos (Nina Rodrigues, 2000), expressam a sua percepção aguda de como crenças poderosas podem atuar sobre um terreno fértil de populações vulneráveis ao contágio imitativo.

  42. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • Para ele, a religiosidade das classes populares no Brasil revelava um caráter híbrido, no qual uma casca de catolicismo monoteísta europeu encobria crenças mais bem fetichistas, politeístas e animistas. Tal perfil, em contexto sociopolítico de mudanças rápidas, aumentaria as tensões sociais e facilitaria a propagação das epidemias de loucura coletiva.

  43. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • Um indivíduo acometido por doença mental grave, como era o caso de Antonio Conselheiro (acometido por delírio crônico de Magnan, segundo Nina Rodrigues), atuando em uma massa de pobres, mestiços, sugestionáveis e desequilibrados, em momento histórico conturbado, poderia desencadear previsivelmente fenômenos histéricos, neurastênicos e místicos de grandes proporções.

  44. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • Apesar das indiscutíveis ressalvas ao viés racista e psiquiátrico de sua obra, deve-se reconhecer que Nina Rodrigues descreveu laboriosamente a riqueza cultural das manifestações dos cultos fetichistas, assim como a importância dessas manifestações para a expressão de conflitos e necessidades.

  45. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • O primeiro psiquiatra paulista, Franco da Rocha (1919), apresentou o tema "Do delírio em geral", no Curso de Clínica Psiquiátrica na Faculdade de Medicina de São Paulo. Ele terminou essa aula salientando a grande importância do delírio das multidões, que seria produzido por indução e comunicação afetiva nas massas populares.

  46. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • Certamente ainda impressionado pela tragédia de Canudos, Franco da Rocha relatou um episódio de loucura coletiva religiosa na pequena São Luiz do Paraitinga (SP): "Um rudimento de loucura coletiva deu-se, há bem pouco tempo, em S. Luiz do Paraitinga, onde a epidemia religiosa foi jugulada no nascedouro pelo bom senso do governo.

  47. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SULHOSPITAL UNIVERSITÁRIOCURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS Foram elementos iniciais uma histérica com crises catalépticas e uma boa dose de embusteirice ao redor desse fenômeno; o resto coube ao misticismo , (à sede de milagres) existente sempre em certas camadas da sociedade. Não tomasse o governo tão importantes medidas e a epidemia seguiria seu curso, como tantas outras já registradas entre nós, no Rio Grande do Sul, na Bahia, em Taubaté (SP) etc.

  48. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • Em uma perspectiva inicialmente mais psicopatológica (e mais etnológica, anos depois), Osório Cesar interessou-se profundamente tanto pela arte produzida pelos alienados dos hospícios como pelas manifestações religiosas e culturais dessa população.

  49. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • Em 1924, no primeiro artigo sobre arte produzida por alienados no Brasil, ele relata detalhadamente o caso de um doente negro, de 32 anos, soldado da polícia, católico, que havia sido internado, pois movido por intensa atividade delirante, assassinou sua mulher a machadadas. Esse homem que se comunicava com os "poderes espirituais do espaço" demonstrava um prazer especial e uma habilidade incrível em produzir esculturas originais e muito expressivas.

  50. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CURSO DE EXTENSÃO EM CAPELANIA HOSPITALAR UFMS • Anos mais tarde, César (1939) publicou um livro inteiramente dedicado a aspectos religiosos relacionados à doença mental, intitulado Misticismo e Loucura. Nesse trabalho, o psiquiatra paulista faz, nos primeiros capítulos, uma análise etnopsicológica do caráter religioso dos brasileiros, sobretudo de negros e mestiços.

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